A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele e das articulações que apresenta agudizações, sendo considerada uma das causas mais comuns de eritrodermia.
Além disso, é uma doença imunomediada e que apresenta bases e grande polimorfismo clínico, acometendo 2% da população mundial.
Quais os fatores de risco da psoríase?
Ambos os sexos são acometidos igualmente nesta doença. Entretanto, a psoríase possui fatores desencadeantes como traumatismo, infecções - principalmente por estreptococo – e fatores emocionais.
Assim como o uso de medicamentos (lítio, corticoides orais, antimaláricos, interferon, bloqueadores beta-adrenérgicos), álcool e tabaco. Além disso, é frequentemente associada a síndromes metabólicas.
Fisiopatologia da psoríase
A principal teoria, atualmente, é de que a doença é imunomediada por células T. Isso porque, foi descoberto que medicamentos com potencial de diminuir a atividade de células T, como a ciclosporina, melhoravam o quadro dos pacientes.
Entretanto, apesar da psoríase ser considerada uma doença autoimune, nenhum autoantígeno verdadeiro foi definitivamente identificado.
Assim, sugere-se que a doença acomete indivíduos geneticamente mais propensos, que foram expostos a fatores ambientais favoráveis, como algumas infecções virais.
Por fim, no âmbito histológico, são observados a presença de hiperqueratose, paraqueratose e acantose da epiderme.
E mais, vasos dilatados e tortuosos e infiltrado inflamatório, composto principalmente por linfócitos.
Quais os sintomas da psoríase na pele?
As lesões psoriáticas são eritematodescamativas, com descamações “prateadas” características.
O contorno delas costuma ser circular, oval ou policíclico (lesão decorrente de várias unidades menores). Observe a imagem abaixo.
Durante a inspeção das lesões, pode ser evidenciado o sinal de Auspitz, observável quando a membrana descamada é removida, evidenciando superfície úmida com sangramento diminuto característico.
Também é possível observar o fenômeno de Koebner em 25% dos pacientes com psoríase, sendo ele caracterizado pelo aparecimento de lesões psoriáticas em locais que sofreram algum tipo de lesão.
O paciente pode ser inicialmente “negativo para Koebner” e, futuramente, torna-se “positivo para Koebner”. Esse fenômeno sugere que a psoríase seja uma doença sistêmica, podendo ser desencadeada em âmbito local (pele).
Por fim, o tempo decorrido entre o trauma e o aparecimento de lesões psoriáticas varia entre 2 a 6 semanas.
Para mais, aproximadamente 80% dos pacientes apresentam alterações nas unhas. E ainda, entre 5 e 30% dos pacientes com o problema são também acometidos pela artrite psoriática.
Quais são os tipos?
Existem diversos tipos de psoríase, dentre eles: a vulgar - subdivida em vulgar em placas e vulgar em gotas - a invertida, palmoplantar e a eritrodérmica.
E ainda, a pustulosa, que é subdivida em mãos e pés e generalizada.
Psoríase crônica em placas
É a variante mais comum da psoríase vulgar, acometendo até 90% dos pacientes.
Ela é caracterizada pela presença das placas eritematosas e da descamação lamelar característica, localizado em áreas de trauma, como cotovelos, joelhos, couro cabeludo e área pré-sacral.
Para mais, a genitália é acometida em 45% dos pacientes, e as placas tendem a persistir por meses a anos no mesmo local.
Entretanto, é característico da psoríase crônica em placas períodos de remissão completa.
Psoríase gutata
Ela é mais frequentemente observada em crianças e adolescentes, sendo comumente precedida por infecção respiratória estreptocócica do trato respiratório superior.
Mais de 50% desses pacientes apresentam anticorpos como a antiestreptolisina O e a anti-DNAse B elevados, indicando uma infecção estreptocócica recente.
Para mais, essa dermatose provoca aparecimento de lesões em forma de gotas. Essas são maiores de 1 cm, arredondadas e disseminadas, principalmente na região do tronco.
Psoríase pustulosa
A psoríase pustulosa pode ser classificada em de mãos e pés ou generalizada.
Psoríase pustulosa de mãos e pés
Apresenta lesões vesiculopustulares nas palmas e plantas, mesclado com máculas amarelo-amarronzadas, ocorrendo em surtos.
Além disso, as pústulas permanecem localizadas nessas regiões e têm curso crônico. É uma das entidades mais associadas com lesões inflamatórias nos ossos.
Para mais, quando a lesão acomete os dedos, é denominada acrodermatite de Hallopeau.
Psoríase pustulosa generalizada
Esse tipo de dermatose caracteriza-se por base eritematosa em grupos de pequenas pústulas estéreis por todo o segmento cutâneo.
É considerada uma manifestação incomum da doença. No entanto, tem como fatores desencadeantes a gravidez, a redução abrupta do uso de corticosteroides, a hipocalcemia e infecções.
Para mais, durante a gravidez também é denominada impetigo herpetiforme.
Psoríase eritrodérmica
A psoríase eritrodérmica é caracterizada pelo eritema generalizado em grande parte da superfície corpórea e descamação.
É uma manifestação menos frequente, que pode surgir de forma gradual ou aguda.
Apesar de haver muitas causas de eritrodermia, é característico dessa manifestação a presença de placas psoriáticas prévias em locais clássicos, bem como a mudança nas unhas. Além disso, a face é poupada.
Psoríase invertida
Psoríase invertida. Há predominância do eritema em relação à descamação, devido a essa ser uma região de sudorese, que diminui a presença dessa. Fonte: Saudeebemestar.pt
Apresenta pouca ou nenhuma descamação e acomete principalmente regiões intertriginosas.
Como diagnosticar a psoríase?
O diagnóstico é clínico e anatomopatológico. Além disso, são importantes diagnósticos diferenciais a erupções medicamentosas, sífilis, líquen plano e o líquen simples crônico.
Tratamento da psoríase
Até o momento, nenhum medicamento demonstrou curar a doença. Por isso, é aconselhável a orientação psicológica para o paciente e familiares.
Para mais, o tratamento varia de acordo com as manifestações da doença e, comumente, os pacientes necessitam de mais de uma medicação.
Estão disponíveis para o tratamento tópico da psoríase os análogos da vitamina D3.
Quando tem apresentação em placas, pode-se utilizar os corticosteróides tópicos ou intralesionais potentes, bem como o calcipotriol, o tacrolimus e o pimecrolimo.
Já quando é generalizada, são opções o metotrexato sistêmico e a foto(quimio)terapia.
Essa última é considerada o pilar do tratamento da psoríase moderada a grave, sendo a fototerapia com ultravioleta B (UVB) e ultravioleta A (UVA) após ingestão ou aplicação tópica de psoraleno opções terapêuticas.
Conclusão
A psoríase é uma doença comum, que afeta uma parcela expressiva da população e é responsável por desconforto significativo por parte do paciente e familiares.
Dessa forma, saber reconhecer a lesão, bem como seu tratamento, é fundamental na sua prática clínica e para as provas de residência!
Leia mais:
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FONTES:
- BOLOGNIA, J. L. Dermatologia. 3ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
- NETO, C. F. N., REIS, V. M. S. Manual de Dermatologia. 5ª edição. Barueri: Manole, 2019.