A tricomoníase é uma doença infecciosa causada pelo protozoário flagelado unicelular Trichomonas vaginalis. Sendo mais frequente em mulheres, visto que nos homens a maioria dos casos é assintomático. Ademais, os seres humanos são o seu único hospedeiro, e sua transmissão ocorre através da relação sexual desprotegida.
Quadro clínico
O quadro clínico característico é o corrimento vaginal intenso, normalmente amarelo-esverdeado, principal motivo de consulta das mulheres infectadas. Entretanto, o corrimento também pode ser bolhoso e espumoso, acompanhado de odor fétido que lembra um “peixe cru”.
O prurido pode estar presente, normalmente, ocorrendo devido a uma reação alérgica à infecção pelo protozoário. Nesse caso, quando a inflamação é intensa, pode provocar sinusiorragia (sangramento vaginal após relação sexual) e dispareunia (dor durante a relação sexual).
E ainda, edema vulvar e disúria também podem estar presentes. No exame especular, pode ser possível visualizar microulcerações no colo uterino, caracterizando o “colo em framboesa” ou “colo em morango”.
O teste de Schiller, realizado com a aplicação de solução de iodo no colo uterino, pode ter aspecto “tigróide”. Além disso, devido aos transudatos inflamatórios, há uma elevação do pH vaginal, facilitando a proliferação de bactérias patogênicas. Por isso, pode-se estabelecer, concomitantemente a tricomoníase, a vaginose bacteriana.
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Diagnóstico
O diagnóstico é baseado na história clínica do paciente e nos achados do exame especular. Entretanto, o exame a fresco, quando disponível, é um recurso muito útil para o diagnóstico da tricomoníase. Nele, é possível observar o parasita no microscópio movimentando-se e grande número de leucócitos. Além disso, o pH quase sempre é maior do que 5 e o teste das aminas (aplicação de KOH no muco cervical) é positivo.
A tricomoníase raramente cursa com maiores complicações. Contudo, pode facilitar o surgimento da Doença Inflamatória Pélvica (DIP) e, como citado anteriormente, a vaginose bacteriana (VB). Em gestantes, também pode provocar uma ruptura prematura das membranas.
Tratamento
A droga de primeira escolha para tratar a tricomoníase é o metronidazol, com 5 comprimidos de 400mg em dose única. Assim, a dose total é de 2g. Para mais, os parceiros sexuais devem ser rastreados e tratados, evitando-se o consumo de álcool e suspendendo-se as relações sexuais durante o tratamento.
Em gestantes, a terapêutica de escolha é a mesma citada acima. Nelas, o antimicrobiano é fundamental para evitar complicações na mulher e doenças respiratórias e genitais no recém-nascido.
Por vezes, não é possível fazer o diagnóstico diferencial entre a tricomoníase e a vaginose bacteriana. Nesses casos, opta-se pelo esquema terapêutico com metronidazol, 250mg em dois comprimidos, via oral, por 7 dias. Assim, ambas as doenças serão tratadas.
Fonte:
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST). Brasília, DF, 2020