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Publicado em
31/3/25

HPV: sintomas e tratamento essenciais para a prática médica

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HPV: sintomas e tratamento essenciais para a prática médica

vírus do Papiloma Humano(HPV) é o agente da infecção viral sexualmente transmissível mais prevalente no mundo. Isso porque cerca de 80% dos indivíduos sexualmente ativos irão se contaminar com o vírus do HPV em algum momento da vida, mas na maioria deles a infecção será assintomática e não causará prejuízos.

Além disso, o pico de incidência se dá em pacientes jovens, especialmente mulheres, entre 15 e 19 anos. Entretanto, após os 50 anos, há um novo pico de incidência, provavelmente por novos parceiros sexuais e uma menor resposta imunológica nesse público. Os tipos do patógeno, bem como sua importância na evolução para o câncer, serão discutidos a seguir.

HPV na prática médica: conceitos essenciais para a residência

O Papilomavírus Humano (HPV) é um agente responsável por diversas lesões e neoplasias, afetando principalmente a pele e as mucosas. Ele pode ser classificado em três categorias principais: cutâneo, que afeta a pele e causa verrugas superficiais; mucoso ou anogenital, associado a verrugas genitais e lesões pré-cancerosas; e epidermodisplasia verruciforme, uma condição rara que predispõe a infecções crônicas e câncer de pele.

O vírus pode ser dividido em subtipos. Os de baixo risco, como 6 e 11, geralmente causam verrugas e lesões benignas, enquanto os de alto risco, como 16 e 18, estão associados ao desenvolvimento de cânceres agressivos. No entanto, o HPV, por si só, não é suficiente para causar a doença. Fatores como tabagismo, deficiência de folato, exposição UV, imunossupressão e gravidez podem atuar como gatilhos para que a infecção evolua para um estágio maligno.

Como o papilomavírus humano infecta e se transmite?

O HPV pertence à família Papillomaviridae. Ele infecta as células basais do epitélio por meio de pequenas lesões na pele ou mucosas, podendo permanecer latente mesmo antes de integrar-se ao DNA do hospedeiro. Conforme as células infectadas amadurecem, proteínas regulam a transição para a fase tardia da infecção, aumentando a produção de novos vírus, o que se manifesta clinicamente como lesões espessas e hipertróficas, como verrugas comuns.

Fatores de risco

Os principais fatores de risco para infecção pelo HPV incluem atividade sexual precoce, múltiplos parceiros, tabagismo, uso prolongado de anticoncepcionais orais e exposição à radiação ou luz ultravioleta. O meio de transmissão é o contato direto com áreas afetadas, sendo o principal exemplo a atividade sexual sem preservativo.

Sintomas de HPV em homens e mulheres: diferenças clínicas que todo médico deve conhecer

O quadro clínico da infecção por HPV varia dependendo da área afetada e do tipo de lesão. A infecção pode ser assintomática, subclínica ou evidente, dependendo da resposta imunológica e do subtipo viral

Sintomas na infecção evidente

No quadro evidente, destacam-se as verrugas cutâneas, também chamadas de verrugas vulgaris, as quais aparecem em mãos, pés e joelhos, podendo ser dolorosas. Verrugas plantares podem ter pontos negros e causar dor em áreas de pressão.

Verruga Vulgaris. Fonte: Pronto pele
Verruga Vulgaris. Fonte: Pronto pele

Já as verrugas anogenitais apresentam-se como lesões exofíticas ou papulares mais planas e duras, afetando vulva, área perianal e pênis, sendo chamado de condiloma acuminado. No sexo feminino, o HPV pode causar lesões cervicais, muitas vezes assintomáticas, que são detectadas por exames como o Papanicolau. Essas lesões de baixo grau podem evoluir para câncer cervical. O uso de ácido acético deve ser utilizado durante a colposcopia para evidenciar áreas suspeitas.

Lesão de colo de útero causado pelo HPV, desde baixo grau ao câncer. Fonte: INCA

Nos casos mais avançados, o câncer cervical pode se manifestar com sangramentos intermenstruais, dor pélvica e sangramento pós-coito. Outra forma rara de câncer associada ao HPV é o tumor de Buschke-Löwenstein, uma lesão de crescimento lento e invasivo que pode ocorrer na glande, região perianal ou prepúcio.

Tumor de Buschke-Löwenstein em glande. Fonte: Springer
Tumor de Buschke-Löwenstein em glande. Fonte: Springer

Por fim, o carcinoma espinocelular anal, frequentemente relacionado à infecção persistente pelo vírus, ocorre principalmente em indivíduos imunossuprimidos e homens que fazem sexo com homens, e seus sintomas incluem sangramento retal, sensação de massa anal e dor, podendo ser confundidos com hemorroidas.

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Diagnóstico: exames e métodos mais precisos para identificação

O diagnóstico do HPV varia de acordo com a localização da infecção e a presença de sintomas, sendo muitas vezes clínico, mas podendo envolver exames laboratoriais e de imagem. Para verrugas cutâneas, genitais externas e orofaríngeas, a inspeção visual geralmente é suficiente, podendo ser complementada com a aplicação de ácido acético de 3% a 5%, que torna as áreas infectadas esbranquiçadas

O rastreamento do vírus no colo do útero é a base da prevenção do câncer cervical. O exame de Papanicolau detecta células anormais que podem indicar infecção pelo papilomavírus ou displasia. Além disso, o teste de HPV é recomendado principalmente para mulheres a partir dos 30 anos, pois identifica a presença dos subtipos de alto risco. Quando há achados suspeitos, a colposcopia é feita com a aplicação de ácido acético para boa visualização e é possível a biópsia de áreas suspeitas.

RASTREIO DE CÂNCER DE COLO DE ÚTERO
Período Mulheres dos 25 aos 64 anos (desde que iniciada a vida sexual).
Esquema Realizar anualmente por dois anos seguidos e, caso sem alterações, realizar a cada 3 anos.
Método Citopatológico com coleta dupla (endo e ectocérvice).

Quanto aos exames laboratoriais, o ELISA pode detectar anticorpos contra proteínas do capsídeo do patógeno, como o subtipo 16. Já a genotipagem permite identificar os subtipos 16 e 18, que possuem maior potencial oncogênico. Pacientes diagnosticados com condilomas acuminados devem ser testados para outras infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia, herpes, hepatites B e C, clamídia e HIV, pois a infecção pelo HPV pode coexistir com essas doenças. 

Tratamento do HPV: como manejar verrugas genitais e lesões de alto risco?

O tratamento do HPV varia de acordo com o tipo de lesão, sua localização, o estado imunológico do paciente e o risco de progressão para câncer. Como não existe um tratamento curativo que elimine completamente o vírus, o objetivo das abordagens terapêuticas é remover as lesões, aliviar os sintomas e prevenir complicações.

Tratamento das verrugas cutâneas

As verrugas cutâneas, como as vulgares e plantares, podem desaparecer espontaneamente devido à resposta imunológica do organismo. No entanto, se causarem desconforto estético ou dor, podem ser tratadas com crioterapia, excisão cirúrgica, laserterapia ou ácido salicílico. Além disso, substâncias imunomoduladoras, como o Imiquimod, podem ser aplicadas para estimular o sistema imune a combater a infecção. 

Tratamento das verrugas anogenitais

Já as verrugas anogenitais podem regredir espontaneamente, permanecer estáveis ou aumentar em número e tamanho. O tratamento é indicado para reduzir sintomas, melhorar o bem-estar do paciente e minimizar a transmissão. Entre as opções terapêuticas estão os métodos de crioterapia, eletrocauterização, excisão cirúrgica, ácido tricloroacético e a podofilina. Além disso, há as terapias imunomoduladoras com o Imiquimode e o uso de interferon em casos mais resistentes.

Tratamento das lesões cervicais

No caso das lesões cervicais, muitas podem regredir espontaneamente, especialmente em mulheres jovens e saudáveis. O acompanhamento é essencial e inclui exames de Papanicolau, teste de HPV e colposcopia com biópsia para avaliação de lesões suspeitas. 

Quando há displasia cervical persistente ou de alto grau, os tratamentos incluem crioterapia, excisão por LEEP (Procedimento de Excisão com Alça de Eletrocautério) ou conização, que remove parte do colo do útero. Em casos mais avançados, quando há progressão para câncer cervical, pode ser necessária a realização de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. 

Em casos de câncer, seja ele cervical, peniana ou anorretal, diversas terapias podem e devem ser empregadas, incluindo quimioterapia, radioterapia e abordagem cirúrgica dos tumores.

LEEP na conização de colo de útero com lesão pré-maligna por HPM. Fonte: Blog Saúde da Mulher
LEEP na conização de colo de útero com lesão pré-maligna por HPM. Fonte: Blog Saúde da Mulher

As lesões orais e orofaríngeas, como as verrugas na boca e na laringe, podem exigir remoção cirúrgica caso afetem a respiração ou a fala. Além da excisão cirúrgica, a terapia a laser pode ser uma alternativa para pacientes com recorrência frequente. Indivíduos imunossuprimidos têm maior risco de recorrência e podem precisar de acompanhamento contínuo.

Prevenção 

A prevenção do HPV através da vacinação já está bem estabelecida no Calendário Vacinal do Ministério da Saúde. A versão disponibilizada pelo SUS cobre os sorotipos 6, 11, 16 e 18. Veja abaixo o esquema preconizado:

ESQUEMA VACINAL DO HPV
Meninos e Meninas dos 9 aos 14 anos Dose Única
Vítimas de violência sexual entre 9 e 45 anos Nove a 14 anos: duas doses;

A partir de 15 anos: três doses, com intervalos de dois meses entre a primeira e a segunda dose, e de seis meses entre a primeira e a terceira doses (esquema 0 - 2 – 6 meses);

Pessoas com esquema incompleto deverão completá-lo
Pessoas com papilomatose recorrente a partir de 2 anos de idade Três doses (esquema 0 - 2 – 6 meses)
Pessoas até 45 anos nas seguintes condições
convivendo com HIV/Aids

pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia

transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea, com imunodeficiência primária

erro inato da imunidade
Três doses (0 – 2 – 6 meses), independentemente da idade.
Usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) para o HIV não vacinados de 15 a 45 anos Três doses (0 – 2 – 6 meses). Pessoas com esquemas incompletos deverão completar esquema de três doses.

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