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Publicado em
17/1/22

Infecção do Trato Respiratório Superior: Principais Sintomas e Como Fazer o Diagnóstico

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Infecção do Trato Respiratório Superior: Principais Sintomas e Como Fazer o Diagnóstico

As Infecções do Trato Respiratório Superior são consideradas as mais comuns. Elas são causadas em sua maioria por vírus, do tipo influenza tipos A e B, vírus sinciciais respiratórios (VSR), o metapneumovírus humano, adenovírus e rinovírus.

No entanto, também podem ser causadas por bactérias, como a faringite bacteriana, causada pelo Streptococcus pyogenes (grupo A).

A maior circulação desses micro-organismos ocorre no inverno, já que as temperaturas estão mais baixas e as pessoas têm a tendência a ficarem em lugares fechados.

Assim, essas infecções costumam ser contagiosas e são mais incidentes em idosos e em crianças.

A apresentação dos sintomas das manifestações infecciosas é bastante parecida e o tratamento costuma se resumir ao aumento da ingestão líquida, a fim de manter o corpo hidratado, e repouso.

O que é infecção do trato respiratório superior?


Trato respiratório superior

Fonte: anatomia online

Essas infecções são aquelas que acometem qualquer região do trato respiratório superior e são consideradas leves. Contudo, se não tratadas da maneira correta podem se tornar graves e levar à morte.

Cerca de 90% dos casos são causadas por vírus, mas também podem ser desencadeados por bactérias e outros micro-organismos.

Fazem parte das vias aéreas superiores: nariz, faringe, epiglote, laringe e parte superiores da traqueia e das vias aéreas inferiores: pulmões, brônquios, bronquíolos e alvéolos pulmonares. Todos eles formam o sistema respiratório

Quais são as possíveis infecções do trato respiratório superior?

As infecções do trato respiratório superior mais comuns são:

Rinite

A rinite é uma infecção que ocorre na cavidade nasal, e pode ser infecciosa ou alérgica. Quando ocorre de maneira recorrente pode resultar na rinite crônica e desencadear complicações, como por exemplo a sinusite.

Na primeira, os agentes causadores mais comuns podem ser os adenovírus, os ecovírus ou os rinovírus, responsáveis por provocar uma descarga catarral.

O paciente apresenta mucosa nasal avermelhada, espessada e edematosa; as cavidades nasais estreitas e as conchas nasais aumentadas, sintomas que duram uma semana.

Já a rinite alérgica é considerada uma reação do sistema imunológico - intermediada pela imunoglobulina E (IgE) - a algum fator externo. Por isso, tem como gatilho os alérgenos (ácaros, pelo de animais, fungos).

Ela está entre as doenças respiratórias mais comuns e provoca sintomas como: edema acentuado da mucosa, enantema e secreção de muco. Todos eles acompanhados por uma infiltração de leucócitos, principalmente por eosinófilos.

Os sintomas podem durar menos de quatro dias por semana ou menos de quatro semanas no ano, figurando a rinite intermitente (sazonal).

Em alguns casos, podem estar presentes mais de quatro dias na semana e por mais de quatro semanas no ano, sendo a enfermidade classificada como persistente.

Quando as crises da rinite infecciosa ou alérgica passam a ser periódicas temos a rinite crônica, que leva ao desenvolvimento de uma sobreposição de infecções bacterianas.

Isso porque, o desvio do septo nasal ou pólipos nasais impedem a drenagem dos seios nasais, fato que contribui para o acometimento pelos patógenos.

Normalmente, os pacientes apresentam descamação ou ulceração superficial do epitélio da mucosa e um infiltrado inflamatório variável com neutrófilos, linfócitos e plasmócitos sob o epitélio. Algumas vezes, a infecção pode se estender para os seios da face.

Sinusite

Inflamação dos seios nasais pode causar obstrução nasal

Fonte: OPAS/OMS

Esta é uma infecção do trato respiratório superior, causada comumente pela forma não encapsulada do Haemophilus influenzae, que é menos virulenta e também pode causar otite média e broncopneumonia.

Aqui existe o acometimento dos seios da face, de ossos ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos.

A sinusite causa um edema inflamatório da mucosa, o que leva a drenagem insuficiente de muco do seio da face, que é mais comum nos seios frontais, do que nos seios etmoidais anteriores.

Vale salientar que, geralmente, essa obstrução parcial pode resultar no acúmulo de muco, a chamada mucocele.

Na sinusite aguda, o paciente pode cursar com dor de cabeça na área do seio da face, podendo ser descrita como pulsátil, em pontada, sensação de pressão ou peso na cabeça. Ela também pode ser forte.

Em alguns casos, pode haver obstrução nasal e a secreção pode ser amarelada ou esverdeada, causando dificuldades na respiração.

Outros sintomas que costumam estar presentes são: febre, tosse, coriza, perda de apetite e dores musculares.

Na sinusite crônica, as manifestações clínicas supracitadas possuem intensidade variável; a febre e a dor nos seios da face podem não aparecer e a tosse, normalmente, é o sintoma mais proeminente.

Assim, ela costuma aparecer a noite e aumenta de intensidade quando o indivíduo se deita, já que a secreção escorre pelas partes posterior das fossas nasais e irrita as vias aéreas.

Durante a manhã, ao levantar-se, também podem ocorrer esses acessos de tosse, que diminuem de intensidade e podem chegar a desaparecer ao longo do dia.

A inflamação possui uma sintomatologia desconfortável, mas não grave. No entanto, ela pode se tornar grave se penetrar na órbita ou penetrar ossos adjacentes, desencadeando a osteomielite.

Ou ainda, invadir a abóbada craniana e causar tromboflebite séptica dos seios venosos durais.

Resfriado

O resfriado é comumente causado pelo rinovírus e tem como principal foco a garganta e o nariz, provocando irritação e coceira, respectivamente.

É considerada uma doença leve, caracterizada por espirros, coriza, congestão nasal, sono e mal-estar.

Diferentemente da gripe, a febre pode não estar presente ou quando presente, é baixa. É possível que os sintomas durem uma semana, podendo chegar até a duas semanas, em 25% dos casos.

A tosse também é bastante característica do resfriado, tornando- se a principal apresentação clínica a partir do quarto ou quinto dia.

Faringite e amigdalite

Inflamação nas amígdalas


Fonte: UFMG

As duas infecções atingem regiões diferentes das vias aéreas superiores, mas podem ser causadas pelos mesmos agentes infecciosos, apresentando os mesmos sintomas. Por estarem próximas, pode haver uma coinfecção.

A faringite é a inflamação da faringe, e, assim como a amigdalite (inflamação das amígdalas), pode ser causada por vírus (parainfluenza, rinovírus, ecovírus e adenovírus) ou por bactérias (estreptococos β‑hemolíticos, Staphylococcus pneumoniae).

Outros agentes como o VSR e as várias cepas do vírus da influenza também podem estar envolvidos, mas são menos frequentes.

A principal apresentação clínica das duas doenças é a inflamação da garganta. Na amigdalite a dor para engolir é maior e o paciente também apresenta febre e mal-estar.

Já na faringite a dor ao engolir é menor, já que ela é mais leve. Além disso, não há febre, a tosse tem secreção e pode haver disfonia. Esta inflamação está bastante associada ao resfriado comum.

A amigdalite bacteriana, frequentemente, se diferencia da viral por causa da presença de pus na orofaringe.

A inflamação da garganta embora pareça algo simples, quando causadas por estreptococos podem evoluir para febre reumática ou glomerulonefrite, se não tratadas corretamente.  

Por isso, a faringite estreptocócica, é o principal fator que antecede a glomerulonefrite pós‑estreptocócica.

Sendo caracterizada por edema, tumefação da epiglote e abscessos puntiformes nas criptas tonsilares, algumas vezes acompanhados por linfadenopatia cervical.

Vale salientar que, o indivíduo pode ser acometido por vírus e bactérias ao mesmo tempo ou as infecções bacterianas podem ser primárias.

Epiglotite

A epiglotite é uma infecção bacteriana que atinge a epiglote. A principal causa da enfermidade era a bactéria Haemophilus influenzae tipo B, mas, com a administração da vacina pentavalente outros patógenos passaram a ser responsáveis.

Por esse motivo ela deixou de ser frequente nas crianças, sendo mais comum em adultos. A sintomatologia para os dois grupos é bastante similar: dor de garganta, febre e dificuldade para engolir.

Além de dor na deglutição e sialorréia (quando o indivíduo baba). A grande diferença está no tempo desenvolvimento deles, enquanto nos adultos os sintomas levam mais de 24 horas para evoluir, nas crianças o desenvolvimento é súbito.

Desse modo, existe a possibilidade de a inflamação obstruir as vias respiratórias e causar o óbito do paciente.  

Esse bloqueio nos adultos é menos comum e menos súbito, já que as vias aéreas são maiores. Ainda assim, com o diagnóstico e o tratamento tardios a obstrução também pode ser fatal.

Ademais, a aparência da garganta é normal, embora a dor no local seja intensa. Esse fator pode ser o diferencial para identificar a epiglotite.

Laringite

Os agentes infecciosos da laringite viral podem ser o influenza, parainfluenza e o adenovírus. Assim como toda a infecção do trato respiratório superior, ela também pode ser de origem bacteriana.

Ou ainda, pode ser causada por insultos alérgicos ou químicos, desencadeando sintomas como a rouquidão e a dificuldade em falar.

Ademais, o indivíduo sente dor ao tossir e ao tentar remover as secreções das vias aéreas. A faringite pode estar presente aqui.

Embora seja autolimitada, ela pode se tornar grave, sobretudo na infância ou adolescência. Isso porque, a congestão da mucosa, a exsudação ou edema podem causar a obstrução da laringe.

Ainda nessa fase, a laringoepiglotite, quando a infecção atinge a laringe e a epiglote, pode representar uma emergência médica com o surgimento de um edema de epiglote e pregas vocais.

Ela pode ser causada pelo vírus sincicial respiratório, Haemophilus influenzae, ou estreptococos do grupo β‑hemolítico

Sendo essa forma pouco comum nos adultos, porque a laringe é maior e os músculos acessórios da respiração são mais fortes.

Laringotraqueíte aguda

Conhecida como crupe, a laringotraqueíte aguda ocorre em crianças entre 3 meses e 3 anos, com uma maior incidência aos 2 anos. Sendo ela caracterizada por um edema subglótico.

Os sintomas (rouquidão, tosse intensa e estridor inspiratório) se desenvolvem de maneira aguda e podem vir acompanhados de febre, taquipnéia e sibilância.  

O estreitamento inflamatório das vias aéreas produz um ruído respiratório típico (estridor). A inflamação tem como principal ator o vírus da parainfluenza do tipo 1 a 3.

Contudo, é possível que outros agentes etiológicos sejam responsáveis pelo crupe, são eles: o vírus da influenza e o VSR. E mais, o adenovírus, rinovírus e o enterovírus, que são menos frequentes.

Para mais, esta é a forma mais comum entre os tabagistas intensos, que ficam predispostos à metaplasia epitelial escamosa e, menos frequentemente, ao surgimento de um carcinoma.

Traqueíte

Não é muito comum de ser relacionada às infecções do trato respiratório superior, mas quando ocorre na parte superior da traqueia, pode ser considerada assim.

A traqueíte bacteriana é considerada uma condição grave que pode ser causada por Staphylococcus aureus ou streptococcus, e afeta crianças de qualquer idade.

A inflamação ocorre como complicação do crupe ou de intubação endotraqueal.  

Ela se desenvolve subitamente e os pacientes têm como apresentação clínica um som estridente e alto (estridor) quando a criança inspira, febre alta e, frequentemente, secreções cheias de pus.

Quais os sintomas das infecções do trato respiratório superior?

Sintomas das infecções do trato respiratório superior

De maneira geral, os sintomas mais comuns a todas as infecções do trato respiratório superior são:

  • Coriza;
  • Dor de garganta;
  • Tosse;
  • Dispneia;
  • Letargia;
  • Secreção nasal;
  • Dor de cabeça leve ou intensa;
  • Dores musculares;
  • Espirros; e
  • Febre.

Também existem outros sintomas que são menos comuns, mas podem se manifestar. São eles:

  • Mau hálito;
  • Coceira nos olhos;
  • Vômito; e
  • Diarreia.

Como fazer o diagnóstico das infecções do trato respiratório superior?

Em geral, como as infecções do trato respiratório superior costumam cursar sem gravidade, apenas a avaliação clínica é suficiente para fazer o diagnóstico.

Então o médico faz a anamnese para identificar quais os sintomas e, também, realiza o exame físico como a observação da faringe.

A identificação do agente causador da doença só é necessária quando o quadro clínico apresentar alguma gravidade ou sinais de imunossupressão.

Assim, são utilizados métodos laboratoriais como a cultura viral, a detecção de antígeno e ácido nucléico para identificar os vírus.

Para algumas outras doenças respiratórias virais, a sorologia também é uma opção, bem como os testes rápidos utilizando amostras das secreções respiratórias.

No caso das infecções bacterianas é preciso identificar qual o agente causador, então o teste rápido e a cultura devem ser utilizados para isso.

A videolaringoscopia pode ser utilizada para confirmar o diagnóstico de laringite, por exemplo.

Quais os tratamentos para as infecções do trato respiratório superior?

Tratamentos para as infecções do trato respiratório superior

O tratamento, geralmente, é de suporte. Sendo assim, ele é voltado para tratar a sintomatologia com analgésicos, antitérmicos, descongestionantes nasais e anti-inflamatórios.

Nos casos das infecções bacterianas, quando identificado o patógeno, deve-se iniciar a terapêutica com o antibiótico específico.

Na amigdalite, por exemplo, quando a terapêutica não é eficaz ou quando o quadro clínico se repete muitas vezes no ano é preciso fazer a remoção cirúrgica das amígdalas.

Já a sinusite passa a ter indicação cirúrgica quando se torna crônica e dificulta a respiração do indivíduo. Então ela é utilizada para aumentar os espaços entre a fossa nasal e os seios da face.

Além disso, o indivíduo também precisa manter o corpo hidratado, para repor os fluidos perdidos e tentar eliminar a infecção mais rápido.

A hidratação também age na fluidificação do muco, diminuindo a dificuldade de respirar, já que ele vai se tornar menos espesso. Dessa forma, o nariz entupido vai se transformar num nariz escorrendo.

Quando falamos especificamente da laringite descansar a voz, tomar calmante para a tosse e fazer inalações de vapor também fazem parte do tratamento.

Conclusão

As infecções do trato respiratório superior possuem muitos aspectos em comum, mas também se diferenciam em muitos outros aspectos.

A febre pode estar presente ou não, em diferentes intensidades, assim como a dor de cabeça. Em geral, são autolimitadas e não apresentam gravidade, mas em alguns casos podem levar à morte.

O diagnóstico, frequentemente, é clínico e o paciente pode ficar se tratando em casa. Por isso, saber identificar a apresentação clínica de cada uma dessas doenças respiratórias é de extrema importância para que ele evolua bem e não desenvolva nenhuma complicação.

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