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Publicado em
12/9/22

Fraturas Pélvicas: tipos, como diagnosticar e tratar

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Fraturas Pélvicas: tipos, como diagnosticar e tratar

As fraturas pélvicas são lesões que ocorrem nos ossos do quadril e possivelmente nos ossos adjacentes (sacro e cóccix). Elas são causadas principalmente por mecanismos traumáticos graves ou por uma fragilidade óssea.

A pelve é uma região fundamental, que protege e sustenta órgãos pélvicos e abdominais e se conecta aos membros inferiores, além de possuir importantes vasos e nervos. Logo, uma fratura neste local pode comprometer diversas funcionalidades do organismo.

Fraturas pélvicas abertas possuem uma taxa de mortalidade de 50%. Devido a isso, o manejo de fraturas pélvicas deve ser feito cautelosamente para que não progrida com complicações.

O que é uma fratura pélvica?

Anatomia dos ossos da pelve e radiografia pélvica. Fonte: Moore Anatomia
Anatomia dos ossos da pelve e radiografia pélvica. Fonte: Moore Anatomia

Uma fratura é a perda da continuidade óssea, mesmo que não seja completa. As fraturas podem ser abertas (contato do osso com outros tecidos, podendo ser exposto além da pele ou não) ou fechadas. 

A fratura pélvica é aquela que ocorre nos ossos do quadril, sacro e cóccix, esses ossos formam o anel pélvico. Ela pode ou não romper o anel, quando rompe, significa que houve fratura de pelo menos dois locais e resulta em maior instabilidade.

Etiologias

  • Traumatismos de alta energia: acidentes de trânsito (atropelamentos, airbags), quedas de alturas significativas, vítimas de violência severa. Esse tipo mecanismo ocorre mais em jovens do sexo masculino.
  • Fraturas acetabulares: quando a cabeça do fêmur é pressionada contra o acetábulo (articulação entre fêmur e osso do quadril).
  • Osteoporose: mesmo com traumatismos de baixa energia, ocorrem fraturas. Porém, em mais de 2/3 dos casos não há traumatismo nenhum envolvido.

Tipos 

Fraturas pélvicas anteriores

São responsáveis por causar lesões geniturinárias, podendo verificar trauma uretral e/ou de bexiga, com presença de hematúria, hematomas em regiões genitais.

Fraturas pélvicas posteriores

Podem lesionar o intestino mais facilmente, assim como vasos importantes (veia ilíaca) e plexos nervosos. 

Classificação de Young Burgess

Classificação de Young Burgess para fratura de anel pélvico. Fonte:Timothy B.; Young and Burgess Classification Clinical Orthopaedics and Related Research, 2014
Classificação de Young Burgess para fratura de anel pélvico. Fonte:Timothy B.; Young and Burgess Classification Clinical Orthopaedics and Related Research, 2014

Em 1986 Young et al. classificou as fraturas de anel pélvico pelo mecanismo de fratura (compressão anterior-posterior, compressão lateral e cisalhamento vertical) e pela estabilidade da lesão (tipo I, II ou III). 

Esses autores realçaram a necessidade de identificar esses componentes para definir o prognóstico e realizar correto tratamento cirúrgico.

Quadro clínico

O principal sinal é dor inguinal e/ou lombar, especialmente ao comprimir a sínfise púbica e espinhas ilíacas ântero superiores.

Pacientes que sofreram fraturas pouco graves na pelve podem até conseguir deambular sem auxílio de outras pessoas ou apoio (paredes ou andador).

Ao exame físico é importante realizar a inspeção e palpação da pelve, se atentando a presença de sangue no meato uretral, vaginal ou retal. No exame retal podemos verificar em alguns casos, também, a próstata mais alta.

Possíveis sinais de que o sistema nervoso periférico foi acometido são incontinência, bexigoma com retenção urinária, perda de reflexos perineais e nos membros inferiores.

A principal complicação da fratura pélvica é a hemorragia (por lesão na veia ilíaca), pode ser externa ou interna, ambas podendo evoluir para choque hipovolêmico. Outras complicações são a dispareunia, disfunção erétil, incontinência fecal e/ou urinária.

Diagnóstico

O diagnóstico é confirmado com a ajuda de radiografias - podendo realizar as incidências ântero posteriores ou outras mais específicas com abdução, manobra de Lowenstein etc - ou tomografia computadorizada (muito melhor, a mais pedida geralmente).

Lembrando que os exames devem ser realizados apenas se o paciente estiver estável hemodinamicamente. Caso não esteja, é necessário infundir fluidos e, se necessário, utilizar drogas vasoativas.

Formas de tratamento

O manejo inicial a uma pessoa que sofreu uma fratura pélvica, é de acordo com o ABCDE básico do trauma, visto que muitos dos mecanismos que levam a esta fratura são bem graves, acometendo outros locais do organismo muitas vezes.

  • A: air ways, verificar se as vias aéreas estão pérvias ;
  • B: breathing, verificar se paciente está respirando e ventilando bem;
  • C: circulação, verificar perfusão das extremidades e controle de hemorragias;
  • D: déficit neurológico presente?;
  • E: exposição, despir a vítima e proteger de hipotermia;

Em idosos é necessário investigar o motivo de quedas, se há desregulação hormonal, osteoporose, distúrbios neurológicos ou cardíacos.

O primeiro passo após diagnosticar a fratura pélvica é procurar o cirurgião traumatologista e ortopedista.

Fraturas pélvicas estáveis, onde o indivíduo consegue andar sem ajuda, raramente necessitam de cirurgia e opta-se por observar o paciente enquanto realiza-se um tratamento sintomatológico, manejando a dor.

Para fraturas instáveis, a cirurgia é mandatória. Existem diversas técnicas possíveis, mas que devem ser indicadas de maneira individualizada, dependendo do tipo de fratura e da gravidade da lesão.

Pode-se realizar fixação de pinos externos ou uma redução aberta com fixação interna com pinos temporários, e depois planejar uma cirurgia mais eficiente com colocação de placas e parafusos.

Em casos nos quais a hemorragia persistir, é necessária a embolização através de angiografia.

Após a estabilização do quadril, o estímulo à deambulação é feito o quanto antes. Junto com fisioterapia o retorno às atividades diárias pode demorar de 6 meses a 1 ano, até mais tempo se o caso e a cirurgia realizada tiverem sido mais complexos.

O prognóstico depois da cirurgia costuma ser bom, mas casos graves podem manter sequelas como dor, artrose, dificuldade de deambulação e lesões neurológicas, podendo diminuir significativamente a qualidade de vida da pessoa.

Conclusão 

Uma fratura pélvica é uma condição que geralmente ocorre por eventos graves e podem resultar em complicações importantes, como choque hipovolêmico. 

Ela é diagnosticada com exames de imagem e o tratamento é variável, com ou sem cirurgia, a depender do caso.

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