Atualmente, no Brasil, as áreas de ortopedia e traumatologia estão condensadas em um único profissional já que em ambos os casos, o cerne da assistência médica está em lesões em áreas ósseas e musculares. Esses pilares formam a residência em Ortopedia.
Apesar disso, o foco de cada área é um pouco diferente. A Ortopedia é voltada para problemas crônicos e congênitos, como corrigir deformidades, postura e pisadas, restabelecer funções e aliviar dores. Já a Traumatologia tem caráter mais emergencial e lida com traumas causados por quedas, acidentes automobilísticos, prática de esporte incorreta e acidentes de trabalho.
Pode-se dizer assim, que a Traumatologia lida com o trauma e a ortopedia com a preservação e o restabelecimento funcional de ossos, músculos, ligamentos e articulações. O que ambas têm em comum é o objetivo de garantir qualidade de vida aos pacientes com acometimento em sistema locomotor.
Ela é a 6ª especialidade mais numerosa, com mais de 20 mil especialistas, mais de 90% desses profissionais são homens mas, nos últimos anos, há um aumento da presença feminina na área segundo dados da pesquisa Demografia Médica 2023. Pronto para conhecer mais sobre essa especialidade tão diversa e que possui um dos salários mais atrativos do mercado médico? Vem saber todos os detalhes sobre a residência médica em ortopedia e traumatologia e conhecer o dia a dia da profissão.
O Que É Residência em Ortopedia e Traumatologia?
A residência em Ortopedia e Traumatologia é a especialidade clínico-cirúrgica responsável pela prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de pacientes com doenças do sistema musculoesquelético, incluindo ossos, músculos, articulações, ligamentos, tendões e nervos.
Embora sejam duas atribuições distintas — a Ortopedia e a Traumatologia — a formação do profissional se dá em apenas uma especialidade com 3 anos de duração e acesso direto. Além disso, os especialistas dessa área podem optar por ampliar seus estudos em segmentos de subespecialidades, tais como coluna vertebral, ombro e cotovelo, mão, quadril, joelho, tornozelo e pé, pediátrico, trauma, onco-ortopedia e osteo-metabólica.
Quais as características de um Ortopedista e Traumatologista?
Para ser um bom ortopedista e traumatologista é necessário ser capaz de lidar com situações que peçam reação rápida e saber lidar bem em situações de grande gravidade já que a traumatologia lida com acidentes e situações de emergência.
Além disso, esse profissional deve ser capaz de lidar bem com todos os tipos de paciente já que ao contrário de algumas áreas como a pediatria e a medicina paliativa o ortopedista e traumatologista atende pessoas de todas as faixas etárias e estilo de vida como pacientes obesos ou esportistas.
Como é a residência médica em Ortopedia e Traumatologia?
A residência em Ortopedia e Traumatologia é de acesso direto e possui duração de três anos. Ao longo da sua formação o residente passará cada vez mais horas comparativamente no centro cirúrgico e aprendendo de forma prática - sempre acompanhado de preceptores e residentes mais experientes.
Esse residente atenderá muitos pacientes com fraturas, luxações, problemas na coluna e outras ocorrências do sistema musculoesquelético. Além dos atendimentos na emergência,com vítimas de trauma que possuam alguma lesão óssea.
Você pode saber mais detalhes sobre a especialidade no vídeo abaixo do EMRCast, onde entrevistamos o Dr. Rafael Burlamaqui, médico pela UPE e especialista em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Getúlio Vargas (HGV):
O que estudar para ser um residente em Ortopedia e Traumatologia?
Por ser de acesso direto, a prova para Ortopedia e Traumatologia é a mesma que de todos os outros cursos que não possuem pré-requisito. Dessa forma, as provas costumam ser de múltipla escolha com 100 questões divididas igualmente sobre assuntos de Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral e Medicina Preventiva e Social.
Qual a grade de estudo de um residente médico em Ortopedia e Traumatologia?
A Comissão Nacional de Residência Médica publicou em novembro de 2018 a matriz curricular da residência em Ortopedia e Traumatologia. Dessa forma, todas as instituições que oferecem o curso no país devem formar estudantes capacitados de acordo com os objetivos da matriz. Vem conferir mais detalhes sobre ela:
O que devo saber ao fim do primeiro ano em Ortopedia e Traumatologia?
Ao longo do primeiro ano, o R1 deve desenvolver seus conhecimentos em anatomia, biomecânica e fisiologia humana do sistema musculoesquelético. Além disso, deve ter contato com literatura da área e iniciar seus conhecimentos para o diagnóstico e o tratamento das afecções em traumatologia e medicina de urgência.
Alguma das competências do R1 em Ortopedia e Traumatologia:
- Realizar manobras ortopédicas para a redução de fraturas e de luxações;
- Realizar procedimentos cirúrgicos de pequeno e médio porte sob supervisão com aprendizado progressivo dos níveis de complexidade cirúrgica;
- Valorizar a relação custo/benefício às boas práticas na indicação de medicamentos e exames complementares;
- Dominar o diagnóstico e manejo de afecções como fraturas expostas, processos infecciosos que envolvam o sistema musculoesquelético e lesões do aparelho extensor do joelho;
- Confeccionar e aplicar as diversas imobilizações provisórias e aparelhos gessados, circulares e talas, para garantir o tratamento inicial na situação de urgência e emergência.
O que devo saber ao fim do segundo ano em Ortopedia e Traumatologia?
No segundo ano o R2 deve dar continuidade ao estudo das competências desenvolvidas no primeiro ano, e estimular propostas terapêuticas para as afecções do sistema musculoesquelético.
Alguma das competências do R2 em Ortopedia e Traumatologia:
- Avaliar osteocondrites, osteocondroses, doenças reumáticas, hemofilias e hemopatias;
- Executar e auxiliar cirurgias traumatológicas de urgência de porte variado auxiliando os preceptores na orientação aos residentes de primeiro ano;
- Avaliar o diagnóstico e o manejo das patologias neuromusculares e distrofias musculares, artrogripose, mielomeningocele, paralisia infantil e paralisia cerebral;
- Dominar o diagnóstico e o tratamento da síndrome de impacto e das lesões do manguito rotador, ombro congelado, tendinite calcária do bíceps, instabilidade do ombro e sequelas de paralisia do plexo braquial;
- Dominar a técnica cirúrgica para o tratamento emergencial dos politraumatizados com lesões ortopédicas.
O que devo saber ao fim do terceiro ano em Ortopedia e Traumatologia?
Consolidar o conhecimento adquirido nos anos anteriores e aprofundar seu conhecimento sobre as afecções específicas dos segmentos, das seguintes áreas de conhecimento: Coluna, Quadril, Joelho, Pé e Tornozelo, Ombro e Cotovelo, Cirurgia da Mão, Dor, Tumores, Ortopedia Pediátrica, Osteometabólicas, Trauma, Reconstrução de Membros, Fixadores Externos e Artroscopia.
Alguma das competências do R3 em Ortopedia e Traumatologia:
- Analisar os princípios de biomecânica geral, marcha normal e patológica e desenvolvimento postural;
- Avaliar e manejar o tratamento dos agravos da saúde na infância relacionados à ortopedia pediátrica, dominando o diagnóstico e o tratamento das principais doenças do desenvolvimento musculoesquelético;
- Dominar o diagnóstico e o tratamento das doenças congênitas, posturais e degenerativas da coluna;
- Produzir um artigo científico, utilizando o método de investigação adequado e apresentá-lo em congresso médico ou publicar em revista científica ou apresentar publicamente em forma de monografia;
- Dominar o diagnóstico e tratamento no trauma esportivo, lesões musculotendíneas, entorses, fraturas por estresse e tendinites relacionadas, além de avaliar a reabilitação e o retorno à atividade.
Subespecialidades em Ortopedia e Traumatologia
Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, possuir uma subespecialização é um diferencial que pode lhe garantir melhor qualificação profissional com uma melhor qualidade de vida. Ao fim da residência em Ortopedia e Traumatologia, os profissionais que quiserem se tornar mais qualificados podem fazer as seguintes especialidades:
- Densitometria óssea – +01 ano;
- Dor – +01 ano.
Como funciona a rotina profissional de traumatologista?
A rotina do profissional vai variar a depender da sua área de atuação, trabalha em hospitais ou consultórios? No sistema público ou privado? Mas, de maneira geral, por ser uma especialidade clínico-cirúrgica o especialista divide suas horas de trabalho em atendimentos clínicos e ambulatoriais, fazendo pré e pós cirúrgico, realizando diagnósticos e indicando tratamentos além de fazer cirurgias.
Assim, caso o profissional não atue de forma exclusivamente clínica ele costuma ficar de sobreaviso, podendo ser chamado a qualquer momento para realizar cirurgias de emergência. Além disso, costuma ser uma área integrada a outras profissões, principalmente realizando indicações e trabalhando de forma conjunta com uma equipe de fisioterapia.
Mercado de trabalho e salário
Segundo a plataforma Salário.com, usando dados do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web de janeiro a dezembro do ano passado, um ortopedista ganha em média R$ 6.781,79 por 19 horas de trabalho. É importante destacar que os profissionais costumam trabalhar em mais de um serviço e fazendo bem mais que 19 horas no mês, dessa forma o salário mensal costuma ser muito maior.
O mercado de trabalho para ortopedistas é competitivo, para ter uma noção, nos últimos 10 anos a especialidade teve uma taxa de aumento de especialistas de 99,7%, quase dobrando o número de profissionais no mercado.
Apesar disso, há uma grande concentração desses especialistas, com mais da metade residindo na região sudeste e menos de segundo de 5% na região norte, segundo dados da Demografia Médica 2023. Dessa forma, o mercado de trabalho para a área muda muito a depender da sua localização, sendo muito competitivo na região sudeste e com mais vagas abertas na região norte e nordeste.
Conclusão
A Ortopedia e Traumatologia é uma das áreas da medicina mais diversas, onde seu profissional atenderá pacientes de todas as faixas etárias e com diferentes estilos de vida. Possui um mercado de trabalho favorável, com muitos lugares do país estando em déficit desse especialista.
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