A celulite é uma das doenças que mais comumente afetam tecidos moles. Acometendo mais frequentemente indivíduos adultos e com uma incidência de 200/100.000 habitantes. Ademais, quando é causada por estreptococos, a celulite pode ser classificada como erisipela.
Assim, os estreptococos beta-hemolíticos são os principais agentes etiológicos que provocam a celulite. Sendo o estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBGA) o mais comum. Além desse, outros agentes que podem provocar a doença são o estreptococo-beta hemolítico do grupo B, C e G.
E ainda, o S. aureus e estafilococos. A celulite surge a partir da entrada de bactérias pela barreira da pele. Isso é facilitado pela ocorrência de lesões traumáticas, que danificam a barreira protetora da epiderme e facilitam a disseminação de microrganismos.
Fatores de risco
Em decorrência da infecção se dá por meio da pele, os principais fatores são: para a ocorrência da doença são:
- Abrasão da pele;
- Úlceras de pressão e úlceras vasculares;
- Inflamações prévias na pele;
- Edema por diminuição da drenagem linfática;
- Obesidade;
- Imunodepressão; e
- Retirada da veia safena para enxerto de artéria coronária.
Como diferenciar a celulite da erisipela?
Ambas, a celulite e a erisipela, se manifestam com eritema, edema e calor à palpação. Petéquias, hemorragias e bolhas superficiais também podem estar presentes.
Além disso, na maioria das vezes, as lesões acometem os membros inferiores e são unilaterais. Portanto, caso seja encontrada uma lesão bilateral, deve-se pensar na possibilidade de outros diagnósticos.
Celulite
Apesar de atingirem com maior frequência os membros inferiores, a celulite não ocorre com exclusividade neste local. Há também a celulite periorbital, perianal e bucal. E ainda, a celulite de parede abdominal, que afeta mais comumente indivíduos obesos.
E mais, é importante reconhecer que a celulite acomete a derme profunda e a gordura subcutânea. Diferentemente da erisipela, em que são acometidos planos mais superficiais da derme e do sistema linfático. Observe a imagem abaixo.
acometido e, consequentemente, é possível fazer uma distinção com facilidade entre o tecido normal e o tecido patológico. Assim, torna-se mais fácil a distinção desta com a celulite que, como visto anteriormente, possui limites imprecisos em suas lesões.
Erisipela
A lesão da erisipela pode ser sensível ao toque, tem aspecto “brilhoso” e tumefeito. Para mais, por acometer o sistema linfático superficial, com isso a lesão pode apresentar aspecto de “casca de laranja”.
É importante ter em mente que suas lesões têm evolução rápida, e o paciente apresenta sintomas sistêmicos como febre, calafrios e dor de cabeça.
A descrição clássica da doença é o acometimento em “borboleta” da região malar e dos membros inferiores, como enfatizado anteriormente. E ainda, o envolvimento da orelha, caracterizando o sinal de Millan, que auxilia na diferenciação da celulite com a erisipela.
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Como diagnosticar a celulite e a celulite estreptocócica?
O diagnóstico é clínico. Não é preciso utilizar exames laboratoriais em pacientes com infecções não complicadas. Entretanto, para indivíduos com celulite recorrente, testes sorológicos para o estreptococo beta-hemolítico podem ser úteis para o diagnóstico.
O diagnóstico diferencial deve ser feito com a herpes-zóster, a artrite séptica e a bursite séptica. E, também, com a dermatite de contato, vasculites e mordeduras de inseto. Para realizar o diagnóstico diferencial com a osteomielite, a ressonância magnética pode ser utilizada.
Quais os tratamentos indicados para a erisipela e para a celulite?
Erisipela leve a moderada
Utiliza-se a penicilina procaína na dose 1,2 mU, intramuscular, duas vezes ao dia.
Erisipela grave
O tratamento é feito com a penicilina G. Utilizada na dose de 1 a 2 mU, via intravenosa, a cada 4 horas.
Celulite
Para tratar a celulite pode-se utilizar a nafcilina ou a oxacilina. A dose é de 2g, via intravenosa, a cada 4 a 6 horas.
Fontes:
- SPELMAN, Denis. BADDOUR, Larry M. Cellulitis and skin abscess: Epidemiology, microbiology, clinical manifestation, and diagnosis. UpToDate. 2021. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/cellulitis-and-skin-abscess-epidemiology-microbiology-clinical-manifestations-and-diagnosis. Acesso em: 17/08/2021.
- FAUCI, Jameson. et al. Medicina Interna de Harrison. Porto Alegre: AMGH, 2020.