A osteomielite é uma infecção óssea causada por diversos microrganismos. Desse modo, na população adulta, a coluna vertebral é a região mais acometida. Sendo mais frequente em homens (5:1), tem uma incidência maior de acordo com o avanço da faixa etária.
O número de casos da doença tem aumentado nas últimas décadas, provavelmente devido a ampliação do uso da ressonância magnética (RM), devido a maior acurácia nos diagnósticos, e pelo aumento da prevalência de comorbidades crônicas.
Etiologia e fisiopatologia
O agente etiológico mais prevalente na osteomielite é o Staphylococcus aureus (40% a 50% dos casos), seguido de bacilos gram-negativos (20%) - em especial, a E. coli(9%) e Pseudomonas aeruginosas (6%) - e estreptococos (12%). Na osteomielite vertebral crônica, os agentes mais comuns são a M. tuberculosis e as espécies de Brucella. Já a osteomielite causada por fungos é mais comum em indivíduos imunodeprimidos.
Existem três mecanismos de disseminação dos microrganismos para o tecido ósseo: hematogênica, contígua e a inoculação direta. A inoculação contígua ocorre devido a insuficiência vascular ou a neuropatia, e tem o diabetes como comorbidade subjacente mais prevalente. Já a inoculação direta - ou seja, quando a bactéria adentra diretamente o tecido ósseo - ocorre devido a cirurgias ou a fraturas ósseas.
Quadro clínico
O quadro clínico da osteomielite é bastante inespecífico. Cerca de metade dos pacientes apresentam febre superior a 38°C, mas o principal sintoma, em 85% dos casos, é a dor nas costas, que é intensa e localizada. Pode haver progressão para sintomas neurológicos em cerca de 1/3 dos pacientes, devido ao surgimento de abscessos.
Assim, o paciente pode apresentar dor radicular, alterações reflexas e anormalidades sensoriais. E ainda, paresias motoras e disfunções intestinais e vesicais. Na osteomielite tuberculosa, é comum a localização da dor à nível torácico e/ou nas primeiras vértebras lombares. Isso porque há disseminação direta da bactéria pelas pleuras ou linfonodos mediastinais.
Ademais, em indivíduos que têm implantes com infecções de instalação precoce (máximo de 30dias após colocação do aparelho), os sintomas mais comuns são o comprometimento da cicatrização e a febre. Já nas infecções tardias (ocorrendo após 30 dias da colocação do implante), a febre é rara, e 25% dos pacientes apresentam fístulas.
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Diagnóstico
Na osteomielite, há o aumento da velocidade de hemossedimentação (VHS) e no nível da proteína C-reativa (PCR). Assim, apesar desses exames serem inespecíficos, podem ser utilizados para excluir a possibilidade de osteomielite vertebral. Além disso, deve ser feita a hemocultura e exames de imagem ITU: Fique sabendo quando solicitar exame de imagem no público pediátrico(eumedicoresidente.com.br) -ferramentas mais importantes de diagnóstico - tendo como padrão-ouro a ressonância.
Caso essa seja negativa, deve-se realizar uma biópsia aberta ou por tomografia computadorizada (TC). A amostra deve ser levada para estudohistopatológico, além de ser utilizada para pesquisa de bactérias anaeróbias e aeróbias, e de fungos.
Devido ao quadro clínico ser tão inespecífico, o diagnóstico diferencial da osteomielite vertebral é amplo. É preciso excluir a possibilidade de pielonefrite, pancreatite e síndromes virais. Além disso, é preciso fazer o diagnóstico diferencial com patologias não infecciosas, como fraturas osteoporóticas, espondilite soronegativas e estenose espinal.
Tratamento
Os objetivos com o tratamento da osteomielite são a eliminação do patógeno, a proteção contra a perda óssea e o alívio de dores nas costas. E ainda, a prevenção de complicações e a estabilização do paciente.
A antibioticoterapia não deve ser iniciada até que tenha sido realizada a hemocultura; com exceção de pacientes com síndrome séptica. A eficácia do tratamento deve ser avaliada através da melhora dos sinais e sintomas (febre, dor) e da avaliação dos sinais inflamatórios, como o PCR.
Fontes:
- FAUCI, Jameson. etal. Medicina Interna de Harrison. Porto Alegre: AMGH, 2020.
- LeeYJ, Sadigh S, Mankad K, Kapse N, Rajeswaran G. The imaging of osteomyelitis.Quant Imaging Med Surg. 2016 Apr;6(2):184-98. doi: 10.21037/qims.2016.04.01.PMID: 27190771; PMCID: PMC4858469.