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28/9/22

Transtorno de ansiedade generalizada: o que é, como identificar e tratamentos

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Transtorno de ansiedade generalizada: o que é, como identificar e tratamentos

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é um transtorno psiquiátrico, classificado como um transtorno de ansiedade, juntamente com o transtorno do pânico, as fobias específicas e o transtorno de ansiedade social. É considerado um problema extremamente comum. Segundo a OMS, o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo. Sendo frequente em todas as idades e impactando em diversos âmbitos da vida do paciente.

Neste post iremos abordar o que é a TAG, seus sintomas, diagnóstico e tratamento!

O que é o Transtorno de Ansiedade Generalizada?

A ansiedade é uma sensação normal e importante, sendo uma resposta adaptativa a um perigo, auxiliando na tomada de decisões com preparação do organismo para luta e fuga. Porém, em determinadas situações e pessoas, ela pode se tornar patológica quando em excesso, associada a sintomas somáticos e prejudicando diversas áreas da vida da pessoa.

O transtorno de ansiedade generalizada é caracterizado por preocupação e ansiedade persistente e crônica, que é altamente aversiva e incontrolável. Essa preocupação geralmente é multifocal. A idade de início é bastante variável, tendo picos de incidência no início e no fim da vida adulta. Esse quadro deve durar pelo menos 6 meses.

Fatores de risco

Os fatores de risco para TAG são: 

  • Sexo feminino;
  • Baixo status socioeconômico; e 
  • Exposição a adversidades na infância.

Fisiopatologia

Estudos mostram que pacientes com TAG apresentam-se cronicamente alertas, com reatividade fisiológica exagerada ao medo. Uma característica marcante é a intolerância à incerteza. Geneticamente falando, estima-se que os genes contribuem de 40 a 50% para os transtornos ansiosos. Em estudos de neuroimagem, foi visto uma coordenação alterada da atividade entre diferentes regiões do cérebro relacionadas ao medo e fuga. Apareceu diminuição da conectividade entre amígdala e córtex pré-frontal, sobretudo o ventromedial (principal estrutura de regulação de emoções).

Sintomas físicos da ansiedade 

A intolerância a incerteza é característica do transtorno de ansiedade. Foto: Reprodução/Pexels
A intolerância a incerteza é característica do transtorno de ansiedade. Foto: Reprodução/Pexels

O transtorno de ansiedade generalizada é caracterizado por ansiedade e preocupações excessivas acerca de diversos eventos. A intensidade e a duração ou frequência do problema e a preocupação são desproporcionais ao real. O indivíduo tem dificuldade de controlar esses sentimentos. É acompanhada, muitas vezes, de inquietação e sensação de “nervos à flor da pele”, fatigabilidade e dificuldade de concentração. Além de sensação de “branco” na mente, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono.

Muitos indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada também experimentam sintomas somáticos, como sudorese, náusea e diarreia. Muitas vezes, é precursora de um transtorno depressivo maior. Tem elevada taxa de comorbidades.

Diagnóstico

O diagnóstico do transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é clínico. O DSM-V propôs critérios diagnósticos, como podemos ver a seguir:

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA
A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional)
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). Nota: Apenas um item é exigido para crianças 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele

2. Fatigabilidade
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente
4. Irritabilidade
5. Tensão muscular
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto)
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo)
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade social [fobia social], contaminação ou outras obsessões no transtorno obsessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós-traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia ou transtorno delirante).
ritérios diagnósticos do DSM-V para Transtorno de Ansiedade Generalizada. Fonte: DSM-V

É fundamental o diagnóstico diferencial com condições não psiquiátricas como: doenças endocrinológicas (ex. feocromocitoma, doenças da tireoide), cardiovasculares (ex. arritmia, DPOC), neurológicas (ex. epilepsia) e uso de substâncias.

Como funciona o tratamento?

O tratamento do transtorno de ansiedade generalizada é feito por meio da associação do tratamento medicamentoso com a psicoterapia.

Tratamento medicamentoso

As medicações de primeira linha para a TAG são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), como o escitalopram, fluoxetina e sertralina, e os inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina (IRSN), como a duloxetina e a venlafaxina. Os antidepressivos tricíclicos seriam a segunda linha de tratamento, por conta dos efeitos colaterais. Neles estão inclusos: amitriptilina, nortriptilina e outros.

As medicações devem ser inseridas de forma gradual. Uma vez atingida a dose adequada, que mostra efetividade em cerca de 4 a 8 semanas, essa dose deve ser mantida por pelo menos 1 ano. Benzodiazepínicos são efetivos na redução dos sintomas, mas geram dependência e sintomas depressivos a longo prazo. Por isso, devem ser usados apenas em crises.

Psicoterapia

A terapia cognitivo-comportamental tem se mostrado efetiva para o tratamento da TAG, devendo ser feita semanalmente por pelo menos 8 semanas. Outra abordagem que vem com evidência crescente é a prática do mindfulness. 

Conclusão

O transtorno de ansiedade generalizada é um transtorno extremamente comum e incapacitante. Ele tem alta prevalência no Brasil, sendo caracterizado por medo e ansiedade excessiva nas mais diversas situações, com grande prejuízo na vida da pessoa.

Além disso, pode ser tratado por meio da associação de medicamentos com psicoterapia.

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