A pitiríase versicolor ou Tinea versicolor (este último é o termo mais utilizado na comunidade científica) é o que popularmente conhecemos como "pano branco", é uma das micoses (doença de pele fúngica) mais comuns. Os principais fatores predisponentes são o clima quente e úmido, imunossupressão, gestação, síndrome de Cushing, desnutrição, diabetes e uso excessivo de lubrificantes de pele oleosos.
O fungo causador – Malassezia – é lipofílico (possui afinidade por lipídios), é mais comum entre os 15 e 24 anos, pois é quando as glândulas sebáceas estão mais ativas. Acompanhe o texto para saber mais sobre a doença.
O que é Pitiríase Versicolor?
A Tinea versicolor é uma infecção cutânea fúngica, caracterizada principalmente por máculas e placas hipopigmentadas ou hiperpigmentadas. Os fungos do gênero Malassezia são lipofílicos e colonizam o estrato córneo da epiderme - é natural encontrar essas espécies na pele de humanos (assim, não é considerada uma doença contagiosa), mas para alguns indivíduos pode ser patogênica.
Ainda não há uma total compreensão de como algumas pessoas desenvolvem a doença e outras não, mas sabe-se que uma pele mais oleosa, distúrbios no sistema imune e ativação de certos genes contribuem para isso.
As lesões hipopigmentadas ocorrem quando o fungo passa a produzir ácido azeláico, que impede a produção de melanina.
Outras doenças que o agente pode causar são foliculites, dermatite seborreica, dermatite atópica e papilomatose. Algumas espécies de Malassezia também podem causar infecções pulmonares em indivíduos imunossuprimidos.
Quadro clínico
A sintomatologia é caracterizada por manchas ovais/redondas, coalescentes, hipopigmentadas ou hiperpigmentadas e levemente descamativas. A localização mais comum é no tronco, mas podem estar presentes também no pescoço e abdome. Além disso, em raros casos, na face, couro cabeludo e genitália. Também pode haver leve prurido, mas a maioria dos pacientes não relata sintomas.
As lesões não deixam cicatrizes ou mudanças pigmentares permanentes e costumam desaparecer em até 2 meses após início do tratamento. Apesar disso, possui uma alta taxa de recorrência, sendo necessário em alguns casos realizar terapia profilática.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser confirmado com um simples exame físico (máculas e placas hipopigmentadas ou hiperpigmentadas), podendo ter o auxílio da lâmpada ultravioleta de Wood. O exame micológico, apesar de não ser necessário para confirmar o diagnóstico, pode ser solicitado.
A pitiríase versicolor costuma ser mais facilmente diagnosticada no verão, pois é quando se nota maior contraste em relação à pele saudável, já que as partes com lesões não "bronzeiam", tornando-se assim mais aparentes. O sinal de Zileri (presença de leve camada descamativa sobre a pele) e sinal de Besnier (ao “raspar” as lesões com unhas, a mancha fica parda ou amarelada) também são encontrados.
Os diagnósticos diferenciais são vitiligo, papilomatose de Gougerot, tinea corporis, dermatite seborréica, pitiríase alba, psoríase gutata e eritrasma.
Tratamento da Pitiríase Versicolor
É relevante explicar aos pacientes que a tinea versicolor é causada por um fungo que naturalmente faz parte da flora cutânea humana. A evolução para a forma patogênica ainda não é muito compreendida, mas sabe-se que não é uma doença contagiosa. Pode-se tratar com soluções tópicas (shampoos antifúngicos) ou medicações orais.
Quando utilizar soluções tópicas, é necessário que o tratamento seja feito no corpo todo, do couro cabeludo até os pés, mesmo que apenas uma pequena área de pele tenha sido acometida. Geralmente, recomenda-se aplicar a solução no banho, deixar agir por 10 minutos e depois enxaguar.
Os agentes tópicos mais utilizados são Sulfato de Selênio, Piritionato de zinco, sulfacetamida sódica, cetoconazol a 2% e Ciclopirox Olamina. Falando especificamente do sulfato de selênio, ele deve ser utilizado diariamente por 2 semanas e a aplicação noturna pode ser feita nos casos de maior resistência.
Os agentes orais são antifúngicos sistêmicos e podem ser utilizados conjuntamente com a terapia tópica. As medicações orais mais recomendadas são fluconazol e itraconazol. O uso do cetoconazol é contraindicado, pois há risco de lesões hepáticas e adrenais, que não superam o benefício de tratar as lesões cutâneas.
Pela alta taxa de recidiva, o uso regular dos shampoos antifúngicos pode ser recomendado – a aplicação uma vez por mês é uma opção profilática eficaz.
Conclusão
A pitiríase versicolor ou tinea versicolor é uma das infecções cutâneas fúngicas mais comuns, causada pelos fungos do gênero Malassezia, que, apesar de estarem presentes em cerca de 90% das pessoas, são patogênicos para alguns indivíduos. A doença apresenta-se, na maioria desses casos, com máculas hipopigmentadas indolores e sem prurido.
O diagnóstico pode ser feito apenas com exame clínico e geralmente é mais evidente nas épocas de verão, pois as lesões não bronzeiam e tornam-se mais aparentes. O tratamento é bastante acessível com o uso de shampoos anti-fúngicos (aplicação diária por 2 semanas), que podem também ser utilizados 1 vez por mês para evitar recidivas.
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