Quantos acidentes de trânsito você já presenciou durante a sua vida? Uma cena (infelizmente) muito cotidiana é se deparar com uma moto destruída no meio da rua e uma pessoa deitada imóvel na calçada, esperando chegar o SAMU...
Justamente por ser algo tão frequente na nossa realidade, é fundamental que a gente saiba que a segunda principal causa de parada cardiorrespiratória em adultos jovens é o trauma. E é também importantíssimo saber que se a PCR for bem manejada nos primeiros 3-5 minutos, a taxa de sobrevida dessas pessoas sobe para 50-70%. Por isso, não perca a oportunidade de se atualizar nesse post sobre as novas diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar e ser um médico que salva vidas!
Só para lembrar...
O que é a Parada Cardiorrespiratória?
A parada cardiorrespiratória é a interrupção súbita da respiração e da atividade mecânica ventricular suficiente para impulsionar o sangue. As principais causas de PCR em adultos são as doenças cardiovasculares, o tromboembolismo pulmonar, o choque séptico e falência cardíaca.
Novas diretrizes de RCP
Agora sim, vamos para as atualizações!
1) Socorristas leigos devem começar a RCP imediatamente após suspeita de PCR. Isso porque o dano por compressões traumáticas desnecessárias é menor que o possível dano de esperar um profissional de saúde chegar para socorrer a vítima sem pulso.
2) Sobre o uso da epinefrina, novos estudos encontraram associação do medicamento com melhor recuperação neurológica e sobrevida. Assim,
Ø É aceitável administrar precocemente em pacientes com ritmo não chocável;
Ø É aconselhável usar em pacientes com ritmo chocável, caso as tentativas de desfibrilação inicial falhem.
3) O uso de dispositivo audiovisual que fornece o feedback da compressão e retorno do tórax foram associados com aumento de 25% na sobrevida dos pacientes. Por isso, ele pode ser aconselhável!
4) O monitoramento fisiológico da RCP é aconselhável para avaliar a qualidade do procedimento. Pode ser usado o acesso arterial ou a intubação endotraqueal. O valor da ETCO2 deve estar no mínimo em 10mmHg e, idealmente, em 20mmHg ou mais.
5) A desfibrilação sequencial dupla (aplicação de choques quase simultâneos usando dois desfibriladores) não é indicada.
6) É aconselhável estabelecer o acesso intravenoso para a administração de medicamentos. O acesso intraósseo pode ser considerado quando o acesso IV não for viável. Estudos demonstraram que os resultados clínicos para pacientes que receberam medicamentos pela via IV foram superiores ao que receberam medicamentos por via IO.
Sobre o suporte ao paciente durante a recuperação:
7) Sobreviventes da PCR devem fazer a reabilitação multimodal e tratamentos para prejuízos neurológicos e cognitivos antes da alta hospitalar.
8) O paciente e seus cuidadores devem receber um planejamento de alta hospitalar com recomendações de tratamento médico e reabilitação, com intuito da volta às atividades diárias.
9) É recomendada uma avaliação para ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e fadiga para o paciente e seus cuidadores. Isso porque a recuperação pode durar muitos anos após a hospitalização e, por isso, o acompanhamento deve ser iniciado durante a hospitalização e continuar o tempo que for necessário.
Sobre o suporte para as grávidas:
10) A ressuscitação e o manejo da via aérea devem ser priorizados durante a PCR na grávida, porque há maior risco de hipóxia nesse grupo de pacientes.
11) O monitoramento do feto precisa ser ignorado durante a PCR. Isso porque monitorar os batimentos cardíacos do feto não são úteis nesse caso e focar nisso pode afetar o processo da ressuscitação materna.
12) Caso a grávida entre em coma, é preciso fazer o controle direcionado da temperatura. Agora sim, no feto, é preciso fazer o monitoramento e ficar de olho em uma possível bradicardia, que vai ser um indicativo de complicação. Também vai ser preciso fazer uma consulta com a equipe de obstetrícia e neonatal.
É importante lembrar que as grávidas são um grupo que exige uma atenção especial, porque há um aumento do metabolismo basal desse grupo, uma redução na capacidade de reserva funcional e risco de lesão cerebral no feto por hipóxia.
13) O neuroprognóstico precisa ser dado, no mínimo, 72 horas após o retorno para a monotermia.
FONTES: