O câncer de próstata é a segunda neoplasia mais frequente em homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Estima-se que ocorreram mais de 65 mil novos casos em 2020, segundo o Ministério da Saúde. É mais comum em homens negros e acima dos 65 anos, sendo passível de diagnóstico precoce, por meio do rastreio.
O Novembro Azul é uma campanha mundial que marca o mês de cuidado com a saúde do homem. O câncer de próstata acaba ganhando destaque durante esse mês devido sua grande prevalência na população masculina.
Neste post abordaremos sobre o câncer de próstata, seu diagnóstico e tratamentos!
O que é câncer de próstata?
O câncer de próstata ocorre quando há uma multiplicação desordenada de células anormais (malignas) na próstata, glândula produtora de sêmen encontrada na parte baixa e posterior do abdômen, formando um tumor. Ele costuma ser de evolução lenta, sendo a zona periférica da glândula o local mais afetado.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para câncer de próstata são:
- Idade avançada (> 65 anos);
- Obesidade;
- Fatores genéticos (como mutação nos genes BRCA1, BRCA2 e ATM);
- Etnia negra;
- Aspectos dietéticos (ingestão de gordura animal, carne vermelha, embutidos).
Já como fatores protetores, encontram-se a vitamina E, o licopeno (tomate), ômega e selênio.
Sintomas do câncer de próstata
A maioria dos cânceres de próstata são assintomáticos, por isso o rastreio se torna ainda mais importante. Quando os casos se tornam sintomáticos, normalmente, a neoplasia já se encontra em estados avançados.
Aqueles sintomas que aparecem podem ser de causa obstrutiva ou irritativa. Sendo assim, costuma ocorrer obstrução urinária infravesical, alterações urinárias como micção frequente, nictúria e hematúria macroscópica, disfunção erétil, dores ósseas e perda de peso. Esses sintomas já indicam doença avançada. Além de anemia, linfadenopatias, uremia, linfedema e trombose venosa de membros inferiores.
Diagnóstico e rastreio
O rastreio do câncer de próstata é feito por meio do toque retal e dosagem de PSA, sendo confirmado, se houver alteração nesses primeiros, por meio da biópsia.
Exame retal
No toque retal, a neoplasia vai se mostrar como região endurecida, por vezes nodular, de consistência lenhosa. Vale salientar que uma próstata normal teria consistência fibroelástica.
Dosagem de PSA
O PSA é o “antígeno específico da próstata”, que, geralmente, se encontra, aumentado (maior que 4 ng/ml) em casos de câncer de próstata. Porém, outras causas também podem gerar seu aumento, como na hiperplasia prostática benigna e na infecção urinária.
Exame de imagem
Em pacientes com exame retal e/ou com dosagem de PSA duvidosos, ou naqueles que se recusarem a realizar o toque retal, pode ser feita a ultrassonografia transretal. Outros exames de imagem como tomografia e ressonância têm baixa sensibilidade.
Pacientes com dosagem de PSA acima de 20 ng/ml indica-se realização de cintilografia óssea para verificar metástases ósseas.
Biópsia
O diagnóstico de certeza do câncer é feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido pela biópsia da próstata. Sendo indicado para pacientes com dosagem do antígeno maior que 4 ng/ml, maior que 2,5 ng/ml em jovens com menos de 55 anos, naqueles em que a densidade for maior que 0,15 e a velocidade de aumento do valor for maior que 0,75 ng/ml/ano e/ou naqueles pacientes com toque retal alterado. Retira-se de 6 a 12 áreas da próstata, guiado por ultrassom, para análise.
Padrões histológicos
O câncer de próstata pode ser dividido, histologicamente, em 5 graus (graus 1, 2, 3, 4 e 5). Sendo o grau 1 o que se encontra com células mais diferenciadas e no grau 5 as células estão menos diferenciadas. Observe a seguir:
O Escore de Gleason foi criado para avaliar o grau histológico do câncer de próstata, por meio da soma do padrão mais prevalente nas amostras de biópsia e o segundo mais prevalente. O resultado pode variar de 2 a 10 pontos.
Pacientes com Gleason de 2 a 4 provavelmente tem um crescimento lento, de 4 a 7 intermediário e de 8 a 10 um crescimento rápido.
Neoplasia intraepitelial prostática (NIP)
A neoplasia intraepitelial prostática é uma proliferação celular que acomete a glândula, de aparência benigna. Pode ser dividida em baixo ou alto grau, sendo a de alto grau a alteração que precede o câncer de próstata. Homens com NIP de alto grau desenvolvem a neoplasia maligna entre 5 e 10 anos.
Estadiamento
O estadiamento do câncer de próstata é feito por meio da classificação TNM, como vemos a seguir:
Classificação de risco
O risco do paciente pode ser classificado entre baixo, intermediário e elevado, de acordo com a dosagem de PSA, o Gleason e o estadiamento.
Tratamento do Câncer de Próstata
O tratamento de escolha varia de acordo com o estadiamento da doença, da idade e do estado geral do paciente. Tem-se como opção a braquiterapia, radioterapia, hormonioterapia, quimioterapia e cirurgia (prostatectomia). A prostatectomia costuma ser radical, com retirada inclusive das vesículas seminais, e pode causar disfunção erétil e incontinência urinária.
Doença localizada
Em pacientes de baixo risco, com doença localizada, pode ser possível apenas a realização da vigilância ativa, por meio da realização periódica de dosagem de PSA e biópsia prostática. Porém, essa estratégia é mais recomendada se o indivíduo já tiver mais de 65 anos, pois adultos-jovens costumam ter tumores de crescimento rápido.
A braquiterapia, que é a implantação de sementes radioativas na próstata, é uma outra opção em quem tem doença localizada e sem indicação de vigilância ativa. Para esses pacientes, pode ser feita também a prostatectomia radical em conjunto com radioterapia externa.
Doença localmente avançada
Para pacientes com risco intermediário, com doença localmente avançada, a melhor opção parece ser a radioterapia externa com ablação androgênica de longa duração. Porém, se ele for jovem com comorbidades, prefere-se prostatectomia radical com radioterapia ou hormonioterapia adjuvante. A hormonioterapia atua inibindo os androgênios, que estimulam o crescimento do câncer.
Câncer metastático
Em pacientes com câncer metastático, a prostatectomia deixa de ser uma opção viável. Tornam-se melhores opções a hormonioterapia, a administração de estrogênio ou a ablação androgênica via orquiectomia (retirada dos testículos). Em caráter paliativo, pode ser feita a ressecção transuretral para alívio de sintomas.
A quimioterapia é utilizada apenas nos casos refratários aos hormônios e quando a hormonioterapia sozinha não é capaz de conter a doença.
Seguimento
Após tratamento curativo, recomenda-se seguimento com exames de rotina (dosagem de PSA e toque retal) nos 3, 6 e 12 meses seguintes. Após isso, recomenda-se que o rastreio seja realizado semestralmente por 3 anos. Em seguida, pode ser mantido o rastreio anual.
Conclusão
O câncer de próstata é extremamente comum, principalmente com o avançar da idade. Por muitas vezes ser assintomático, recomenda-se o rastreio nos homens de maior risco, por meio da dosagem do PSA e do exame de toque retal. Se diagnosticado precocemente, o prognóstico é melhor. O tratamento vai variar de acordo com cada caso, podendo variar de apenas vigilância a cirurgia e tratamentos com radiação.
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FONTES:
- CALADO, Adriano; et. al. Urologia geral para o estudante de medicina. Universidade de Pernambuco.
- Câncer de próstata. Ministério da Saúde. 2022.