Os exames de imagem são fundamentais para a confirmação do diagnóstico de acidente vascular cerebral (AVC). Eles auxiliam na exclusão de hemorragias cerebrais, a diferenciar tecidos em sofrimento de tecido morto e a identificar em que local ocorreu a estenose ou oclusão das artérias intracranianas. Por isso, não deixe de aprender esse assunto tão importante, que pode salvar a vida do seu paciente.
O AVC é a segunda principal causa de morbidade a nível mundial, e a principal causa de deficiências adquiridas no mundo. É definido como as repercussões clínicas que ocorrem devido a uma oclusão trombótica ou embólica, ou uma ruptura vascular de vasos cerebrais.
Seus principais fatores de risco têm associação com os da formação de placas de ateroma, como a idade avançada, história familiar, tabagismo e sexo masculino. E ainda, hipertensão, hipercolesterolemia e diabetes mellitus.
A artéria meníngea média é frequentemente afetada por êmbolos, que tendem a se alojar em locais de ramificação de vasos ou em áreas de estenose. A arteriosclerose é a causa mais frequente de estenose desses vasos, e a principal causa de formação de trombos. As placas de ateroma comumente localizam-se na bifurcação das carótidas, na artéria cerebral média e artéria basilar.
Saiba como identificar os sinais de AVC através da tomografia de crânio
O primeiro exame a ser pedido no paciente com suspeita de AVC é a tomografia de crânio sem contraste. Isso porque é o exame mais barato e mais acessível disponível. Entretanto, apenas 60% dos derrames podem ser visualizados nas primeiras 3 a 6 horas do início do quadro.
Por isso, é fundamental reconhecer os sinais precoces de AVC que podem ser observados no exame. Alguns deles são a hipodensidade do tecido cerebral e a perda da visualização dos giros e sulcos, como você pode ver na imagem de TC abaixo.
Esses são alguns dos sinais precoces presentes no exame de imagem, e os achados são altamente sugestivos de lesão neural irreversível. Além desses sinais, pode ser possível visualizar uma hipodensidade no núcleo lentiforme (formado pelo putame e pelo globo pálido) e no córtex insular. Ademais, pode haver o achado da artéria cerebral média hiperdensa. Todos esses sinais são sugestivos de quadro de AVC.
A artéria cerebral média irriga o núcleo lentiforme e, por isso, quando há interrupção do seu fluxo, é possível visualizar esse achado demonstrado na tomografia acima.
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A hipodensidade nas diversas áreas de tecido cerebral ocorre devido ao edema citotóxico. Esse surge devido a diminuição do fluxo sanguíneo no tecido, causada pelo derrame, fazendo com que a bomba de sódio/potássio das células tornem-se não funcionais. Como consequência disso, o sódio e o cloro acumulam-se no citoplasma celular e, devido ao efeito osmótico, carregam água consigo. Com isso, há o edema celular, que diminui a densidade do tecido na TC.
Por fim, o sinal da artéria cerebral média hiperdensa pode ser encontrado em vasos com trombos ou êmbolos. Sendo esse um sinal precoce encontrado com menor frequência, mas altamente sugestivo de derrame cerebral.
FONTES:
- KUMAR, V. et al. Bases Patológicas das Doenças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016
- THURNHER, Majda. Imaging in Acute Stroke. Radiology Assistant, 2008.
- BELL, J Daniel. GOEL, Ayush. Citotoxic cerebral edema. Radiopaedia.
- DENG, Francis. GAILLARD, Frank. Ischemic stroke.