Ernst Heinrich Weber e Heinrich Adolf Rinne foram dois alemães – o primeiro um psicólogo, o segundo um médico otologista – responsáveis pela criação dos testes de Weber e de Rinne na década de 1930 que, até hoje, são usados na semiologia neurológica por neurologistas, otorrinolaringologistas e diversos outros clínicos.
Ambos os testes, respectivamente conhecidos por teste de Weber e teste de Rinne, avaliam a audição do paciente e alguns mecanismos nela envolvidos, que podem ou não estar afetados. Mais especificamente, é feita uma avaliação qualitativa do nervo vestíbulo-coclear.
Tanto o teste de Weber quanto o de Rinne se utilizam apenas de um diapasão vibrante (que pode emitir a frequência de 128, 256, 512 ou até 1.024 hertz), sendo assim testes baratos, rápidos e que não apresentam riscos para o paciente.
Os resultados também são percebidos e avaliados na hora.
Em março de 2020, a OMS alertou que a perda auditiva pode afetar mais de 900 milhões de pessoasno mundo até 2050. A causa, segundo a organização, seria a alta exposição a ruído excessivo, celulares e poluição sonora que pessoas de 12 a 35 anos atualmente se submetem.
O que é o teste de Weber?
O teste de Weber é um teste clínico prático, feito em consultório apenas com o auxílio de um diapasão. Ele tem a função de avaliar qualitativamente a fisiologia do VIII nervo craniano (nervo vestíbulo-coclear), responsável por nossa audição.
O que o teste de Weber avalia?
O teste de Weber avalia perda auditiva (de uma forma exclusivamente qualitativa, sendo essa uma das limitações do teste: ele não pode confirmar uma audição normal porque não mede a sensibilidade ao som de maneira quantitativa) de origem condutiva e/ou neurossensorial.
Seu intuito é comparar a condutividade óssea entre ambas as orelhas e determinar se a perda (caso ela exista) é de origem neurossensorial ou condutiva.
Como é feito o teste de Weber?
É um teste simples. O médico, enquanto posicionado de frente para o paciente, vibra o diapasão (pode ser com um “peteleco”, uma batida na mão ou qualquer outra parte de seu próprio corpo) e o encosta na região medial da fronte (testa) do paciente.
Ele precisa ficar equidistante entre as orelhas esquerda e direita.
Quando o diapasão parar de vibrar, pergunta-se ao paciente onde o som foi “percebido”: se no centro da testa, ouvindo igualmente o som em ambos os lados (sendo este o resultado normal) ou de forma lateralizada – mais à esquerda ou mais à direita.
Como analisar os resultados do teste de Weber?
Se o paciente perceber o som no centro, significa que não há alterações qualitativas de condução óssea e/ou neurossensorial.
Se houve uma lateralização, porém, há duas possibilidades:
1) No caso de uma hipoacusia condutiva, o som será percebido melhor no lado acometido. Pode parecer contraintuitivo – mas acontece, por exemplo, em casos de pacientes que podem estar acumulando excesso de cerume na orelha afetada.
Tais pacientes reportam hipoacusia no lado onde ouviram melhor o som do diapasão, porque o cerume, que está provocando a dificuldade na condução aérea do som, aumenta a percepção na condução óssea, pois ajuda na propagação do som.
2) No caso de uma hipoacusia neurossensorial, o som será percebido melhor no ouvido normal. Esse diagnóstico é mais fácil, pois o ouvido no qual o paciente se queixa de hipoacusia será também o ouvido a perceber menor passagem de som.
O que é o teste de Rinne?
O teste de Rinne, como o de Weber, também é realizado com um diapasão e compara a percepção de sons transmitidos pelo ar com sons transmitidos por condução óssea através do processo mastóide (acidente anatômico localizado no osso temporal).
O que o teste de Rinne avalia?
O teste de Rinne também avalia perda auditiva, a fisiologia e o funcionamento do nervo vestíbulo-coclear, a condução óssea e aérea do som (utilizando uma técnica bastante similar à do teste de Weber).
Como é feito o teste de Rinne?
O médico deve se posicionar à frente ou ao lado do paciente, vibrar o diapasão e encostar sua ponta única no processo mastóide do paciente. Deve, então, pedir ao paciente para que este avise quando parar de ouvir o som.
Depois, desencostando o diapasão, deve posicioná-lo (ainda vibrando) próximo à orelha do paciente – tomando cuidado para que não haja contato algum – e perguntá-lo se ouve o som.
Quando parar de ouvir, o paciente deverá avisar novamente.
Como analisar os resultados do teste de Rinne?
No resultado normal, o paciente deverá ouvir o som dos dois modos, ou seja, apresentará um Rinne positivo. A audição do som conduzido pelo ar (CA = condução aérea) deve ser melhor que a audição do som de condução óssea (CO).
Ou seja, no teste normal CA > CO.
No teste alterado, temos, como no de Weber, duas possibilidades:
1) Se CO > CA, observamos o que é conhecido por perda auditiva condutiva. Nesse caso, o som da condução óssea será mais alto para o paciente. Pode ser o caso, por exemplo, de uma perfuração timpânica. Esse é um exemplo de Rinne negativo.
2) Na perda auditiva neurossensorial, a condução aérea e óssea são igualmente diminuídas, mantendo às vezes uma pequena diferença onde CA > CO, ou seja, é um Rinne positivo – mas não significa que é normal.
Ou seja, Rinne positivo nem sempre é ausência de doença; Rinne negativo é.
Dentro de quais exames eu aplico os testes?
Na prática, os testes de Weber e de Rinne podem ser usados (são testes que se complementam, sendo sempre realizados em conjunto) tanto dentro do exame otorrinolaringológico – para avaliação auditiva – quanto dentro do exame neurológico de rotina – para avaliação dos pares de nervos cranianos (nesse caso, o VIII par, vestíbulo-coclear).
E nem só dentro da medicina os testes de Weber e Rinne são úteis: a fonoaudiologia é uma das áreas que também extrai bom proveito de suas funcionalidades.
Conclusão
Os testes de Weber e Rinne são uma ferramenta muito útil na prática clínica, por serem simples, baratos, rápidos e não oferecerem riscos aos pacientes.
Entretanto, conforme dito no texto, eles possuem limitações. Se alguma alteração for detectada, é necessário que o paciente seja encaminhado para a realização de exames quantitativos e mais complexos, como por exemplo a audiometria.
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