O consumo de café é algo bastante controverso e traz consequências de todo o tipo para o organismo, sejam elas benéficas ou maléficas. Desse modo, foi publicado, no último dia 20 de abril, mais um estudo mostrando quais os seus possíveis benefícios. Publicado no Molecular Psychiatry, o trabalho mostrou uma associação entre o café e as alterações funcionais do cérebro, em consumidores assíduos do grão.
A pesquisa teve como objetivo avaliar quais as consequências da ingestão cotidiana de café na conectividade cerebral. Além disso, também avaliaram se os hábitos de consumo do café tinham alguma relação com os níveis de depressão, ansiedade e estresse. Para isso, os pesquisadores reuniram 24 pessoas que não tomavam o líquido e 31 que tomavam com bastante frequência.
Esse último grupo era formado em sua maioria por homens (41,95%). Ademais, a faixa etária da população total de estudo foi de 19 a 57 anos. Posteriormente, ela foi submetida a Ressonância Magnética Funcional (RMf). Vale salientar que o grupo dos indivíduos que não tomam café fez mais uma ressonância, cerca de 30 minutos após ter ingerido uma xícara do líquido.
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Resultados
Os pesquisadores observaram por meio da RMF que, nos indivíduos amantes do grão, a conectividade cerebral nos estados de repouso somatossensorial e límbico foi menor. Isso quando comparados aos indivíduos que não bebem café. As conexões mais fortes foram encontradas no tálamo, cerebelo, no caudado bilateral e putâmen.
E ainda, no giro pós-central direito, giro temporal médio esquerdo e no giro pré-central esquerdo. Sugerindo, assim, uma associação entre o consumo do líquido e um maior controle motor e estado de alerta.
Segundo o medscape , de acordo com o autor sênior do artigo, Dr. Nuno Sousa, “a ingestão regular de café, ao reduzir a conectividade de redes cerebrais específicas em risco, pode ser relevante para a atenção e vigilância, com possíveis implicações na aprendizagem e na memória, e também para o controle motor”.
Além do mais, constataram que para quem toma café a capacidade de concentração é maior porque possuíam uma elevada atividade dinâmica em várias áreas cerebelares e subcorticais do cérebro. E mais, as mudanças estruturais e de conectividade cerebral encontradas nesse grupo foram semelhantes à do grupo que tomou o líquido cerca de 30 minutos antes de realizar a RMf.
Para os cientistas, essa diminuição das diferenças entre as duas populações do estudo caminha para “um potencial vínculo de causalidade entre o consumo de café e as mudanças na conectividade”.
O consumo de cafeína foi associado a maiores níveis de estresse e ansiedade
Os cientistas encontraram uma associação entre a cafeína e o estresse. Assim, os amantes do café relataram dificuldade para relaxar e excitação nervosa, pois os seus níveis de estresse estavam aumentados. A ingestão frequente do líquido também foi associada a níveis elevados de ansiedade em homens. Em relação à depressão, o consumo habitual não demonstrou nenhuma alteração significativa entre os dois grupos participantes da pesquisa.