O câncer de colo de útero é o segundo câncer mais comum entre as mulheres, com altas taxas de incidência e mortalidade no Brasil e no mundo.
Atinge seu pico de incidência entre mulheres de 45 e 49 anos. Porém, tem tempo de evolução lento e pode ser facilmente prevenido e diagnosticado.
Nesse post iremos abordar suas causas, como prevenir e diagnosticar e seus tratamentos!
Qual a causa do câncer de colo de útero?
A causa do câncer de colo de útero é o Papilomavírus Humano (HPV), mais especificamente os tipos 16 e 18 (tipos oncogênicos).
O HPV 16 e 18 atuam degradando as proteínas dos genes de supressão tumoral p53 e pRB, desregulando o controle de divisão celular. Sua transmissão é por via sexual, sendo, portanto, considerada uma IST.
A infecção pelo HPV é uma condição necessária, mas não suficiente para o desenvolvimento do câncer. Portanto, deve estar aliado aos seguintes fatores de risco: início precoce de atividade sexual, sexo desprotegido, menarca precoce e menopausa tardia. Além de múltiplos parceiros, multiparidade, infecção pelos herpes simples 2 e clamídia, tabagismo e imunodepressão.
Tipos histológicos
Os dois tipos histológicos mais comuns são o carcinoma de células escamosas (80%) e o adenocarcinoma.
Formas de prevenção
Prevenção primária
A prevenção primária do câncer de colo de útero é feita por meio da prevenção da infecção pelo HPV. Ou seja, pela prática do sexo protegido e pela vacinação contra o HPV.
O Ministério da Saúde preconiza a vacinação contra o Papiloma Vírus Humano para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos. Devendo ser aplicadas duas doses, com intervalo de 6 meses entre elas.
Prevenção secundária
Já a prevenção secundária é feita por meio do exame Papanicolau. O objetivo é detectar lesões pré-malignas e, se necessário, tratá-las antes de evoluírem para câncer.
O recomendado é realizar anualmente, em mulheres de 25 a 64 anos que já tiveram relação sexual. Após 3 exames com 1 ano de diferença normais, pode realizar a cada 3 anos.
Como diagnosticar?
O diagnóstico, tanto na fase pré-invasiva como invasiva, é pelo exame Papanicolau, sendo confirmado pela colposcopia e biópsia.
Papanicolau
O exame Papanicolau. um exame de triagem populacional, é uma análise da citologia do colo do útero, feita por meio da raspagem superficial da ectocérvice, em movimentos rotativos em torno do orifício cervical com uma espátula. Para isso, utiliza-se também uma escova especial para coleta do endocérvice.
Se o resultado apresentar alguma alteração de risco, indica-se a realização da colposcopia. Essas alterações incluem: células escamosas atípicas de significado indeterminado, células granulosas atípicas, células atípicas de origem indeterminada e já lesão intraepitelial.
Colposcopia e Biópsia
A colposcopia oncótica é feita por meio da magnificação da imagem do colo uterino, utilizando lentes de aumento do colposcópio, que permite visualizar lesões iniciais suspeitas de carcinoma e direcionar para biópsia.
As lesões suspeitas são retiradas com uma pinça e levadas para análise histopatológica.
Estadiamento
Após análise é possível realizar o estadiamento das lesões.
Se na fase pré-invasiva, pode ser dividida em: lesões intraepiteliais de baixo grau (NIC 1) ou de alto grau (NIC 2 e 3). A NIC 1 acomete a espessura do epitélio, de forma variável, mas sem atingir camadas basal e parabasal. É uma infecção ativa com alto índice de regressão espontânea.
As NIC 2 e 3 são lesões com comprometimento da camada basal e parabasal. O risco de progressão para câncer é alto. Porém, se a lesão já for maligna, pode ser dividida em 5 estágios, segundo a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). Variando de 0 a IV. O tipo 0 é o carcinoma em situ e o IV é tumor com metástase.
Se for preciso, pode-se solicitar outros exames para melhor definir a doença e sua evolução, como RNM e TC da pelve, para melhor visualizar linfonodos e metástases.
Sintomas do câncer de colo de útero
Os sintomas normalmente só aparecem em fases muito avançadas do câncer.
Como os métodos de diagnósticos e triagem evoluíram bastante, muitas pacientes descobrem ainda antes do aparecimento.
Fase pré-clínica
A fase pré-clínica é a fase assintomática. O ideal é que, se chegar à lesão maligna, ela seja descoberta ainda nessa fase.
Indica menor gravidade.
Fase sintomática
Quando os sintomas aparecem é provável que a lesão esteja mais avançada. As pacientes podem ter queixa de sangramento uterino anormal.
Já indicando maior gravidade, pode aparecer corrimento serosanguinolento de odor fétido, dispareunia, hematúria, adinamia, dor pélvica e incontinência urinária e fecal.
Ainda pode aparecer dor na região glúteo e lombo-sacra, o que indicaria um tumor avançado localmente.
Além disso, na presença de dor ciática, edema de membros inferiores e hidronefrose, suspeita-se de comprometimento da parede pélvica.
Tratamento do câncer de colo de útero
O tratamento vai depender do estadiamento da lesão. Desse modo, pode ser feito por meio de cirurgia, radioterapia ou quimioterapia.
Formas de tratamento
Nas formas pré invasivas, a conduta para NIC 1 é expectante. Para NIC 2 e 3, faz-se excisão da zona de transformação ou ablação a laser.
No carcinoma em situ, faz-se conização terapêutica com alça diatérmica. Isso é, uma pequena cirurgia na qual um pedaço do colo do útero, em forma de cone, é retirado com uma alça diatérmica (instrumento ablativo).
Esse método preserva útero e capacidade reprodutiva. Crioterapia e ablação a laser também são opções.
No estágio Ia, trata-se com a conização por alça diatérmica pelo baixo risco de metástase.
Nos estágios Ia2, Ib e IIa, com a possibilidade de metástase linfonodais, o objetivo passa a ser retirada de toda a cérvix, tecido paracervical e linfonodos ilíacos.
Indica-se histerectomia radical clássica a Wertheim-Meigs (retira útero e todos os anexos). Pode-se associar radioterapia adjuvante se necessário.
Nos estágios IIb, III e IVa, devido à infiltração de paramétrios, realizar radioterapia associada à quimioterapia.
No estágio IVb há pouca possibilidade de cura, devido à metástase a distância. Prefere-se paliação de sintomas, com medicação ou radioterapia localizadas.
Conclusão
O câncer de colo de útero é o segundo mais comum em mulheres do mundo, porém é completamente evitável.
Assim, por meio da vacinação e do exame Papanicolau é possível diminuir as taxas e sua mortalidade.
Além disso, quanto antes diagnosticado, melhores as possibilidades de cura.
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FONTE:
- Tratado de Ginecologia da FEBRASGO, 2018.
- MARQUES, Cristiana; et.al. Oncologia Uma Abordagem Multidisciplinar. 2015.