A Biópsia líquida por PCR digital identificou, pela primeira vez, uma nova mutação em um tumor cerebral, localizado na hipófise, o adenoma pituitário. Os pesquisadores do Instituto Estadual do Cérebro localizaram uma modificação na proteína K-RAS. Além disso, um dos líderes do estudo, Vivaldo Moura Neto, destacou a importância do exame para localizar mutações tumorais por meio da coleta de sangue.
A pesquisa divulgada na revista internacional Pituitary Journal, mostrou que, através da coleta sanguínea e análise por meio do PCR digital foi localizada uma mutação na ordem de 1%. Essa alteração na proteína K-RAS, jamais tinha sido vista em um tumor na hipófise, mas já foi descrita em outros tipos.
Essa descoberta vai permitir que os cientistas entendam melhor o adenoma pituitário. Ademais, a utilização da biópsia líquida foi essencial para tal evidência, pois a mutação dificilmente poderia ser vista no sequenciamento clássico.
Para além disso, a constatação dessa alteração vai permitir que os cientistas brasileiros identifiquem em que linha metabólica da pituitária interfere o tumor. Desse modo, vai ser possível, por meio de outras pesquisas, encontrar fármacos específicos para impedi-la.
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Entendendo a biópsia líquida
A biópsia líquida se apresenta como um procedimento que visa demonstrar qual o perfil da dinâmica do tumor, mostrando quais características evoluem com a sua progressão. Os testes analisam o DNA, RNA e proteínas, que podem ser detectados nas células tumorais localizadas na corrente sanguínea.
Qual a sua importância?
De acordo com o médico Vivaldo Moura, em entrevista para a Agência Brasil, a biópsia líquida é um procedimento antigo, da década de 1970. Ela permite que o tumor cerebral seja diagnosticado por meio do sangue. Dito isso, há aproximadamente 10 anos, ela também evidencia as mutações tumorais.
Isso é possível porque, as células cancerígenas se desprendem da massa e caem na corrente circulatória. Além disso, para o médico, esse tipo de biópsia é mais vantajosa do que a biópsia sólida, por ser minimamente invasiva. “Para fazer a biópsia sólida, de modo geral eu tenho que tomar um pedaço do tumor. Isso é invasivo”, afirmou.
Além disso, o sequenciamento clássico dificilmente identifica mutações inferiores a 10%. Aumentando ainda mais a importância da utilização dessa metodologia. Ela também pode auxiliar os médicos a determinarem qual o tipo de câncer. Para mais, Moura admite que o procedimento pode ser utilizado na avaliação de outros tipos de tumor, não apenas aqueles localizados no cérebro.
E mais, os médicos podem identificar precocemente sinais de expressão da doença se utilizando da biópsia líquida por PCR digital, evitando um prognóstico ruim. Além de poder acompanhar o paciente, mensurando a taxa de mutação, para saber se houve alguma alteração após o tratamento cirúrgico ou quimioterápico.