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Publicado em
19/10/24

Tireoidite de Hashimoto: o que é, diagnóstico e tratamento

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Tireoidite de Hashimoto: o que é, diagnóstico e tratamento

A tireoidite de Hashimoto, também conhecida como tireoidite linfocítica crônica, é a causa mais comum de hipotireoidismo e é uma das doenças autoimunes mais prevalentes em todo o mundo. Ela afeta principalmente mulheres e é mais frequente em adultos de meia-idade. Sua incidência tende a aumentar com a idade, e fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante em seu desenvolvimento. Vamos relembrar seus conceitos chave!

O que é tireoidite de Hashimoto?

A tireoidite de Hashimoto é uma condição autoimune que causa destruição da glândula tireoidiana por mecanismos de ação celular direta e de anticorpos. Ao longo do tempo, esse ataque ao tecido endócrino resulta em fibrose progressiva e queda da função de secreção hormonal, culminando no hipotireoidismo. Essa patologia também pode ser chamada de tireoidite linfocítica crônica, como dito anteriormente, ou ainda, de tireoidite autoimune crônica.

Anatomia da tireoide. Fonte: Cleveland Clinic

Essa endocrinopatia pode iniciar com uma fase de hipertireoidismo, onde a lesão das células tireoidianas resulta na liberação hormonal excessiva. Com o tempo, a destruição das células tireoidianas pela resposta autoimune esgota a reserva hormonal e leva à redução da produção de hormônios, resultando em hipotireoidismo.

Quais os sinais e sintomas?

Retrato de um caso de Bócio. Fonte: Blog dr Augusto Teixeira

Os sintomas e sinais da tireoidite de Hashimoto são variados e refletem tanto as consequências do hipo quanto o hipertireoidismo, dependendo da fase da doença. Inicialmente, os pacientes podem apresentar sintomas de hipertireoidismo, como palpitações, perda ponderal, diarreia, tremores, insônia e intolerância ao calor.

Dessa forma, à medida que a destruição tecidual progride, os sintomas de hipotireoidismo se sobressaem. Esses têm início insidioso e incluem fadiga, constipação, ganho ponderal, intolerância ao frio, alopecia, rouquidão, irregularidade menstrual e edema facial. A pele pode apresentar xerodermia nas superfícies extensoras, palmas das mãos e plantas dos pés. A perda de cabelo pode ser difusa ou parcial, com fios ressecados, opacos e quebradiços.

O bócio, um aumento de volume da glândula tireoide, pode aparecer e geralmente é indolor, com crescimento simétrico e gradual. Em casos raros, o bócio pode causar desconforto no pescoço, rouquidão e sintomas de compressão traqueal ou esofágica. As vezes pacientes podem ter tireoidite de Hashimoto subclínica ou assintomática, especialmente quando apresentam hipotireoidismo subclínico ou eutiroidismo.

Como realizar o diagnóstico para a tireoidite de Hashimoto?

O diagnóstico de tireoidite de Hashimoto é feito pela combinação de quadro clínico, exames laboratoriais e, em alguns casos, exames de imagem com avaliação histopatológica. Inicialmente, é importante considerar a história clínica do paciente e os sintomas de hipotireoidismo, caso presentes. Apesar disso, em alguns pacientes, como os idosos, pode ocorrer hipotireoidismo subclínico, com poucos ou nenhum sintoma identificável.

A avaliação laboratorial é a base para a confirmação diagnóstica. O TSH é o teste mais sensível para avaliar a função tireoidiana. Em casos de hipotireoidismo primário, o TSH está elevado. Nos pacientes com hipotireoidismo subclínico, o TSH pode estar pouco elevado, enquanto os níveis de T4 livre permanecem normais. Um T4 livre baixo, em conjunto com um TSH elevado, confirma o diagnóstico de hipotireoidismo primário.

Os testes positivos para anticorpos anti-tireoidianos são indicativos importantes de tireoidite de Hashimoto. Os anticorpos anti-TPO (peroxidase tireoidiana) positivam em cerca de 95% dos casos, enquanto os anticorpos anti-tireoglobulina (anti-Tg) são vistos em 60% a 80% dos pacientes. Apesar disso, até 15% dos indivíduos com a doença podem não apresentar esses anticorpos.

Ação dos auto-anticorpos na tireoidite de Hashimoto. Fonte: Blog Dr. Francisco Dias

Exames de imagem, como USG da tireoide, são recomendados para avaliar o tamanho da glândula, detectar nódulos e identificar características que possam sugerir malignidade. Nesses casos, pode ser necessária a realização de uma aspiração por agulha fina (PAAF) para excluir a presença de malignidade ou linfoma tireoidiano. 

Pacientes com autoanticorpos tireoidianos positivos, mas com TSH normal, devem ser acompanhados regularmente, com avaliações a cada 6 a 12 meses, para monitorar sintomas de hipotireoidismo e alterações nos níveis de TSH e colesterol. 

Como tratar?

O tratamento da tireoidite de Hashimoto se baseia na reposição hormonal com Levotiroxina. A dosagem inicial padrão é de 1,6 a 1,8 mcg/kg por dia. Pacientes com menos de 50 anos podem iniciar com a dose completa, enquanto idosos e pacientes com doenças cardiovasculares devem começar com doses menores com reavaliação após 6 a 8 semanas. É recomendável tomá-la de manhã, com o estômago vazio, para otimizar a absorção.

Além disso, o acompanhamento periódico com dosagens de TSH deve ser mantido para ajustar a dose conforme necessário, visando manter os níveis dentro da faixa normal. Embora o tratamento seja eficaz para controlar o hipotireoidismo, ele não cura a tireoidite de Hashimoto, que é uma doença autoimune crônica.

Conclusão

A tireoidite de Hashimoto é uma das principais causas de hipotireoidismo, mesmo iniciando com um quadro de hipertireoidismo devido à sua característica de lesão tecidual autoimune. Seu diagnóstico se dá principalmente pela avaliação clínica e dosagem hormonal, assim como resultados laboratoriais de autoanticorpos. Dessa forma, seu tratamento se baseia na reposição do hormônio faltante.

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