A Rubéola é uma doença viral aguda altamente contagiosa a qual traz consigo um grande problema de saúde pública. Isso acontece pelo acometimento de grupos específicos, como as gestantes, visto que a Rubéola é uma doença autolimitada, porém quando atinge grávidas, pode gerar consequências fetais severas. Vamos revisar os conceitos de Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita?
Rubéola: o que médicos e estudantes de medicina precisam saber
A rubéola é uma doença infecto-contagiosa de etiologia viral, causada pelo Rubella virus, do gênero Rubivirus e é considerada benigna e de baixa letalidade. Ela é transmitida através do contato com secreções de um indivíduo contaminado, normalmente, disseminado por gotículas respiratórias ao falar ou tossir. Desse modo, é considerada de alta transmissibilidade.
O paciente carreador do vírus pode transmiti-lo cerca de 5 dias antes do aparecimento do exantema ou até 5 a 7 dias depois. Além disso, a transmissão indireta através do contato com secreções nasofaríngeas, sangue, urina ou fezes é rara, mas passível de acontecer. A sua incidência é maior no final do inverno e no início da primavera. Crianças entre cinco e nove anos são as principais acometidas por essa doença, que também pode atingir adolescentes e adultos.
Rubéola e seus sintomas: do rash cutâneo à linfoadenopatia occiptal
Em geral, os sintomas causados pelo Rubella vírus são leves e cerca de 25% a 50% das infecções são subclínicas. Assim, depois de 14 a 21 dias de incubação, durando em média 17 dias, é observado um período prodrômico. A principal manifestação clínica é o exantema maculopapular e puntiforme difuso, que dura de 3 a 5 dias. As primeiras aparições podem ser observadas no rosto, couro cabeludo e região cervical, posteriormente estendendo-se para todo o corpo.

Inicialmente, o rash é de característica exantematosa macular, desaparecendo à compressão. No segundo dia, lesões puntiformes tornam-se mais salientes, tornando-se escarlatiniforme, com uma base eritematosa. Também podem ser observadas petéquias no palato mole (Sinal de Forchheimer), que com o passar do tempo ficam vermelhas e eritematosas.

A distribuição do exantema é semelhante à do sarampo, contudo, o eritema é menor e menos coalescente. A linfoadenopatia retroauricular, cervical e occipital – que surge de 5 a 10 dias antes do exantema – juntamente com a febre baixa, também são considerados sintomas de rubéola. Dessa maneira, contribuem para diferenciar esse diagnóstico de outras doenças exantemáticas.
Outros sintomas sugestivos da patologia são cefaleia, conjuntivite não purulenta, coriza hialina, congestão nasal, odinofagia, tosse, artralgia e mialgias. Por causa desses sintomas inespecíficos, a rubéola pode ser confundida com outras infecções que apresentam características semelhantes, tornando importante a realização do diagnóstico diferencial. Ademais, em casos considerados raros pode ser observada a púrpura trombocitopênica e a otite média.
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Diagnóstico da rubéola: exames laboratoriais e clínicos essenciais
O diagnóstico da rubéola é feito por exames laboratoriais, com PCR coletado em amostras nasofaríngeas e de urina, ou por meio da sorologia (IgG) e/ou isolamento viral. Este último é realizado na fase aguda da doença, para detectar a presença de anticorpos IgM no sangue, desde os primeiros dias até 4 semanas depois do aparecimento do exantema. O exame sorológico IgG detecta a infecção na fase de convalescência em relação à fase aguda.
Esta afecção pode ser facilmente confundida com outras doenças exantemáticas. Por isso, além da dengue e do sarampo, o diagnóstico diferencial deve ser feito com escarlatina, exantema súbito (crianças até 2 anos), eritema infeccioso e enteroviroses. Por fim, também deve ser realizado com outras enfermidades que podem ser responsáveis por síndrome congênitas como infecção por citomegalovírus, sífilis secundária, mononucleose infecciosa e toxoplasmose.
Conduta médica na rubéola: cuidados, isolamento e prevenção
Não existe um tratamento específico para a infecção por Rubéola, apenas manejo sintomático. Para aquelas pessoas que apresentam desconforto ou vermelhidão nos olhos é recomendado a aplicação de compressas de água fria e evitar a exposição à luz solar. Além disso, os indivíduos infectados devem se manter isolados de 7 a 18 dias, para evitar a transmissão do vírus. Felizmente, é uma condição majoritariamente benigna, com resolução espontânea.
A rubéola é facilmente prevenida por meio da vacinação. A vacina responsável pela imunização é a tríplice viral - que também previne contra o sarampo e a caxumba – e está disponível no calendário regular de vacinação. Sendo assim, devem ser administradas em crianças a partir de 1 ano de idade. São duas doses: a primeira recomendada dos 12 aos 15 meses de idade e a segunda dos 4 aos 6 anos.
A tríplice viral pode ser aplicada também em mães suscetíveis à doença, mas somente logo após o parto, já que ela é contraindicada durante a gravidez. Para mais, as mulheres imunizadas devem evitar a gravidez por 28 dias. Isso porque pode haver uma transmissão transplacentária no início da gestação. No entanto, a vacina não é responsável por causar a Síndrome da Rubéola Congênita.
O que é a Síndrome da Rubéola Congênita?
A Síndrome da Rubéola Congênita acontece quando o vírus é transmitido verticalmente via transplacentária. Quanto menor a idade gestacional que isso ocorre, maior as chances de complicações. Essas variam de malformações fetais até o abortamento. Dentro do quadro clínico do recém-nascido portador de Rubéola Congênita, os quatro achados mais clássicos são: catarata congênita, surdez congênita (sendo esse o achado mais precoce), malformações cardíacas e microcefalia.

A sorologia IgG para rubéola deve ser realizada no início de toda gestação e repetida em gestantes soronegativas com suspeita clínica. O diagnóstico é feito pela presença de IgM, soroconversão de IgG ou aumento ≥ 4 vezes dos títulos de IgG entre a fase aguda e a convalescença. A infecção fetal pode ser feita pela detecção do vírus no líquido amniótico, IgM específica no sangue fetal ou PCR-TR em sangue fetal ou biópsia de vilosidade coriônica.
Em lactentes com suspeita, a persistência de IgG após o período de 6 a 12 meses sugere infecção congênita, e a detecção de IgM é indicativa, mas pode ter falsos positivos. O vírus pode ser isolado em amostras de nasofaringe, urina, LCR, leucócitos e conjuntiva, sendo a nasofaringe a amostra mais sensível. Infelizmente, não há tratamento específico para a Rubéola Congênita, apenas manejo de suas complicações.
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FONTES:
- BRASIL. Ministério da Saúde. Síndrome da Rubéola Congênita.
- JENKINS, C.; LIVINGSTON, B. Rubella. In: STATPEARLS. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2023.
- ATMAR, R. L. Rubella virus. In: BENNETT, J. E.; DOLIN, R.; BLOOMER, M. J. (Eds.). Mandell, Douglas, and Bennett's Principles and Practice of Infectious Diseases. Philadelphia: Elsevier, 2019.