Durante a adolescência, o atraso do desenvolvimento de caracteres sexuais secundários pode ser um motivo de grande preocupação dos pais, assim como de angústia dos jovens. Mesmo diante da alta probabilidade de ser uma característica constitucional e benigna, a Puberdade tardia deve ser investigada, para diferenciação com outras patologias importantes.
O que é a puberdade tardia?
A puberdade tardia, também chamada de puberdade atrasada, trata-se de um retardo no início das mudanças físicas e biológicas do desenvolvimento associado à puberdade. De acordo com a fisiologia habitual, esse processo deve acontecer entre 8 a 13 anos nas meninas e 9 a 14 anos nos meninos. O primeiro sinal feminino será a telarca, enquanto o primeiro sinal masculino será o aumento do volume testicular.
Ela é definida como a ausência de telarca após os 13 anos nas meninas e ausência de aumento do volume testicular após os 14 anos nos meninos. Epidemiologicamente, o atraso do início da puberdade é mais comum de ocorrer nos meninos, enquanto o adiantamento dela, conhecida como Puberdade Precoce, é mais comum nas meninas.
Quais as causas?
Existem 3 principais grupos de etiologias para a Puberdade Tardia: o Retardo constitucional, o Hipogonadismo hipogonadotrófico e o Hipogonadismo hipergonadotrófico.
Retardo constitucional
O atraso Constitucional é mais comum nos meninos do que nas meninas, se apresenta em adolescentes saudáveis e está associado à história familiar semelhante. Apesar do atraso dos caracteres secundários, a estatura e velocidade de crescimento é compatível com a idade óssea.
Hipogonadismo hipogonadotrófico
O hipogonadismo hipogonadotrófico está associado à baixa a liberação hormonal central, podendo ser classificado em funcional ou permanente. Quando funcional, se apresenta como transitória e está associada a estresses orgânicos momentâneos, como excesso de atividade física, desnutrição ou doenças crônicas. Já o quadro permanente é advindo de uma hipoatividade do eixo de maior duração, como na Síndrome de Kallmann e a Síndrome de Prader-Willi.
Hipogonadismo hipergonadotrófico
O hipogonadismo hipergonadotrófico será diferente do contexto citado anteriormente, visto que a porção central do eixo hormonal (Hipotálamo e Hipófise) estarão com seu funcionamento e liberação normais, com altos níveis de FSH e LH, sendo a puberdade tardia resultado da ausência de hormônios que deveriam estar sendo produzidos pelas gônadas. Exemplos disso são: Síndrome de Turner e Síndrome de Klinefelter.
Sinais e sintomas da puberdade tardia
A puberdade tardia será um achado de exame físico bem definido seguindo as Tabelas de Tanner. Essa é uma representação visual das alterações correspondentes em cada sexo, associando ao período de ocorrência. Veja abaixo:
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Além disso, a puberdade tardia pode influenciar o desenvolvimento muscular e ósseo, atrasando o crescimento em estatura e resultando em uma massa magra abaixo do esperado para a idade. As alterações hormonais associadas à puberdade, como a maturação sexual atrasada, podem causar impacto na saúde emocional, contribuindo para sintomas de ansiedade e baixa autoestima, especialmente quando há discrepância perceptível em relação aos outros jovens do mesmo meio social.
Diagnóstico
Além do exame clínico e anamnese, essa é uma condição onde os exames laboratoriais e dosagem hormonais serão essenciais, principalmente para diferenciar causas benignas de patológicas. Na avaliação inicial, serão solicitados: FSH e LH, visando avaliar a porção central do eixo hipotálamo-hipófise-gônada, além da Testosterona (nos meninos) e Estradiol (nas meninas) para mensurar a atividade gonadal e poder distinguir o foco caso seja um Hipogonadismo.
Caso os níveis séricos de Testosterona venham > 20 ng/dL nos meninos, esse valor geralmente prediz que o desenvolvimento puberal deve acontecer nos próximos 12 a 15 meses seguintes, sendo necessária a reavaliação nesse período para confirmar essa suspeita ou prosseguir com a investigação diagnóstica.
Ademais, a idade óssea é solicitada para ambos os sexos, enquanto a ultrassonografia pélvica é requisitada apenas para as meninas para visualizar ovários e útero. De acordo com a suspeita clínica, pode ser que se aplique a necessidade de ver o cariótipo, quando suspeita-se de síndrome genética, e teste de GnRH para estimular a liberação de LH/FSH e sua avaliação no momento de pulso.
Tratamento para puberdade tardia
Sendo diagnosticada a puberdade constitucional, o tratamento será individualizado de acordo com as expectativas e desejos do(a) paciente e sua família. Na maioria dos casos, acompanhamento com a pediatria ou endocrinopediatria será o suficiente para manejo. Porém, caso esse atraso resulte em estresse social e emocional, é possível realizar tratamento com baixas doses de Testosterona (nos meninos) e Estradiol (nas meninas). Esses não causam grandes efeitos adversos.
Nos casos de hipogonadismo persistente, seja por insuficiência gonadal ou por danos maiores ao eixo hormonal, o curso de esteroides sexuais será mais prolongado, com o mesmo esquema de Testosterona no sexo masculino e Estradiol no sexo feminino. Lembrando que, uma vez que as doenças primárias dessa condição são diversas, os tratamentos também devem adequar-se a elas.
Conclusão
Dessa forma, a puberdade tardia, caracterizada pelo desenvolvimento sexual depois da faixa etária esperada, pode ter impactos físicos e emocionais significativos. O diagnóstico baseado principalmente nas dosagem hormonais é necessário para evitar complicações e garantir uma abordagem terapêutica adequada, muitas vezes envolvendo intervenções hormonais sob supervisão de especialistas.
Vamos revisar o que acabamos de discutir com uma aula de Dr. Thiago Arruda sobre ALTERAÇÕES NA PUBERDADE:
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