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Publicado em
1/1/25

Osteoporose: fisiopatologia, classificação e sintomas

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Osteoporose: fisiopatologia, classificação e sintomas

A osteoporose é uma condição metabólica do osso caracterizada por uma redução da densidade mineral óssea (DMO) e alterações na microarquitetura óssea, levando a um aumento da fragilidade óssea e, consequentemente, do risco de fraturas. 

Considerada um problema global de saúde pública, estima-se que afete centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente mulheres pós-menopáusicas e idosos. Este texto tem como objetivo oferecer uma abordagem abrangente sobre a osteoporose, abordando desde os aspectos fisiopatológicos até as estratégias de tratamento.

O que é a osteoporose?

A osteoporose é definida como uma doença esquelética sistêmica em que ocorre diminuição da resistência óssea, predispondo a fraturas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o diagnóstico é confirmado quando a DMO, medida por densitometria óssea (DXA), apresenta um T-score menor ou igual a -2,5 desvios-padrão em relação à média de adultos jovens saudáveis.

Fisiopatologia da osteoporose

Diferença entre um osso saudável (esquerda) e o da osteoporose (direita)
Diferença entre um osso saudável (esquerda) e o da osteoporose (direita). Fonte: Blog Dra. Sílvia Souza

O tecido ósseo está em constante remodelação, processo mediado por osteoclastos (reabsorção óssea) e osteoblastos (formação óssea). A osteoporose resulta de um desequilíbrio entre esses processos, onde a reabsorção óssea excede a formação, levando a uma perda progressiva de massa óssea. Os principais mecanismos envolvidos incluem:

  • Deficiência de estrogênio: comum em mulheres pós-menopáusicas, reduz a inibição da atividade osteoclástica.
  • Envelhecimento: reduz a capacidade osteoblástica de formar novo osso.
  • Desequilíbrios hormonais: hiperparatireoidismo e hipovitaminose D, que afetam a homeostase do cálcio.
  • Inflamação crônica: aumento de citocinas inflamatórias, como TNF-α e IL-6, que promovem a reabsorção óssea.

Como é classificada a osteoporose?

Primária

  • Tipo I: Associada à menopausa (perda acelerada de osso trabecular).
  • Tipo II: Relacionada ao envelhecimento (perda de osso trabecular e cortical).

Secundária

Decorrente de condições ou medicamentos, como:

  • Uso crônico de corticosteroides.
  • Doenças endócrinas (hipertireoidismo, diabetes tipo 1).
  • Doenças reumáticas (artrite reumatoide).
  • Distúrbios gastrointestinais (doença celíaca, doença de Crohn).

Fatores de risco

Os principais fatores de risco incluem:

Não modificáveis

  • Idade avançada.
  • Sexo feminino.
  • Histórico familiar de osteoporose ou fraturas.
  • Raça caucasiana ou asiática.

Modificáveis

  • Dieta pobre em cálcio e vitamina D.
  • Sedentarismo.
  • Tabagismo e consumo excessivo de álcool.
  • Baixo índice de massa corporal (IMC).

Sintomas da osteoporose

Exame de imagem mostrando uma fratura por compressão osteoporótica
Fratura por compressão osteoporótica. Fonte: MSD manuals

A osteoporose é frequentemente chamada de "doença silenciosa", pois pode ser assintomática até a ocorrência de uma fratura. Quando presentes, os sintomas podem incluir:

  • Dor óssea ou musculoesquelética, particularmente em regiões como coluna lombar
  • Perda de estatura e cifose (devido a fraturas vertebrais)
  • Fraturas de baixa energia, principalmente em quadril, punho e coluna

Veja Também:

Como diagnosticar a osteoporose?

O diagnóstico da osteoporose baseia-se em:

História clínica e exame físico

Avaliação de fatores de risco, histórico de fraturas patológicas e dor.

Densitometria óssea (DXA)

Considerado o padrão-ouro para avaliação da DMO.

T-score

Comparado com a média de adultos jovens.

Z-score

Exemplo de densitometria óssea
Exemplo de densitometria óssea. Fonte: Medicina diagnóstica 

Comparado com indivíduos da mesma faixa etária e sexo.

Exames laboratoriais

Eles são realizados para excluir causas secundárias. Dentre os exames estão: dosagem de cálcio, vitamina D, hormônios da tireoide, paratormônio (PTH), e marcadores de remodelação óssea.

Avaliação de risco de fratura

Ferramentas como FRAX podem estimar o risco de fraturas em 10 anos.

Qual o tratamento para a osteoporose?

O tratamento da osteoporose visa reduzir o risco de fraturas por meio de intervenções farmacológicas e não farmacológicas.

Tratamento não farmacológico

  • Dieta: Ingestão adequada de cálcio (1.000-1.200 mg/dia) e vitamina D (800-1.000 UI/dia).
  • Exercício: Atividades com impacto moderado e treino de resistência.
  • Cessação de tabagismo e redução do consumo de álcool.
  • Prevenção de quedas: modificações no ambiente e uso de auxiliares de marcha.

Tratamento farmacológico

Anti Reabsortivos

  • Bifosfonatos (alendronato, risedronato, ácido zoledrônico)
  • Denosumabe (anticorpo monoclonal contra RANKL)

Anabólicos

  • Teriparatida (análogo do PTH)
  • Romosozumabe (inibidor da esclerostina)

Terapia hormonal

  • Indicado em mulheres pós-menopáusicas, com benefícios adicionais para sintomas vasomotores.

Outros

  • Raloxifeno (modulador seletivo do receptor de estrogênio)
  • Suplementos de cálcio e vitamina D, quando necessário

Conclusão

A osteoporose é uma doença prevalente e potencialmente debilitante, mas que pode ser manejada de forma eficaz por meio de estratégias preventivas, diagnóstico precoce e tratamento adequado. A abordagem integrada que combina intervenções não farmacológicas e farmacológicas é essencial para reduzir o risco de fraturas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O papel do médico é crucial no manejo dessa condição, desde a educação do paciente até a seleção do tratamento mais apropriado.

Leia Mais:

FONTES:

  • Manual do Residente de Clínica Médica . 3. ed. Santana de Parnaíba [SP]: Manole, 2023.
  • Harrison's Principles of Internal Medicine. 21. ed. [S. l.: s. n.], 2022.
  • Endocrinologia Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.