A osteoporose é uma condição metabólica do osso caracterizada por uma redução da densidade mineral óssea (DMO) e alterações na microarquitetura óssea, levando a um aumento da fragilidade óssea e, consequentemente, do risco de fraturas.
Considerada um problema global de saúde pública, estima-se que afete centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente mulheres pós-menopáusicas e idosos. Este texto tem como objetivo oferecer uma abordagem abrangente sobre a osteoporose, abordando desde os aspectos fisiopatológicos até as estratégias de tratamento.
O que é a osteoporose?
A osteoporose é definida como uma doença esquelética sistêmica em que ocorre diminuição da resistência óssea, predispondo a fraturas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o diagnóstico é confirmado quando a DMO, medida por densitometria óssea (DXA), apresenta um T-score menor ou igual a -2,5 desvios-padrão em relação à média de adultos jovens saudáveis.
Fisiopatologia da osteoporose
O tecido ósseo está em constante remodelação, processo mediado por osteoclastos (reabsorção óssea) e osteoblastos (formação óssea). A osteoporose resulta de um desequilíbrio entre esses processos, onde a reabsorção óssea excede a formação, levando a uma perda progressiva de massa óssea. Os principais mecanismos envolvidos incluem:
- Deficiência de estrogênio: comum em mulheres pós-menopáusicas, reduz a inibição da atividade osteoclástica.
- Envelhecimento: reduz a capacidade osteoblástica de formar novo osso.
- Desequilíbrios hormonais: hiperparatireoidismo e hipovitaminose D, que afetam a homeostase do cálcio.
- Inflamação crônica: aumento de citocinas inflamatórias, como TNF-α e IL-6, que promovem a reabsorção óssea.
Como é classificada a osteoporose?
Primária
- Tipo I: Associada à menopausa (perda acelerada de osso trabecular).
- Tipo II: Relacionada ao envelhecimento (perda de osso trabecular e cortical).
Secundária
Decorrente de condições ou medicamentos, como:
- Uso crônico de corticosteroides.
- Doenças endócrinas (hipertireoidismo, diabetes tipo 1).
- Doenças reumáticas (artrite reumatoide).
- Distúrbios gastrointestinais (doença celíaca, doença de Crohn).
Fatores de risco
Os principais fatores de risco incluem:
Não modificáveis
- Idade avançada.
- Sexo feminino.
- Histórico familiar de osteoporose ou fraturas.
- Raça caucasiana ou asiática.
Modificáveis
- Dieta pobre em cálcio e vitamina D.
- Sedentarismo.
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool.
- Baixo índice de massa corporal (IMC).
Sintomas da osteoporose
A osteoporose é frequentemente chamada de "doença silenciosa", pois pode ser assintomática até a ocorrência de uma fratura. Quando presentes, os sintomas podem incluir:
- Dor óssea ou musculoesquelética, particularmente em regiões como coluna lombar
- Perda de estatura e cifose (devido a fraturas vertebrais)
- Fraturas de baixa energia, principalmente em quadril, punho e coluna
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Como diagnosticar a osteoporose?
O diagnóstico da osteoporose baseia-se em:
História clínica e exame físico
Avaliação de fatores de risco, histórico de fraturas patológicas e dor.
Densitometria óssea (DXA)
Considerado o padrão-ouro para avaliação da DMO.
T-score
Comparado com a média de adultos jovens.
Z-score
Comparado com indivíduos da mesma faixa etária e sexo.
Exames laboratoriais
Eles são realizados para excluir causas secundárias. Dentre os exames estão: dosagem de cálcio, vitamina D, hormônios da tireoide, paratormônio (PTH), e marcadores de remodelação óssea.
Avaliação de risco de fratura
Ferramentas como FRAX podem estimar o risco de fraturas em 10 anos.
Qual o tratamento para a osteoporose?
O tratamento da osteoporose visa reduzir o risco de fraturas por meio de intervenções farmacológicas e não farmacológicas.
Tratamento não farmacológico
- Dieta: Ingestão adequada de cálcio (1.000-1.200 mg/dia) e vitamina D (800-1.000 UI/dia).
- Exercício: Atividades com impacto moderado e treino de resistência.
- Cessação de tabagismo e redução do consumo de álcool.
- Prevenção de quedas: modificações no ambiente e uso de auxiliares de marcha.
Tratamento farmacológico
Anti Reabsortivos
- Bifosfonatos (alendronato, risedronato, ácido zoledrônico)
- Denosumabe (anticorpo monoclonal contra RANKL)
Anabólicos
- Teriparatida (análogo do PTH)
- Romosozumabe (inibidor da esclerostina)
Terapia hormonal
- Indicado em mulheres pós-menopáusicas, com benefícios adicionais para sintomas vasomotores.
Outros
- Raloxifeno (modulador seletivo do receptor de estrogênio)
- Suplementos de cálcio e vitamina D, quando necessário
Conclusão
A osteoporose é uma doença prevalente e potencialmente debilitante, mas que pode ser manejada de forma eficaz por meio de estratégias preventivas, diagnóstico precoce e tratamento adequado. A abordagem integrada que combina intervenções não farmacológicas e farmacológicas é essencial para reduzir o risco de fraturas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O papel do médico é crucial no manejo dessa condição, desde a educação do paciente até a seleção do tratamento mais apropriado.
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FONTES:
- Manual do Residente de Clínica Médica . 3. ed. Santana de Parnaíba [SP]: Manole, 2023.
- Harrison's Principles of Internal Medicine. 21. ed. [S. l.: s. n.], 2022.
- Endocrinologia Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.