Carreira
Publicado em
27/2/25

Entenda as mudanças no panorama da residência médica no Brasil

Escrito por:
Entenda as mudanças no panorama da residência médica no Brasil

As mudanças nos padrões de residência médica no Brasil foram analisadas na nova Demografia Médica, estudo da Universidade de São Paulo (USP), junto à Secretaria de Educação Superior (Sesu). O estudo analisou os dados dos médicos residentes de 2018 a 2024 e demonstrou que a defasagem entre o número de médicos formados por ano e de vagas de R1 vem crescendo. Confira abaixo as principais informações sobre o cenário da residência médica no Brasil.

Número de vagas de residência médica 

Como dito, o número de médicos formados vem crescendo num ritmo bem maior que o de vagas de residência médica. Por causa disso, atualmente existem mais de 210 mil médicos sem nenhuma especialização - sem residência médica ou título obtido através de uma sociedade médica. 

Distribuição Geográfica

O número de vagas de residência cresceu quase 20% de 2018 a 2024 nacionalmente, com o maior aumento sendo na região nordeste, que teve uma oferta de 33,4% de vagas de R1%. 

Apesar disso, a concentração de vagas em uma única região do país ainda chama bastante atenção: no ano passado mais da metade de todos os residentes estavam na região sudeste e só São Paulo possuía cerca de um terço desses profissionais, enquanto onze estados possuíam cerca de apenas 1% cada. 

Atualmente são 1.011 instituições que ofertam vagas de residência médica, e elas também possuem distribuição desigual: dez delas concentram 11,6% de todos os residentes e apenas uma não está localizada no estado de São Paulo. Além disso, sete destas são instituições públicas. 

Instituições com maior número de médicos residentes: 

  1. Faculdade de Medicina da USP – 1.525 residentes
  2. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – 905 residentes
  3. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP – 808 residentes
  4. Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP – 637 residentes
  5. Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – 621 residentes
  6. Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – 603 residentes
  7. Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato Oliveira SP – 560 residentes
  8. Hospital das Clínicas de Porto Alegre – 510 residentes
  9. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Faculdade de Medicina de Botucatu SP – 470 residentes
  10. Faculdade de Medicina do ABC – 433 residentes

Quais as especialidades com mais e menos médicos residentes?

Outro dado importante levantado pela pesquisa, é a distribuição de residentes pelas áreas da medicina. Clínica Médica, Pediatria e Cirurgia Geral contêm juntas 30% do total de residentes, com o top cinco se completando com Ginecologia e Obstetrícia e Anestesiologia, com 8,6% e 6,6% respectivamente. Já na outra ponta e com menos residentes estão Angiologia, Medicina do Tráfego, Homeopatia, Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e Acupuntura. 

Confira a lista completa de especialidades com mais médicos residentes

  1. Clínica Médica – 6.488 (13,6%)
  2. Pediatria – 5.014 (10,5%)
  3. Cirurgia Geral – 4.299 (9,0%)
  4. Ginecologia e Obstetrícia – 4.106 (8,6%)
  5. Anestesiologia – 3.158 (6,6%)
  6. Medicina de Família e Comunidade – 3.079 (6,5%)
  7. Ortopedia e Traumatologia – 2.539 (5,3%)
  8. Psiquiatria – 1.766 (3,7%)
  9. Radiologia e Diagnóstico por Imagem – 1.556 (3,3%)
  10. Medicina Intensiva – 1.602 (3,4%)

Especialidades com menos médicos residentes

  1. Angiologia – 3 (0,0%)
  2. Medicina do Tráfego – 4 (0,0%)
  3. Homeopatia – 9 (0,0%)
  4. Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – 13 (0,0%)
  5. Medicina Legal e Perícia Médica – 17 (0,0%)
  6. Acupuntura – 19 (0,0%)
  7. Nutrologia – 23 (0,0%)
  8. Medicina Preventiva e Social – 24 (0,1%)
  9. Alergia e Imunologia – 24 (0,1%)
  10.  Medicina do Trabalho – 55 (0,1%)

A abertura de novas vagas de residência segue um padrão diferente, e a especialidade com maior quantidade de vagas em números brutos nesse período foi Medicina de Família e Comunidade com 751, seguida por Clínica Médica e Medicina Intensiva, com 679 e 423 vagas. Vale destacar que, enquanto a Clínica possui alta demanda por ser pré-requisito de várias especialidades, o aumento das outras duas parece uma tentativa de superar o déficit de profissionais dessas áreas. Já em números proporcionais, os maiores aumentos foram:  Medicina Intensiva (242,7%), Medicina de Emergência (191,3%), Nutrologia (83,3%) e Genética Médica (80%). 

Leia Mais: