As mudanças nos padrões de residência médica no Brasil foram analisadas na nova Demografia Médica, estudo da Universidade de São Paulo (USP), junto à Secretaria de Educação Superior (Sesu). O estudo analisou os dados dos médicos residentes de 2018 a 2024 e demonstrou que a defasagem entre o número de médicos formados por ano e de vagas de R1 vem crescendo. Confira abaixo as principais informações sobre o cenário da residência médica no Brasil.
Número de vagas de residência médica
Como dito, o número de médicos formados vem crescendo num ritmo bem maior que o de vagas de residência médica. Por causa disso, atualmente existem mais de 210 mil médicos sem nenhuma especialização - sem residência médica ou título obtido através de uma sociedade médica.

Distribuição Geográfica
O número de vagas de residência cresceu quase 20% de 2018 a 2024 nacionalmente, com o maior aumento sendo na região nordeste, que teve uma oferta de 33,4% de vagas de R1%.
Apesar disso, a concentração de vagas em uma única região do país ainda chama bastante atenção: no ano passado mais da metade de todos os residentes estavam na região sudeste e só São Paulo possuía cerca de um terço desses profissionais, enquanto onze estados possuíam cerca de apenas 1% cada.

Atualmente são 1.011 instituições que ofertam vagas de residência médica, e elas também possuem distribuição desigual: dez delas concentram 11,6% de todos os residentes e apenas uma não está localizada no estado de São Paulo. Além disso, sete destas são instituições públicas.
Instituições com maior número de médicos residentes:
- Faculdade de Medicina da USP – 1.525 residentes
- Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – 905 residentes
- Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP – 808 residentes
- Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP – 637 residentes
- Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – 621 residentes
- Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – 603 residentes
- Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato Oliveira SP – 560 residentes
- Hospital das Clínicas de Porto Alegre – 510 residentes
- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Faculdade de Medicina de Botucatu SP – 470 residentes
- Faculdade de Medicina do ABC – 433 residentes
Quais as especialidades com mais e menos médicos residentes?
Outro dado importante levantado pela pesquisa, é a distribuição de residentes pelas áreas da medicina. Clínica Médica, Pediatria e Cirurgia Geral contêm juntas 30% do total de residentes, com o top cinco se completando com Ginecologia e Obstetrícia e Anestesiologia, com 8,6% e 6,6% respectivamente. Já na outra ponta e com menos residentes estão Angiologia, Medicina do Tráfego, Homeopatia, Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e Acupuntura.
Confira a lista completa de especialidades com mais médicos residentes
- Clínica Médica – 6.488 (13,6%)
- Pediatria – 5.014 (10,5%)
- Cirurgia Geral – 4.299 (9,0%)
- Ginecologia e Obstetrícia – 4.106 (8,6%)
- Anestesiologia – 3.158 (6,6%)
- Medicina de Família e Comunidade – 3.079 (6,5%)
- Ortopedia e Traumatologia – 2.539 (5,3%)
- Psiquiatria – 1.766 (3,7%)
- Radiologia e Diagnóstico por Imagem – 1.556 (3,3%)
- Medicina Intensiva – 1.602 (3,4%)
Especialidades com menos médicos residentes
- Angiologia – 3 (0,0%)
- Medicina do Tráfego – 4 (0,0%)
- Homeopatia – 9 (0,0%)
- Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – 13 (0,0%)
- Medicina Legal e Perícia Médica – 17 (0,0%)
- Acupuntura – 19 (0,0%)
- Nutrologia – 23 (0,0%)
- Medicina Preventiva e Social – 24 (0,1%)
- Alergia e Imunologia – 24 (0,1%)
- Medicina do Trabalho – 55 (0,1%)
A abertura de novas vagas de residência segue um padrão diferente, e a especialidade com maior quantidade de vagas em números brutos nesse período foi Medicina de Família e Comunidade com 751, seguida por Clínica Médica e Medicina Intensiva, com 679 e 423 vagas. Vale destacar que, enquanto a Clínica possui alta demanda por ser pré-requisito de várias especialidades, o aumento das outras duas parece uma tentativa de superar o déficit de profissionais dessas áreas. Já em números proporcionais, os maiores aumentos foram: Medicina Intensiva (242,7%), Medicina de Emergência (191,3%), Nutrologia (83,3%) e Genética Médica (80%).
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