O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) ainda é muito prevalente, com 36,2 milhões de casos no mundo. Ele pode ser dividido em dois subtipos: HIV 1 e 2.
Ele traz graves consequências devido ao estado de imunodeficiência que produz, tornando o indivíduo vulnerável a infecções e neoplasias oportunistas.
Além disso, a infecção crônica por esse patógeno, causa um processo inflamatório crônico, que está associado a complicações metabólicas, como aumento do risco cardiovascular.
Vamos entender um pouco sobre esta infecção, e quais as diferenças entre os subtipos virais HIV 1 e 2.
Conheça os tipos de HIV 1 e 2
HIV 1
O HIV-1 é amplamente disseminado e é o maior responsável pela pandemia de HIV.
HIV 2
O HIV-2 se concentra em algumas regiões específicas, principalmente no oeste africano, onde é endêmico.
Quais as diferenças do HIV 1 e 2?
Transmissão
Os dois subtipos possuem meios semelhantes de transmissão, sendo o principal por relação sexual desprotegida, além de exposição a sangue e contaminação perinatal.
Mas o HIV-2 é menos infeccioso que o HIV-1, e está associado a menores níveis de viremia.
Além disso, nos pacientes infectados por HIV-2, há uma menor liberação de vírus pela região genital, tornando a infecção por via sexual menos eficiente.
Evolução da infecção
Além de ser menos infeccioso, o HIV-2 também é menos patogênico que o HIV-1, e provoca uma queda mais lenta dos níveis de linfócitos CD4+. Ele está associado a menores níveis de viremia.
Por essas razões, a fase assintomática da infecção por HIV-2 é mais longa do que no HIV-1: em média o tipo 2 demora 14 anos para produzir o estágio da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), ao passo que o tipo 1 demora 6 anos.
A menor virulência do HIV-2 também está associada a menores níveis de mortalidade nos pacientes infectados, inclusive, mesmo comparando dois pacientes infectados com tipos diferentes, mas com contagens de CD4+ iguais, a mortalidade associada ao vírus tipo 2 é menor. Mas a mortalidade se iguala em pacientes com doença avançada.
HIV 1 e 2: principais sintomas
Os sintomas produzidos pelos dois tipos virais são semelhantes, assim como as infecções oportunistas.
Vale lembrar que algumas pessoas desenvolvem após 2-4 semanas da infecção, um quadro de Síndrome Retroviral Aguda, que se manifesta por com uma síndrome mononucleose-like (febre, faringite e linfadenopatia generalizada), mas com duração autolimitada.
Após esse quadro, os pacientes entram em uma longa fase assintomática, que dura em torno de 10 anos, mas é mais longa no HIV-2, e praticamente a única manifestação possível é a linfadenopatia generalizada.
Ambos os vírus provocam queda progressiva dos níveis de linfócitos CD4+, até que atingem a fase de AIDS, determinada por níveis de CD4+ <200 células/mm³ ou pelo desenvolvimento de doenças definidoras de AIDS (como candidíase esofageana, pneumocistose pulmonar, sarcoma de Kaposi).
A possibilidade da infecção pelo subtipo 2 deve ser considerada em pacientes que possuem vínculo epidemiológico.
E ainda, naqueles que apresentam confirmação sorológica da infecção, mas com carga viral muito baixa ou indetectável, ou que apresentam queda dos níveis de CD4+ mesmo com o uso de Terapia Antirretroviral (TARV).
Como é feito o diagnóstico do HIV 1 e 2?
HIV-1
A infecção pelo HIV-1 é confirmada através de testes sorológicos, em geral basta um teste de imunoensaio enzimático reagente (ELISA) e um teste confirmatório como o Imunoblot, WesternBlot, ou testes moleculares.
Ademais, o diagnóstico também pode ser feito utilizando testes rápidos a base de imunocromatografia, sendo que dois testes rápidos de tipos diferentes positivos já confirmam a infecção.
Após o diagnóstico, deve-se dosar a carga viral.
HIV-2
Os testes sorológicos para HIV-1 podem ser reagentes por reação cruzada ao HIV-2, mas também podem não detectar esse tipo viral.
Desse modo, na suspeita de infecção pelo tipo 2 deve-se usar os testes específicos para ele.
Entretanto, não são amplamente disponíveis, dessa maneira é necessário enviar as amostras para o Laboratório Nacional de Referência para esse subtipo.
Para realizar esse procedimento é necessário o preenchimento de pelo menos um critério de suspeição, sendo eles:
- Vínculo epidemiológico com países endêmicos para HIV-2 (África Ocidental) ou parcerias sexuais provenientes desses países ou com diagnóstico de HIV-2
- Exposição a sangue de pessoas sabidamente portadoras do HIV-2 ou provenientes de países endêmicos
- Suspeita clínica de AIDS mas com testes para HIV-1 não reagentes
- Pacientes com sintomas ou contagem de CD4+ decrescente, mas carga viral para HIV-1 não detectável
- Imunoensaio (ELISA) reagente e testes avançados (WesternBlot, ImunoBlot) ou moleculares não reagentes
- Testes Sorológicos reagentes para HIV-2
Tratamentos para HIV 1 e 2
O tratamento para o Vírus da Imunodeficiência Humana independente do tipo, deve ser iniciado o quanto antes, independente da carga viral ou contagem de CD4+.
Para o subtipo 1 existe uma ampla disponibilidade de drogas, sendo o esquema preferencial atualmente Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Dolutegravir (DTG).
Já para o 2, muitas das drogas disponíveis são ineficazes. Ele apresenta resistência às seguintes drogas:
- Todos os Inibidores da Transcriptase Reversa Não Análogos de Nucleosídeos (ITRNN): Efavirenz (EFZ) e Nevirapina (NVP)
- Todos os Inibidores de Fusão (IF): Enfuvirtida (EFV/T-20), Maraviroque (MVQ)
- Alguns Inibidores da Protease (IP): Atazanavir (ATV)
Assim, nesses pacientes o esquema preferencial é: Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Darunavir/ritonavir (DRV/r). E o esquema inicial alternativo é semelhante ao esquema clássico (TDF+3TC+DTG).
Para mais, o HIV-2 desenvolve resistência mais rapidamente. E após o início do tratamento, os pacientes apresentam recuperação da contagem de CD4+ mais lentamente que os infectados por HIV-1.
Nos pacientes com o subtipo 2, o acompanhamento da carga viral é mais complexo, pela indisponibilidade do exame.
Deste modo, o monitoramento da resposta é feito principalmente através da avaliação da contagem de CD4+, que deve ser dosada a cada 6 meses em pacientes estáveis.
Qual é a diferença entre o HIV 1 e 2?
As principais peculiaridades do vírus tipo 2 é a sua restrição a áreas endêmicas, seu curso mais lento e menor infecciosidade.
Além disso, os testes usualmente utilizados podem não detectá-lo, e, por isso, testes específicos de acesso restrito devem ser utilizados.
Por fim, há maior risco de desenvolvimento de resistência à TARV, e o próprio vírus já apresenta resistência intrínseca a alguma das drogas, de modo que seu esquema inicial preferencial é TDF+3TC+DRV/r.
Conclusão
O principal responsável pela pandemia do HIV no mundo, é o HIV-1, mas é importante conhecermos as características associadas ao HIV-2, para sabermos quando suspeitar dessa condição e como tratá-la adequadamente.
Esse subtipo de vírus é mais comum no ocidente africano, e causa infecções mais brandas, com quedas mais lentas das contagens de CD4+ e menor viremia. Porém, apresenta resistência a muitas drogas antirretrovirais comuns, e seu esquema preferencial é Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Darunavir/ritonavir (DRV/r.
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