A Infectologia é uma especialidade médica que ganhou bastante projeção durante a pandemia. Isso porque, a área é responsável por estudar as doenças infecciosas, como a Covid-19, e parasitárias, bem como os seus tratamentos. Assim, entre 2012 e 2022 o número de residentes da área saltou de 2.591 para 4.736, um aumento de mais de 80%, segundo a Demografia Médica de 2023.
Para saber mais sobre esta especialidade, acompanhe este texto que fala sobre a rotina do residente em infectologia, as áreas de atuação, o mercado de trabalho e o perfil do profissional.
O que é a Infectologia?
A Infectologia é a área médica responsável pelo estudo, diagnóstico e tratamento das doenças causadas por patógenos como bactérias, fungos, protozoários e vírus. Devido ao grande leque de patologias dentro da área, o Infectologista costuma ter conhecimento de diversas áreas da medicina como epidemiologia, Clínica Médica, Pediatria, Imunologia e entre outras.
Por isso, o Infectologista costuma ser considerado, junto da Reumatologista, profissionais coringas com grande qualidade clínica. Na Infectologia é possível que o médico se aprofunde em temas específicos como infecções hospitalares ou em transplantados, epidemiologia, hepatites e diagnóstico laboratorial.
Eles podem atuar também em comissões de infecção hospitalar e nas imunizações, como na medicina de viagem, responsável por determinar as vacinas e a profilaxia de acordo com o destino do viajante. Por causa da sua formação clínica, o infectologista também pode atuar como médico generalista, sobretudo em serviços ambulatoriais.
Qual o perfil da Infectologia atualmente no Brasil?
A pesquisa Demografia Médica 2023, realizada pela Associação Médica Brasileira em parceria com a USP, ajudou a traçar um perfil sobre os mais de 4.700 infectologistas no país. Segundo o estudo, essa especialidade é composta principalmente por mulheres, com 58,4% do total desses profissionais, contra 41,6% de homens. Além disso, a média de idade é de 46 anos e a maioria dos infectologistas residem nas capitais do sudeste brasileiro.
Por região do país:
- 56,8% dos formados em Infectologia residem no Sudeste;
- 17% no Nordeste;
- 11,8% no Sul;
- 8,3% no Centro-Oeste;
- E 6,1% na região Norte.
Já a divisão por tipo de município é da seguinte forma:
- 65,3% desses profissionais residem em alguma capital brasileira;
- 28,2% em cidades do interior;
- E 6,5 na região metropolitana.
Quais as características de um bom infectologista?
O infectologista precisa ter um conhecimento muito diversificado, já que a especialidade se intersecciona com algumas outras. Além de ser um exímio conhecedor das ciências médicas, ele também precisa de um amplo conhecimento em biologia e microbiologia. Por ser especialidade clínica, é necessário fazer com o que paciente se sinta à vontade, e confie em você já que o perfil dos atendimentos é, em sua maioria, doenças sensíveis e rodeadas de estigma como HIV e Hepatites. Ainda, como a própria especialidade pede, o médico precisa considerar o contexto sociodemográfico e institucional em que o paciente está inserido.
Como é a residência médica em Infectologia?
A residência médica em Infectologia é de acesso direto e possui três anos de duração. Ao longo da formação, o médico aprende sobre a fisiopatologia das mais variadas doenças como sarampo, leptospirose, coqueluche e esquistossomose e sobre os mais variados métodos diagnósticos e tratamentos. Ao contrário de outras especialidades, essa residência costuma respeitar a carga horária de 60 horas, mesmo havendo plantões - que normalmente são em Clínica Médica.
A resolução de 2006 da Comissão Nacional de Residência Médica determina uma infra-estrutura mínima para conceder a formação nesta área. Assim, é indicado que as instituições tenham pelo menos: laboratório de análises clínicas com microbiologia e imunologia, serviço de Patologia, preferencialmente com necropsia e setor de diagnóstico por imagem.
Além disso, deve fazer parte da rotina do residente, ao longo de três anos, as idas as unidades de internação, ambulatórios, urgência e emergência, interconsultas e leitos do dia. E ainda, no último ano o médico que está na residência médica em Infectología deve aprender sobre a racionalização e controle de antimicrobianos, consultoria à assistência de pacientes internados e controle e prevenção de infecções hospitalares.
No terceiro ano o médico também deve passar por laboratórios especializados como o de hepatites virais, Infecções Sexualmente Transmissíveis, tuberculose e pacientes imunocomprometidos. Os estágios opcionais e as atividades teóricas como os clubes de revistas também fazem parte da rotina do residente nesta área.
No entanto, é interessante ressaltar que o perfil da residência varia muito a depender da instituição escolhida. Ao cursar a especialização é um hospital de referência em Infectologia, o residente costuma ter a carga horária preenchida por componentes específicos da área desde muito cedo no curso, além de poder ver casos muito complexos com maior frequência - o que pode não acontecer ao pegar uma unidade generalista, com pouca atenção à área.
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, atualmente 73 instituições oferecem a residência em Infectologia no Brasil, você pode conferir a lista clicando aqui.
O que estudar para ser um residente em Infectologista?
Por ser uma especialidade de acesso direto, para passar na residência médica em Infectologia é necessário conhecimento profundo das cinco áreas básicas da medicina, além de entender como a banca que você quer costuma cobrar assunto.
Mas a sua preparação para a residência médica não precisa ser um sofrimento: o Eu Médico Residente oferece cursos extensivos, semi-extensivos e intensivos que te ensinam o que realmente importa para a sua banca, além de se encaixar no tempo de preparação que você tem. Não perca a chance de experimentar a plataforma de ensino médico que já aprovou milhares de médicos na residência dos sonhos em todo o país.
Como funciona a rotina profissional do Infectologista?
A rotina do infectologista costuma ser majoritariamente clínica, atendendo pacientes tanto na rede privada como no SUS. Esse especialista costuma ser bastante requisitado em hospitais para fazer interconsultas com outros especialistas, além de também atuar em campanhas educativas sobre doenças infecciosas.
Por estar constantemente atuando com doenças transmissíveis, a área costuma ter um alto risco ocupacional inerente. Além disso, a rotina do especialista pode variar muito a depender da área de atuação dele. Assim, confira abaixo algumas das principais subáreas da Infectologia.
Medicina tropical
Aqui são estudadas as doenças infecto-parasitárias que possuem uma maior incidência nos trópicos, como: hanseníase, doença de chagas, raiva, cisticercose e as helmintíases. Assim como a medicina do viajante, ela faz parte da Infectologia Ambulatorial, que é a mais buscada pelos profissionais. Sendo essa área menos complexa e possuindo uma alta demanda de pacientes.
A rotatividade deles é alta, pois a maioria das infecções diagnosticadas possuem um tratamento simples. Assim, as doenças mais comuns atendidas, diagnosticadas e tratadas pelo médico são as hepatites virais, as IST 's, o HIV e as infecções em geral.
Infectologia hospitalar
Aqui os pacientes atendidos já estão na fase aguda ou com um quadro mais grave de uma doença que não foi possível controlar no atendimento ambulatorial. O infectologista lida com as internações, além do tratamento. O atendimento humanizado deve estar ainda mais presente para quem escolhe essa área de atuação.
Controle de infecção hospitalar
Qualquer hospital ou clínica que possua uma ala de internação deve ter uma área de controle de infecção hospitalar. O infectologista que atua nesta área está diretamente ligado às comissões que cuidam da qualidade dos atendimentos e da segurança dos pacientes.
Dessa maneira, ele é responsável por fazer a análise periódica do perfil dos microrganismos existente no serviço de saúde, a fim de evitar e prevenir possíveis surtos. Para mais, o médico deve sempre coordenar e orientar modificações no atendimento hospitalar, sempre buscando prevenir a disseminação das infecções.
Interconsultas em Infectologia
Existe uma alta demanda também pelas interconsultas. Isso porque, independentemente dos motivos que levaram o paciente a buscar um atendimento, ele pode contrair alguma infecção. Sendo assim, médicos especialistas de outras áreas podem pedir ajuda para a interpretação de um exame ou para o diagnóstico e tratamento da doença infecciosa, por exemplo.
Infectologia em saúde pública
O profissional que opta por essa área de atuação lida com aspectos epidemiológicos de toda uma população. Por isso, estuda as características, as formas de transmissão do patógeno e as maneiras de prevenção dos surtos.
Hansenologia
O especialista estuda somente a hanseníase. Ele se aprofunda no conhecimento sobre a doença: tratamento, diagnóstico e prevenção.
Mercado de trabalho e salário
O mercado de trabalho para quem fez a residência médica em Infectologia é bastante amplo, oferecendo muitas oportunidades. Assim o profissional pode trabalhar em hospitais públicos, particulares e em laboratórios, realizando ações para prevenir, diagnosticar, tratar e controlar as doenças infecto-parasitárias.
A média salarial de um infectologista é de R$8.571 por uma jornada de 23 horas semanais. Porém, vale ressaltar que esses profissionais costumam ter uma jornada de trabalho bem maior, o que eleva o salário, assim como possíveis especializações. Isso de acordo com o site salário, que se baseia nos dados do novo CAGED, eSocial e Empregador Web. A faixa salarial fica entre R$8.336,92 e o teto pode chegar a R$17.939,12.
Conclusão
A residência médica em Infectologia visa formar profissionais capazes de trabalhar com a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças infecto-contagiosas. A Infectologia exige um amplo conhecimento em várias áreas das ciências médicas, sobretudo, a Clínica Médica. Por isso, é possível que o especialista trabalhe como um médico generalista.
Ele também pode atuar no atendimento hospitalar ou ambulatorial, na gestão de saúde, na vigilância epidemiológica e no diagnóstico e tratamento de epidemias, por exemplo. É uma área que exige muito trabalho, conhecimento e dedicação do profissional, para que a melhor e mais eficaz conduta seja aplicada.
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