Nessa semana, continuamos a cobertura do Covid-19 falando a respeito de um texto publicado no jornal New York Times, dia 20 de Abril de 2020, que rodou o mundo e chegou aqui.
O artigo
O artigo escrito por Richard Levitan — médico emergencista que se voluntariou para ficar na linha de frente do famoso hospital Bellevue, em Nova York — gira em torno de um aspecto da doença que mencionamos no texto da semana passada: o fato da hipoxemia silenciosa fazer parte de seu quadro clínico e ser um dos grandes fatores determinantes na mortalidade.
No texto, Richard afirma ser algo que ele e seus colegas nunca viram em todos os seus anos de profissão — 30, em seu caso. O médico conta a história de um paciente que chegou ao pronto-socorro com tosse e febre há cerca de uma semana. Ao ser monitorizado no leito, calmamente mexendo em seu celular, reparou-se que a saturação de oxigênio do paciente estava abaixo de 60. E tudo que ele apresentava era uma leve dispneia. “Nos monitores, víamos saturações aparentemente incompatíveis com a vida”, diz. “Apesar de respirarem mais rápido, os pacientes apresentavam dispneia mínima, níveis perigosamente baixos de oxigênio e radiografias de tórax mostrando pneumonias horríveis”.
O emergencista fala um pouco a respeito do mecanismo da doença, que está apenas começando a ser compreendido. Sabe-se que o SARS-CoV-2 ataca as células produtoras de surfactante. Sendo assim, quando a pneumonia causada pelo vírus tem início, os alvéolos começam a colabar devido à queda de sua produção. Mas, ao que tudo indica, o colabamento não provoca a mesma dispneia causada por outros tipos de pneumonia — que costumam inundar os alvéolos com fluidos inflamatórios e causar grande desconforto respiratório.
Conclusões
O texto termina com Richard concluindo que, talvez, a simples compra de um oxímetro de pulso por parte dos pacientes pode ajudar a melhorar as taxas de mortalidade da doença — pois vendo a baixa saturação, eles procurariam ajuda médica antes da doença se tornar crítica. Alguns médicos, no entanto, discordam. Alegam que muitas pessoas podem não saber usar o aparelho ou, ainda, pacientes que já têm uma saturação mais baixa devido a condições prévias de saúde — como uma DPOC — podem acabar procurando o pronto-socorro sem necessidade. Isso superlotaria hospitais que já estão trabalhando além de suas capacidades.
É algo a ser discutido.
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