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Publicado em
31/1/25

Hemorroidas: o que são, sintomas e tratamento

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Hemorroidas: o que são, sintomas e tratamento

As hemorroidas são uma das condições proctológicas mais prevalentes, afetando milhões de indivíduos em todo o mundo. Embora geralmente benignas, podem causar dor, sangramento e desconforto significativo, prejudicando a qualidade de vida. Este documento visa oferecer uma abordagem detalhada para o entendimento, diagnóstico e manejo das hemorroidas, com base nas mais recentes evidências científicas.

O que são hemorroidas?

As hemorroidas são aglomerados de tecido vascularizado, músculo liso e tecido conjuntivo localizados no canal anal. Essas estruturas fisiológicas contribuem para a continência fecal, selando o canal anal em repouso. Quando esses vasos sofrem dilatação ou deslocamento, podem se tornar sintomáticos, levando ao surgimento de sinais clínicos característicos.

Anatomia do Canal Anal
Anatomia do Canal Anal. Fonte: Clínica Médica, Volume 4: Doenças do Aparelho Digestivo, Nutrição e Doenças Nutricionais, 2016

Fisiopatologia

A patogênese das hemorroidas envolve uma combinação de fatores mecânicos e vasculares. A degeneração do tecido conjuntivo associada ao envelhecimento, levando à perda do suporte estrutural dos vasos hemorroidários. Contribuindo a também o aumento da pressão intra-abdominal, devido a condições como constipação crônica, gravidez ou esforço excessivo durante a evacuação e a disfunção do retorno venoso, com congestão dos vasos hemorroidários que contribui para a formação de nódulos. Processos inflamatórios crônicos podem exacerbar e perpetuar os sintomas.

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Classificação

As hemorroidas são classificadas com base em sua localização anatômica e características clínicas:

Internas

Localizadas acima da linha pectínea e cobertas por mucosa.

  • Grau I: Sem prolapso visível.
  • Grau II: Prolapso que se reduz espontaneamente.
  • Grau III: Prolapso que requer redução manual.
  • Grau IV: Prolapso irredutível, muitas vezes associado a complicações.

Externas

Situadas abaixo da linha pectínea e cobertas por epiderme, visíveis ao exame externo.

Imagem mostrando a classificação das hemorroidas internas
Classificação das hemorroidas internas. Fontes: Bray Clinic

O que causa hemorroidas?

Diversos fatores estão associados ao desenvolvimento de hemorroidas:

  • Constipação crônica: Aumenta o esforço evacuatório.
  • Gravidez: Compromete o retorno venoso e aumenta a pressão pélvica.
  • Sedentarismo: Reduz a motilidade intestinal.
  • História familiar: Predisposição genética.
  • Dieta pobre em fibras: Leva a fezes mais endurecidas.
  • Obesidade: Aumenta a pressão intra-abdominal.

Sintomas de hemorroidas

Imagem mostrando hemorroidas externas protuberantes e trombosadas
Hemorroidas externas protuberantes e trombosadas. Fontes: MSD Manuals 

Os sintomas dependem da localização e gravidade. As hemorroidas internas cursam com sangramento indolor durante ou após a evacuação, prolapso mucoso e sensibilidade anal leve. 

Já as hemorroidas externas cursam com sintomatologia mais evidente com dores mais intensa, especialmente se houver trombose. Prurido e irritação perianal, além de edema visível ou palpável também são comuns. Complicações como anemia por perda crônica de sangue, trombose hemorroidária e infecções locais podem estar presentes.

Como realizar o diagnóstico?

O diagnóstico de hemorroidas é primordialmente clínico e baseado em uma anamnese cuidadosa e exame físico minucioso. Os sintomas característicos incluem sangramento retal indolor, prolapso de mucosa, dor perianal e prurido. Inicialmente, deve-se realizar uma avaliação detalhada da história clínica do paciente para identificar fatores precipitantes como constipação crônica, esforço excessivo durante a evacuação, episódios de trombose hemorroidária anterior, entre outros.

Durante o exame físico, a inspeção perianal permite identificar prolapsos visíveis, presença de edema, trombose de hemorroidas externas ou lesões anais associadas. O toque retal deve ser realizado com cuidado, pois permite a avaliação do tônus esfincteriano, identificação de massas ou nódulos suspeitos e exclusão de outras causas de sangramento anal.

A anoscopia é considerada um exame fundamental para confirmar o diagnóstico de hemorroidas internas. Esse procedimento oferece uma visão direta do canal anal e permite a classificação das hemorroidas de acordo com o grau de prolapso. Em casos de sangramento persistente ou presença de fatores de risco para neoplasias colorretais, é indicada a realização de colonoscopia para descartar outras patologias do trato gastrointestinal.

Tratamento para hemorroidas

O tratamento das hemorroidas deve ser individualizado com base na gravidade dos sintomas, classificação da doença e resposta ao manejo inicial. Em casos leves, medidas conservadoras podem ser eficazes para controle sintomático e prevenção de agravamento. Isso inclui recomendações dietéticas como o aumento da ingestão de fibras e líquidos, visando melhorar a consistência das fezes e reduzir o esforço evacuatório. Banhos de assento em água morna podem aliviar a irritação e dor local

Além disso, a orientação para evitar o uso excessivo de papel higiênico e esforço durante a evacuação é fundamental. Nos casos moderados a graves, o tratamento farmacológico pode incluir o uso de flebotônicos para melhora da circulação venosa, bem como pomadas e supositórios contendo corticosteróides e anestésicos locais para controle da inflamação e alívio da dor. 

Quando essas medidas não são suficientes, procedimentos minimamente invasivos podem ser indicados. Entre eles, a ligadura elástica é amplamente utilizada para hemorroidas de graus I a III, sendo eficaz na redução do prolapso e sangramento. Outras opções incluem a escleroterapia, que consiste na injeção de agentes esclerosantes para obliterar os vasos hemorroidários, e a fotocoagulação infravermelha, que promove a coagulação dos vasos sanguíneos afetados.

Imagem ilustrativa do tratamento de Hemorroidas Internas por ligadura elástica
Tratamento de Hemorroidas Internas por ligadura elástica. Fonte: Uroprocto 

Para casos refratários ou de hemorroidas de grau IV, o tratamento cirúrgico torna-se necessário. A hemorroidectomia tradicional continua sendo o padrão-ouro para esses casos, proporcionando resolução definitiva dos sintomas. Procedimentos mais modernos, como a hemorroidopexia com grampeador, também podem ser considerados dependendo das condições do paciente e preferências do cirurgião. Em situações de hemorroidas externas trombosadas, a excisão do trombo oferece alívio imediato da dor e deve ser realizada o mais precocemente possível.

Conclusão

O manejo eficaz das hemorroidas depende de uma abordagem abrangente e individualizada. A adoção de medidas preventivas, diagnóstico precoce e intervenções adequadas contribuem para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

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