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Publicado em
10/1/23

Doença de Plummer: o que é, sintomas e tratamento

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Doença de Plummer: o que é, sintomas e tratamento

A Doença de Plummer, descoberta por Henry Plummer em 1913, também é conhecida como bócio multinodular tóxico. Ela é uma afecção que acomete a tireoide, sendo considerada a segunda principal causa de hipertireoidismo. As mulheres são mais acometidas, principalmente aquelas acima dos 50 anos de idade. 

Neste post iremos abordar o que é a Doença de Plummer, suas causas, sintomas e tratamento!

O que é Doença de Plummer?

A doença de Plummer é uma importante causa de hipertireoidismo, gerado por uma formação de um bócio multinodular e com atividade hormonal. Consiste de 2 ou mais nódulos tireoideanos, no qual pelo menos um deles é produtor de hormônio (T3 e T4). Esse aumento na produção hormonal é o que causa o hipertireoidismo.

Causas

Acredita-se que a Doença de Plummer seja gerada por estímulos, sejam eles crônicos e intermitentes ou mais agudos, que levem à hiperplasia difusa da glândula, podendo formar um nódulo ou múltiplos nódulos. Eles têm atividade hormonal autônoma, independente do feedback do TSH hipofisário.

A partir disso, acredita-se que a condição se desenvolve desde a hiperplasia difusa, responsável por gerar um bócio difuso que, posteriormente, se torna um bócio multinodular tóxico. Os fatores contribuintes para esse desenvolvimento podem ser divididos em primários e secundários.

Bócio difuso e bócio multinodular. Fonte: Dra Suzana Vieira link: https://drasuzanavieira.med.br/2020/10/02/bocio-aumento-da-tireoide/
Bócio difuso e bócio multinodular. Fonte: Dra Suzana Vieira

Fatores primários

Os fatores primários são os fatores genéticos. Foi visto que a Doença de Plummer é mais comum em pessoas com história familiar da disfunção, o que mostrou como o fator genético pode ter influência, ao determinar uma funcionalidade heterogênea das células foliculares da tireoide. Foram vistas mutações no cromossomo 14q31.

Fatores secundários

Os fatores secundários incluem o TSH elevado, tabagismo, estresse, uso de alguns medicamentos e outros fatores estimulantes de tireoide. Acredita-se, também, que níveis baixos de iodo possam gerar hiperplasia da tireoide, devido ao aumento de TSH.

Manifestações clínicas

O paciente com doença de Plummer vai apresentar um quadro clínico formado por hipertireoidismo, com perda de peso, tremor, intolerância ao calor, palpitação e taquicardia. Além de fala acelerada, aumento no número de evacuações diárias, irregularidade menstrual, suor excessivo e rubor.

E ainda, pele fina e úmida, queda de cabelo, olhar fixo, atraso palpebral, irritabilidade, hipercinesia e nervosismo.

Sintomas menos comuns que ainda podem aparecer são: perda de massa muscular, fibrilação atrial, fraturas frequentes, olhar fixo, aumento dos reflexos tendinosos profundos e diminuição da libido.

Além do quadro de hipertireoidismo, no exame físico, é possível visualizar e/ou palpar massa na região do pescoço. Essa massa ocorre devido ao aumento da glândula tireoide, resultante da presença de múltiplos nódulos de aspecto macio, lisos e móveis. Devido a presença da massa, a depender do tamanho, podem aparecer sintomas como dispneia, disfagia e rouquidão, por causa da compressão de outros órgãos.

Bócio. Fonte: Dr Augusto Teixeira

Diagnóstico da Doença de Plummer 

O diagnóstico da doença de Plummer é feito por meio da anamnese, exame físico, exames laboratoriais e exames de imagem.

Exames laboratoriais

O laboratório de um paciente com doença de Plummer mostra um quadro de hipertireoidismo, com diminuição do nível de TSH e aumento do nível de T3 e T4 livre.

Exames de imagem

Exemplos de cintilografia da tireoide. Captação aumentada indica hipertireoidismo, capacitação diminuída indica hipotireoidismo. Fonte: Dra Suzana Vieira link: https://drasuzanavieira.med.br/2020/10/02/bocio-aumento-da-tireoide/
Exemplos de cintilografia da tireoide. Captação aumentada indica hipertireoidismo, capacitação diminuída indica hipotireoidismo. Fonte: Dra Suzana Vieira

O exame de maior utilidade é a cintilografia da tireoide, com uso de iodo radioativo ou tecnécio. O paciente com a doença de Plummer vai mostrar uma absorção irregular da substância radioativa, com captação localizada de iodo em um ou mais nódulos e diminuição da captação no fundo do tecido tireoideana, devido à diminuição de TSH. É crucial para diferenciar a doença de outras causas de hipertireoidismo.

Cintilografia de tireoide de paciente com bócio multinodular tóxico: captação aumentada e localizada em uma região. Fonte: Bócio multinodular tóxico - Sintomas, diagnóstico e tratamento | BMJ Best Practice link: https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/714
Cintilografia de tireoide de paciente com bócio multinodular tóxico: captação aumentada e localizada em uma região. Fonte: Bócio multinodular tóxico - Sintomas, diagnóstico e tratamento | BMJ Best Practice

Esse exame só pode ser feito em mulheres não gestantes. Por isso, em mulheres com risco de gravidez, deve ser realizado um teste beta HCG anteriormente ao exame.

Além disso, a USG de tireoide é útil para determinação do número de nódulos e seus tamanhos. A tomografia e a ressonância magnética podem ser utilizadas para maiores detalhes anatômicos, mas não são o exame de escolha.

Biópsia

A biópsia pode ser feita por meio da punção por agulha fina, com o objetivo de excluir malignidade em nódulos que não mostram diferença de absorção na cintilografia de tireoide.

Tratamento

No paciente com hipertireoidismo subclínico (TSH diminuído, mas T3 e T4 normais) pode-se apenas manter vigilância, sem necessidade de tratamento. Os demais pacientes, porém, devem ser tratados com cirurgia, ablação com radioiodo, drogas antitireoidianas e/ou ablação com etanol. Para mais, outras condições como osteoporose e fibrilação atrial devem receber tratamentos específicos.

Cirurgia

O tratamento com cirurgia é o mais recomendado para a doença de Plummer. A ressecção parcial é o procedimento cirúrgico de escolha, e tem como objetivo remover nódulos e preservar um remanescente funcional da glândula. Porém, essa técnica apresenta uma taxa maior de recorrência quando comparada com a ressecção total, porém com menor índice de mortalidade. Espera-se que o paciente desenvolva um hipotireoidismo após o procedimento. 

Ablação com radioiodo

O tratamento com radioiodo pode ser feito em qualquer paciente, menos em grávidas, sendo feito por meio de uma dose única de radioiodo. O iodo radioativo, chamado de  Iodo131, é a base do tratamento da radioiodoterapia, administrada por via  oral. O paciente fica isolado no quarto do hospital e não pode receber visitas devido a radiação. Normalmente, apresenta poucos efeitos colaterais e os sintomas de hipertireoidismo costumam regredir com 2 semanas.

Drogas antitireoidianas

As drogas propiltiouracil e metimazol podem ser usadas no período de espera até a administração de radioiodo e para a preparação da cirurgia. Elas atuam diminuindo a funcionalidade dos nódulos.

Ablação com etanol

A ablação percutânea com etanol é um procedimento minimamente invasivo, utilizado para o tratamento de nódulos hiperfuncionantes, no qual a malignidade já foi descartada. É indicada para pacientes que não estão aptos para serem submetidos à cirurgia. Ela mostra bons resultados a curto prazo, mas a longo prazo eles são insatisfatórios.

Conclusão

A doença de Plummer, ou bócio multinodular tóxico, é uma disfunção que acomete a tireoide, sendo considerada a segunda principal causa de hipertireoidismo, atrás apenas da doença de Graves. 

Ela é caracterizada pela presença de múltiplos nódulos, no qual pelo menos um deles é autonômico e produtor de hormônios tireoideanos. O quadro clínico é típico de hipertireoidismo, com a presença de massa palpável no exame da tireoide. 

O diagnóstico definitivo é feito por da cintilografia da tireoide com substância radioativa e o tratamento pode ser cirúrgico, por ablação de radioiodo, por ablação de etanol ou pelo uso de drogas antitireoidianas.

Leia mais:

FONTES:

  • Khalid N, Can AS. Plummer Disease. [Updated 2022 Jun 4]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. 

OLIVEIRA, Vanessa; MALDONADO, Rafael. HIPOTIREOIDISMO E HIPERTIREOIDISMO – UMA BREVE REVISÃO SOBRE AS DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS. 2014.