O tema do Corrimento Vaginal é um tópico que aparece frequentemente na prova de residência médica da SURCE na área de Ginecologia e Obstetrícia. As questões geralmente trazem casos clínicos que exigem uma abordagem diagnóstica e terapêutica abrangente e atualizada, com ênfase no uso de exames complementares e terapias medicamentosas adequadas.
Neste texto, vamos distinguir as principais causas e condutas do Corrimento Vaginal nas mulheres.
DICA DE PROVA
Visto que o diagnóstico diferencial do corrimento vaginal é um queridinho da SURCE, foque nos detalhes clínicos mais cobrados dessas 3 condições: Vaginose Bacteriana, Tricomoníase e Candidíase.
Vaginose Bacteriana
A Vaginose Bacteriana (VB) é uma condição comum na qual ocorre uma mudança no microbioma vaginal, resultando em um aumento de bactérias anaeróbias e diminuição de lactobacilos, o que leva a uma elevação do pH vaginal (>4,5). O agente etiológico mais comum é a Gardnerella vaginalis, presente na flora normal porém aumentada nos casos de vaginose. Para o diagnóstico, nós utilizamos os Critérios de Amsel. Ele será positivo se paciente tiver ≥ 3 dos critérios:
DICA DE PROVA
Lembre-se que NÃO é necessário realizar cultura para confirmação diagnóstica de Vaginose Bacteriana. O tratamento deve ser feito em mulheres sintomáticas, grávidas e no pré-operatório de cirurgia do trato geniral inferior. A primeira escolha é o Metronidazol 250mg VO com 2 comprimidos 2x/dia, por 7 dias. A vaginose não é considerada uma IST, logo, não há necessidade de tratar o parceiro sexual.
Além disso, não saia desse texto sem decorar o principal agente etiológico da vaginose e os Critérios de Amsel. Esses são os pontos que a SURCE deseja que o candidato domine.
Candidíase Vulvovaginal
A Candidíase Vulvovaginal (CVV) é uma infecção fúngica causada pelo fungo Candida, especialmente Candida albicans (90%), que afeta a região vaginal e vulvar. A condição é comum em mulheres em idade reprodutiva e pode ser desencadeada por fatores como o uso de antibióticos, imunossupressão, diabetes mellitus e gravidez. Diferente da Vaginose Bacteriana e da Tricomoníase, o pH ficará mais ácido (< 4,5).
Os sintomas descritos serão: prurido, ardência, corrimento grumoso sem odor e disúria externa. Durante a inspeção, além do corrimento descrito, podemos ter eritema, edema e fissura vulvar. O teste das aminas (Whiff) será negativo e a lâmina fresca direta mostrará as hifas.
O tratamento terá como primeira opção o Miconazol creme 2% à noite por 7 dias e como segunda opção a Nistatina 100 000 UI à noite por 14 dias. Além disso, há a opção de manejo com medicação Via Oral, como o Fluconazol 150 mg a cada 72h. A Candidíase Vulvovaginal não é uma IST e não precisa tratar o parceiro sexual.
Tricomoníase
A Tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pelo parasita Trichomonas vaginalis. Têm como sintomas o corrimento vaginal amarelo esverdeado de odor fétido, prurido, edema vulvar, dispareunia, sinusiorragia e disúria.
No exame ginecológico, teremos dois achados característicos importantes para o diagnóstico diferencial: o colo uterino terá aspecto de morango/framboesa e o Teste de Schiller (iodo) será tigroide. O Teste das Aminas pode ser positivo ou negativo. O exame da lâmina a fresco mostrará as tricomonas móveis e o pH será > 5.
DICA DE PROVA
A vaginose acompanha a Tricomoníase em 60% dos casos na prática. Atente-se caso a banca da SURCE queira colocar esse elemento, que pode confundir. O tratamento da Tricomoníase é feito com Metronidazol 400mg com 5 comprimidos VO em dose única ou o mesmo medicamento em 250mg com 2 comprimidos VO 2x/dia por 7 dias. Nesse caso de IST, deve-se tratar o parceiro sexual.
Conclusão
Para finalizarmos, faça uma análise comparativa das condições para memorizá-las:
Vamos ver uma questão NA PRÁTICA? Abaixo está o link de uma questão explicada pela Dra. Aline Barros sobre CORRIMENTO VAGINAL:
Leia mais:
- Sífilis: o que é, sinais e sintomas, quais os tipos e como tratar
- Vulvovaginites: O que é, sintomas, causas e como tratar?
- Vírus do Papiloma Humano (HPV): o que é e como tratar
FONTES:
- Emedicine
- Passos, Eduardo P. Rotinas em Ginecologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A.