Covid-19
Publicado em
3/4/21

Coronavírus influencia no desenvolvimento de doenças gestacionais

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Coronavírus influencia no desenvolvimento de doenças gestacionais

No último dia 28 de janeiro, ocorreu o encontro anual da Society for Maternal-Fetal Medicine (SMFM). Nele, foi apresentado um estudo mostrando que gestantes acometidas pelo coronavírus têm um risco aumentado para desenvolver hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia.

Assim, os achados podem auxiliar os médicos a orientarem as pacientes positivas para o vírus sobre os sinais e sintomas que podem desencadear as afecções. Permitindo assim, o diagnóstico precoce.

A pesquisa observou que a inflamação aguda causada pela COVID-19 pode incitar ou exacerbar a doença hipertensiva gestacional. Essa doença não é comum, se fazendo presente em cerca de 10% a 15% das gestações. No entanto, é considerada a principal causa mundial de morbidade e mortalidade das mães e dos neonatos.

Segundo o estudo, o plano de saúde influencia no acometimento pelo Coronavírus

Os resultados da pesquisa foram obtidos através de uma revisão retrospectiva de prontuários de 1.715 mulheres. Desse total, apenas 167 (10%) estavam com o SARS-COV-2. O período analisado foi do mês de março até junho de 2020. Para o diagnóstico da infecção, elas foram submetidas ao exame por reação em cadeia da polimerase (PCR). Ademais, as gestantes com hipertensão crônica foram excluídas.

O perfil das pacientes com diagnóstico negativo foi diferente das outras. A média de idade desse grupo foi de 31 anos e a proporção de mulheres acima dos 35 anos foi maior. Além disso, 43% delas tinham plano de saúde, mostrando uma menor propensão em desenvolver a infecção.

Já no grupo das gestantes com diagnóstico positivo para o vírus, a média de idade foi de 28 anos e apenas 36% delas dispunham de plano de saúde. E ainda, por causa do baixo contingente a utilizar um plano particular, eram mais propensas a desenvolver a COVID-19.

Dito isso, os pesquisadores também definiram parâmetros específicos para diferenciar a hipertensão gestacional da pré-eclâmpsia. Desse modo, foi definida a pressão de 140x90 mmHg para diagnóstico de hipertensão e de pré-eclâmpsia. Contudo, para esta última, a paciente também precisava apresentar proteinúria (razão entre a proteína e a creatinina maior ou igual à 0,3 mg/dL). E ainda, proteína maior ou igual a 300mg na urina 24 horas.

Para a pré-eclâmpsia grave foram consideradas alterações laboratoriais específicas, edema pulmonar, dispneia ou dor no quadrante superior direito, sintomas de cefaléia, dor torácica e alterações visuais.

Resultados da pesquisa

A ocorrência de hipertensão na gestação foi maior nas mulheres com o coronavírus (17,9%) em comparação com as grávidas que não estavam doentes (8,4%). O grupo positivo também teve maior probabilidade de desenvolver essa doença ou a pré-eclâmpsia, mas sem gravidade. Para mais, não houve diferença significativa entre os dois grupos quando foi observada a evolução grave para a pré-eclâmpsia, mas quando a análise se voltou para a pressão elevada, a gravidade foi a mesma entre os grupos.

É preciso salientar que, embora o desenho de estudo tenha sido retrospectivo; tenha sido feito em apenas uma instituição, localizada em Nova York e a população tenha sido pequena, ela era diversificada. E mais, a pesquisa foi realizada no epicentro da pandemia, durante o pico da COVID-19.

FONTE:

Covid-19 pode aumentar risco de hipertensão e pré-eclâmpsia em gestantes (medscape.com)