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Publicado em
11/11/21

Cefaleia tensional: fisiopatologia, diagnóstico e tratamento

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Cefaleia tensional: fisiopatologia, diagnóstico e tratamento

A cefaleia do tipo tensional (CTT), também conhecida como cefaleia psicomiogênica, cefaleia do estresse e cefaleia da contração muscular, é um transtorno muito comum. Apresenta um alto impacto socioeconômico, com  prevalência na população variando entre 30 e 78%.

Por vezes é desafiador diferenciar a CTT da migrânea. Entretanto, é imprescindível que o médico identifique quais sintomas são característicos de cada um desses tipos de cefaleia. Para então fazer o tratamento adequado e diminuir as repercussões na vida do paciente.

Por isso, discutimos o manejo da migrânea em um post anterior do blog. E agora, vamos discutir o que caracteriza a cefaleia tensional e como diagnosticar e tratar essa condição.

Fisiopatologia da cefaleia tipo tensional

Apesar de ser considerada uma cefaleia psicogênica, estudos recentes identificaram componentes neurobiológicos na cefaleia tensional. Assim, acredita-se que mecanismos periféricos e centrais podem estar presentes na gênese desse transtorno.

Mecanismos periféricos

Os mecanismos periféricos, atualmente, estão mais relacionados à cefaleia episódica. Ele são caracterizados pela contração persistente e exagerada dos músculos da cabeça e do pescoço, provocando aumento da consistência muscular e levando à ativação de nociceptores periféricos

Devido à sensibilização dos nociceptores miofasciais, há diminuição do limiar para a dor. Assim, a persistência desses mecanismos tende a aumentar a intensidade e a frequência das crises de cefaleia. Para mais, essa dor tende a ser pericraniana.

Mecanismos centrais

Já os mecanismos centrais estão mais associados à evolução da cefaleia episódica para a cefaleia tensional crônica. Nela, há sensibilização do núcleo caudal do trigêmeo, bem como de nociceptores centrais

Como diagnosticar a cefaleia tensional?

Os critérios diagnósticos para a cefaleia do estresse estão presentes na tabela abaixo.

A - Pelo menos 10 crises preenchendo os critérios B a D
B - Cefaleia durante de 30 a 7 dias
C - Cefaleia preenchendo ao menos 2 das seguintes características:
- Localização bilateral
- Caráter em pressão/ em aperto (não pulsátil)
- Intensidade fraca a moderada
- Não agravada pela atividade física rotineira
D - Ambos os seguintes:
- Ausência de náuseas e vômitos (podendo ocorrer anorexia)
- Fotofobia ou fonofobia (apenas um desses podendo estar presente)
E - Não atribuída a outro transtorno
Fonte: Classificação Internacional das Cefaleias / Comitê de Classificação das Cefaleias da Sociedade Internacional de Cefaleia, 2018

O dolorimento pericraniano é um sintoma frequente dos pacientes com CTT, e pode ser facilmente detectável pela palpação manual dos trigger points

Dessa forma, é possível palpar os músculos frontal, temporal e masseter. Bem como o pterigóideo, esternocleidomastóideo, esplênio e trapézio, e realizar um escore de dolorimento local. Observe o vídeo abaixo.

Cefaleia tensional episódica infrequente

Para ser diagnosticado com esse tipo de cefaleia, o paciente deve ter ao menos 10 episódios ocorrendo em menos de 1 dia/mês. Ou seja, deve ter a crise em menos de 12 dias por ano, preenchendo os critérios de B a D anteriores.

Leia mais:

Cefaleia tensional episódica frequente

Identificada quando o indivíduo tem ao menos 10 episódios de cefaleia ocorrendo em média de 1 a 14 dias/mês, por mais de 3 meses. Ou seja, 12 ou mais episódios nos últimos 6 meses, preenchendo os critérios de B a D vistos anteriormente.

Cefaleia tensional crônica

Já a cefaleia do tipo tensão crônica ocorre com a evolução da cefaleia do tipo tensão episódica frequente. Assim, o paciente apresenta a dor com as características dos critérios B a D anteriores, e tem episódios diários ou muito frequentes de dor de cabeça.

Dessa forma, o paciente é diagnosticado com CTT crônica quando apresentar a dor por 15 dias ou mais por mês, por 3 meses. Ou seja, mais de 180 episódios de cefaleia por ano.

Quais características diferem a cefaleia do tipo tensional da enxaqueca?

Características como a duração, a dor, a intensidade e os gatilhos são diferentes entre a CTT e a migrânea. Observe a imagem abaixo.

ENXAQUECA E CEFALEIA TENSIONAL: CONHEÇA SUAS DIFERENÇAS :: Clínica Dr.  Alexandre Cruzeiro
Fonte: Clínica Doutor Alexandre Cruzeiro

Como tratar a cefaleia tensional?

O tratamento para aliviar a cefaleia tensional é simples, visto que a dor normalmente responde a analgésicos comuns

Tratamento da crise

O tratamento da crise pode ser realizado com paracetamol e cafeína, na dose de 500 a 750 mg. E ainda, com a dipirona de 1000mg. Para mais, podem ser utilizados AINES como o diclofenaco sódico e o ibuprofeno.

Tratamento preventivo não farmacológico

O tratamento preventivo não farmacológico pode ser feito através da psicoterapia, fisioterapia motora cervical e os bloqueios anestésicos. Esse último é feito no nervo occipital.

Para mais, a atividade física regular, bem como a regularização do sono e uma alimentação adequada contribuem para a melhora do quadro.

Tratamento preventivo farmacológico

Os principais remédios no tratamento preventivo farmacológico da cefaleia tensional são os antidepressivos tricíclicos. Em especial, a amitriptilina, na dose de 25 a 75mg/dia.

Fontes:

  • XXXV Congresso Brasileiro de Cefaleia e XVI Congresso de Dor Orofacial, 2021.
  • KOWACS, Fernando. Et al. Classificação Internacional das Cefaleias / Comitê de Classificação das Cefaleias da Sociedade Internacional de Cefaleia. 3ª ed. São Paulo: Omnifarma, 2018.