A hipertrofia adenoide é uma condição comum em crianças e pode levar a diversas complicações. Consequentemente, a qualidade de vida dos pacientes pode ser comprometida, afetando seu desenvolvimento físico, desempenho escolar e as interações sociais. Vamos revisar esse assunto tão presente na Atenção Primária!
O que é hipertrofia das adenoides?
A adenoide é um tecido linfático localizado na porção superior da nasofaringe, medialmente à trompa de Eustáquio. Faz parte do anel de Waldeyer, composto pelas tonsilas faríngea (adenoide), palatina (amídala) e lingual. A hipertrofia das adenoides se refere ao aumento patológico dessa estrutura, sendo frequentemente visto em crianças, possuindo uma prevalência de 34,5% nesse público.
Causas da hipertrofia das adenoides
A hipertrofia das adenoides pode ocorrer devido a quadros virais ou bacterianos, através de estímulo antigênico agudo ou crônico. Ela também pode ocorrer devido a etiologia não infecciosa, como no refluxo gastroesofágico, alergias e exposição à fumaça do cigarro. Normalmente é um quadro autolimitado, com resolução após a puberdade, época em que ocorre atrofia do tecido. Abaixo estão os microrganismos mais comumente associados à essa doença.
BACTÉRIAS
VÍRUS
Streptococco beta-emolitico H. influenzae Moraxella catarrhalis S aureus Gonorrhea Chlamydophila pneumoniae
Principais agentes etiológicos infecciosos da Hipertrofia de adenoide. Fonte: EMR/Fernanda Vasconcelos
Quais os sinais e sintomas?
A sintomatologia do quadro está diretamente relacionada com o grau de obstrução. Os principais sinais e sintomas são a rinorreia, respiração bucal, tosse, apneia do sono e roncos. Devido à proximidade anatômica com a trompa de Eustáquio, a criança pode apresentar queixas de hipoacusia, otite média recorrente e otalgia. Obstruções significativas podem provocar sinusite, manifestando-se com sintomas como dor e sensação de pressão na região da face.
O achado da “fácies adenoideana” no exame físico indica uma cronicidade do quadro. Ela é caracterizada pela presença da respiração bucal e problemas ortodônticos como o desalinhamento da arcada dentária e a alteração do crescimento dos ossos da face, principalmente do osso maxilar. Ademais, a diminuição da oxigenação durante o sono pode provocar hiperatividade, dificuldade de concentração e irritabilidade, além de sonolência diurna, voz anasalada e falhas no crescimento.
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O diagnóstico diferencial deve ser feito durante o exame físico, através da busca por corpo estranho, rinosinusite, pólipos nasais e anormalidades congênitas. O diagnóstico de hipertrofia das adenoides é dado através da história clínica e do exame físico do paciente. A realização de uma rinoscopia ou nasofaringoscopia com fibra óptica para melhor visualização do grau de obstrução e das estruturas nasais (vestíbulo, conchas inferiores, septo nasal) é recomendada, se disponível.
Além disso, a radiografia lateral da cabeça pode ser útil, principalmente para crianças pouco cooperativas, assim como a videofluoroscopia. No entanto, o diagnóstico baseado no quadro clínico e no exame físico é suficiente na maioria dos casos, não sendo necessário expor o paciente à radiação dos exames complementares mencionados.
Tratamento para hipertrofia das adenoides
Caso o quadro decorra de causas infecciosas, a amoxicilina é a antibioticoterapia de escolha para adenoidites bacterianas agudas não complicadas. Já em infecções crônicas ou recorrentes, esse antibiótico deve ser utilizado juntamente com o Ácido Clavulânico. Clindamicina e Azitromicina são considerados para pacientes com alergia à penicilina. Nos casos de hipertrofia de adenoides não infecciosos, o manejo deve ocorrer de acordo com a patologia subjacente.
Corticosteroides tópicos nasais podem ser usados apesar de possuírem baixo nível de evidência quanto aos seus reais benefícios. Para mais, devido aos possíveis impactos na qualidade de vida, a remoção cirúrgica das adenoides (adenoidectomia) é indicada para pacientes que apresentam obstruções recorrentes ou persistentes, otite de repetição, perda auditiva, apneia do sono ou respiração bucal.
Conclusão
A hipertrofia das adenoides é uma condição relativamente simples e comum na faixa etária pediátrica, porém com capacidade de gerar sintomas que comprometem a qualidade de vida e atividades diárias pelos seus sintomas obstrutivos. Sua principal etiologia é infecciosa e, quando bacteriana, requer antibioticoterapia. Em casos mais graves, pode ser necessária a abordagem cirúrgica com a Adenoidectomia.
Niedzielski A, Chmielik LP, Mielnik-Niedzielska G, Kasprzyk A, Bogusławska J. Adenoid hypertrophy in children: a narrative review of pathogenesis and clinical relevance. BMJ Paediatr Open. 2023 Apr;7(1):e001710. doi: 10.1136/bmjpo-2022-001710. PMID: 37045541; PMCID: PMC10106074.
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