A amebíase é uma doença causada por um protozoário, sendo a segunda principal causa de morte por parasito em todo mundo. Causa um quadro diarreico que, em alguns casos, pode evoluir para abscesso hepático e ser fatal. Vem tendo sua incidência diminuída devido à melhora das condições de saneamento básico e limpeza, já que sua transmissão é por via fecal-oral.
Nesse post iremos abordar o que é a amebíase, seus sintomas, complicações e como tratar!
O que é a amebíase?
A amebíase é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Entamoeba histolytica, pertencente ao grupo das amebas. É uma doença amplamente distribuída pelo mundo, tendo maior prevalência nos países de zona tropical e subtropical, onde a população é mais carente e tem menores níveis de saneamento básico. O período de incubação da amebíase é de 2 a 4 semanas e os fatores de risco para doença grave são: uso de corticosteroides, desnutrição, idade jovem e gravidez.
Como ocorre a transmissão e evolução?
O ciclo biológico do parasito apresenta dois estágios: trofozoítos e cistos. O trofozoíto é a forma ameboide, que se movimentam e se alimentam por meio dos pseudópodes, que são projeções citoplasmáticas. Essa forma também apresenta vesículas e vacúolos, que são responsáveis pela produção e armazenamento de enzimas capazes de fagocitar e destruir tecidos.
O homem se infecta ingerindo a forma cística madura contida em alimentos, água ou qualquer contato fecal-oral. O cisto chega até o intestino delgado, onde libera as formas trofozoítos, que se multiplicam por divisão binária e novos cistos são então eliminados pelas fezes. O cisto eliminado é capaz de resistir às condições desfavoráveis do meio ambiente externo, e assim o ciclo se repete.
Na forma não invasiva, os trofozoítos permanecem confinados no lúmen intestinal dos portadores assintomáticos. Na forma invasiva, os trofozoítos invadem a mucosa intestinal, se aderindo às células epiteliais do cólon, e através da corrente sanguínea podem atingir outros órgãos, como fígado, pulmão e encéfalo, causando doença extra-intestinal. A virulência é multifatorial, influenciada por fatores do hospedeiro, do parasito e do ambiente.
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Sintomas da amebíase
A maioria dos casos de amebíase é assintomática, porém, alguns casos, podem evoluir para forma invasiva intestinal caracterizada por disenteria, colite, apendicite, megacólon, peritonite, abscesso hepático ou pulmonar e até mesmo lesões oculares e genitais. A forma hepática é a forma invasiva que mais causa óbitos.
No intestino, os trofozoítos se aderem às células epiteliais, as destruindo. As células epiteliais começam a produzir mediadores que atraem neutrófilos e contribuem para liberar outros mediadores, causando diarreia e dano ao tecido. Os pacientes com colite amebiana apresentam diarreia sanguinolenta e dor abdominal de início gradual, durando semanas. Cerca de 40% dos pacientes têm febre, anorexia e perda de peso. Nos casos mais graves, pode ocorrer abscesso amebiano e perfuração intestinal.
A amebíase hepática é a forma invasiva que mais causa óbitos, sendo mais comum em homens. É caracterizado por hepatomegalia dolorosa, febre, sudorese e sinais de toxemia. O exame parasitológico de fezes pode ser negativo e os sintomas são mais agudos, com menos de 10 dias de duração, geralmente.
A invasão do trato respiratório costuma ser secundária ao abscesso hepático após sua ruptura através do diafragma. Esses pacientes desenvolvem tosse constante e dor no tórax. Casos mais graves levam à formação de fístulas hepatobronquiais com formação de catarro marrom contendo conteúdo necrótico de trofozoítos.
Já a invasão do encéfalo com abscesso encefálico é rara e ocorre também após ruptura do abscesso hepático. Os sintomas são repentinos e são caracterizados por cefaleia, vômito, convulsão e mudanças de comportamento mental. Outros órgãos acometidos pela amebíase são os do sistema urinário, genital (podendo apresentar fístulas retovaginais), região perianal, pele e até osso, os quais são muito raramente observados.
Diagnóstico da amebíase
O diagnóstico da colite amebiana é feito pela microscopia de amostra de fezes e da mucosa do cólon, de forma seriada. Existe também o teste ELISA para anticorpos monoclonais específicos contra uma lectina presente na superfície do trofozoíto, porém tem um custo mais elevado. De achados laboratoriais inespecíficos tem se o exame de sangue oculto nas fezes positivo, leucocitose com eosinofilia, elevação de bilirrubina e transaminases, anemia leve e aumento de VHS.
O diagnóstico de abscessos hepáticos amebianos é feito por sorologia (idealmente feito após 10 dias) e ultrassonografia. Pode ser feito também aspiração hepática guiado por tomografia, evidenciando líquido viscoso escuro.
Tratamento
O tratamento dos casos assintomáticos é feito com Teclosan 1,5 g em dose única ou Etofamida 1 g por dia durante 3 dias. Já nos casos graves e extra-intestinais, é feito com hidratação e uso de metronidazol ou tinidazol. O metronidazol é feito 500 mg via oral de 6 em 6 horas de 7 a 14 dias e o tinidazol é de 2 g via oral durante 3 dias. A via intravenosa fica restrita aos casos de abscesso hepático.
Um abscesso hepático amebiano pode ser tratado por aspiração usando orientação por TC em combinação com metronidazol. Às vezes, a cirurgia é necessária para tratar sangramento gastrointestinal maciço, megacólon tóxico, cólon perfurado ou abscessos hepáticos não passíveis de drenagem percutânea.
O uso de corticóide em pacientes com colite amebiana pode agravar a doença, com grande incidência de perfuração intestinal e abscessos.
Conclusão
A amebíase é uma infecção causada pelo protozoário Entamoeba histolytica, transmitida por via fecal-oral. Geralmente, é uma doença assintomática, mas, quando sintomas, gera um quadro de colite, com diarreia mucosanguinolenta e febre. Casos mais graves podem ter acometimento de outros órgãos como o fígado, gerando abscessos. O diagnóstico é feito por meio do parasitológico de fezes e o tratamento é feito com metronidazol ou tinidazol.
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FONTES:
- CORDEIRO, Thiago; MACEDO, Heloisa. Amebíase. 2006. Revista de Patologia Tropical.
- ZULFIQAR, Hassam; et. Al. Amebíase. 2023. National Library of Medicine.