O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) tem como principal característica a presença de obsessões -pensamentos intrusivos, repetitivos, perturbadores e indesejados- e/ou compulsões. Sendo a compulsão definida como comportamentos repetitivos e ritualizados para alívio do desconforto das obsessões.
Para mais, estima-se que entre 4 e 7% da população brasileira apresentem esse transtorno psiquiátrico. Além disso, nos homens, o transtorno normalmente tem início aos 10 anos de idade.
Já nas mulheres, a incidência predomina na fase final da adolescência da adolescência. Entretanto, na fase adulta, a distribuição desse transtorno é igual entre os sexos.
Dessa forma, reconhecer quais as características clínicas do TOC, bem como diagnosticar e tratá-lo é imprescindível na prática clínica e para a sua prova de residência. Portanto, não perca mais um post do EMR para contribuir com a sua formação!
Como é o quadro clínico e diagnóstico do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)?
O diagnóstico do TOC é fundamentado nos sintomas centrais transtorno, bem como na presença dos pensamentos obsessivos e comportamentos repetitivos na história clínica do paciente.
Obsessões
Assim, como exemplificado anteriormente no texto, as obsessões são caracterizadas por pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes de característica intrusivas e indesejadas. Por isso, provocam no paciente importante ansiedade, desconforto e/ou sofrimento.
Essas obsessões apresentam diversas manifestações. Observe a tabela abaixo com as principais características desses sintomas.
Compulsões
Para mais, as compulsões são comportamentos que o paciente se sente compelido a executar em resposta às obsessões. Assim, são realizados para prevenir ou reduzir a ansiedade, desconforto e sofrimento causado por essas.
Entretanto, as compulsões não apresentam uma conexão realista com o que objetivam neutralizar ou evitar, ou são claramente excessivos. Para exemplificar o que seriam as obsessões e as compulsões, observe o caso clínico abaixo.
Nesse caso clínico acima, a paciente relata presença de “pensamentos recorrentes de estar suja ou impura”. Esses são os pensamentos intrusivos e repetitivos, que causam ansiedade e desconforto. Dessa forma, caracterizam a obsessão.
Já os comportamentos compulsivos são os longos banhos, que a paciente relata “não conseguir evitar”, e que aliviam sua obsessão.
Além disso, para que seja dado o diagnóstico de TOC, esses sintomas devem ocupar tempo significativo da vida do paciente. Ou seja, mais 1 hora por dia. Ou ainda, resultar em sofrimento subjetivo considerável ou prejuízo notável do funcionamento social, pessoal, profissional ou de outras áreas da vida do paciente.
Assim, apesar dos sintomas obsessivos não necessariamente precisarem estar acompanhados pela compulsão, cerca de 96% dos pacientes apresentam ambas essas características.
Dessa forma, quando o paciente apresentar apenas a obsessão, ou apenas a compulsão de forma isolada, é preciso considerar outros possíveis diagnósticos diferenciais.
Diagnóstico diferencial
A presença de sintomas obsessivos e compulsivos não necessariamente são exclusivos do TOC. Há também os sintomas obsessivos-compulsivos (SOC), que são a dimensão “miscelânea” do transtorno obsessivo-compulsivo.
Observe a tabela abaixo com as principais dimensões de sintomas do TOC, e que correspondem a importantes diagnósticos diferenciais com esse transtorno.
Como tratar a Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)?
O tratamento de primeira linha para o TOC é a terapia cognitivo comportamental (TCC) e os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS). Esses proporcionam uma resposta satisfatória em até 60% dos casos.
Tratamento farmacológico
É recomendado iniciar o tratamento farmacológico quando o paciente apresentar depressão ou ansiedade importantes, em caso de maior gravidade dos SOCs, e quando houver histórico de resposta favorável aos ISRS. Ou ainda, em caso de indisponibilidade da TCC.
Em geral, os ISRS são utilizados em suas doses máximas até atingir uma resposta clínica satisfatória. Sendo todos os ISRSs são equivalentes quanto eficácia.
Dessa forma, são uma opção terapêutica a fluoxetina, na dose inicial de 20 mg/dia e dose máxima de 80 mg/dia. E mais, paroxetina, na dose 20 mg/dia e dose máxima de 60 mg/dia.
Por fim, uma vez alcançada a resposta terapêutica, o tratamento medicamentoso deve ser mantido por pelo menos dois anos.
FONTES:
NARDI E. A., et al. Tratado de psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2022.
KLAMEN, T. Casos clínicos em psiquiatria. 4ª edição. Nova Iorque: AMGH Editora LTDA, 2012.