O ramo da medicina que trata da metodologia da pesquisa é conhecido como Epidemiologia Clínica. Sua contribuição se dá na procura de respostas para as questões clínicas, assim como conduzir decisões baseadas nas melhores evidências disponíveis. Ao longo deste artigo, vamos dissertar de maneira mais aprofundada sobre os estudos epidemiológicos e suas variadas especificações.
Os chamados estudos epidemiológicos podem ser classificados em observacionais e experimentais. Os estudos experimentais fogem ao escopo deste trabalho e não serão comentados. De uma maneira geral, os estudos epidemiológicos observacionais podem ser classificados em descritivos e analíticos. Ao longo deste artigo, vamos dissertar de maneira mais aprofundada sobre este tema e suas variadas especificações.
O que é Epidemiologia?
A Epidemiologia é definida como o estudo da distribuição e dos determinantes das doenças ou condições relacionadas à saúde em populações específicas. Mais recentemente, foi incorporada à definição de Epidemiologia a “aplicação desses estudos para controlar problemas de saúde”. Sendo assim, ela é a principal ciência de informação de saúde, sendo a ciência básica para a saúde coletiva.
O que são estudos epidemiológicos?
O Estudo Epidemiológico é um tipo de pesquisa que visa entender a distribuição e os determinantes de doenças e outros problemas de saúde em populações. Eles são realizados através da coleta e análise de dados sobre a saúde de grupos da sociedade, geralmente com o objetivo de identificar fatores de risco, padrões de saúde e/ou doenças e possíveis estratégias de prevenção e controle.
Esses estudos podem envolver diversas abordagens, desde questionários e entrevistas até análises estatísticas e observações clínicas. Assim, os estudos epidemiológicos ajudam a formar políticas de saúde a favor da saúde coletiva.
O que são variáveis?
Dentro dos estudos epidemiológicos, as variáveis são denominadas como as diferenças entre a população sendo estudada, sendo elas sexo ou gênero, idade, estatura, atributos físicos, entre outros. As variáveis podem ser classificadas em qualitativas e quantitativas. As Quantitativas são avaliadas quanto à intensidade e frequência de ocorrência, já a Qualitativa são aquelas compostas por categorias diferentes entre si.
Quais os tipos de variáveis?
Além da entre qualitativa e quantitativa, podemos também classificar as variáveis em Dependentes ou Independentes, com o propósito de evidenciar a relação entre elas, nesse caso, a variável dependente varia em função da independente. Veja os exemplos a seguir:
- Variável dependente – resposta – efeito - desfecho: carcinoma de pulmão (diagnóstico de alta hospitalar ou exame histológico obtido por necropsia).
- Variável independente – preditora – exposição – fator de risco: hábito de fumar (considerou fumante quem fumou pelo menos um cigarro por dia durante 1 ano).
Quais os tipos de estudos epidemiológicos?
Estudos descritivos
Os estudos descritivos têm por objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos, ou seja, responder à pergunta: ‘quando, onde e quem adoece?’. A epidemiologia descritiva pode fazer uso de dados primários (dados coletados para o desenvolvimento do estudo) e dados secundários (dados pré-existentes de mortalidade e hospitalizações, por exemplo).
Estudos Analíticos
Estudos analíticos são um tipo de estudo epidemiológico delineados para examinar a existência de associação entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde.
Estudos Ecológicos
Nos estudos ecológicos, compara-se a ocorrência da doença/condição relacionada à saúde e a exposição de interesse entre agregados de indivíduos (populações de países, regiões ou municípios, por exemplo) para verificar a possível existência de associação entre elas.
Estudos Seccionais
A exposição e a condição de saúde do participante são determinadas simultaneamente. Em geral, esse tipo de estudo epidemiológico começa com um estudo para determinar a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde de uma população especificada.
DICA DE PROVA
Os estudos Ecológicos podem ser classificados de "Agregados" por analisar dados previamente registrados e aplicar à pesquisa, enquanto os Seccionais podem ser classificados como "Individuados", pois a coleta de dados é feita diretamente em contato com o paciente da população a ser estudada. Fique atento nessa terminologia!
Estudos Caso-Controle
Os estudos caso-controle, dois grupos são comparados, sendo eles similares em variantes, porém um deles irá ser portador da condição estudada, enquanto o outro não. Isso serve para compreensão dos fatores que podem estar associados ao desenvolvimento e evolução de um problema de saúde, seja induzindo-o (fator de risco) ou prevenindo-o (fator de proteção).
DICA DE PROVA
Na sua prova, Coorte e Caso-controle podem aparentar ser muito semelhantes. Aqui vai um "Bisu": Coorte parte da população com um fator de risco em comum e aplica uma doença como objeto de estudo, já o Caso-controle parte do indivíduo doente e busca os fatores de risco em uma história.
Estudos de Coorte
Nos estudos de coorte, primeiramente, identifica-se a população de estudo e os participantes são classificados em expostos e não expostos a um determinado fator de interesse. Nesse tipo de estudo epidemiológico, a mensuração da exposição antecede o desenvolvimento da doença, não sendo sujeita ao viés de memória como nos estudos caso-controle.
Pode ser do tipo Prospectivo, com o paciente sendo recrutado atualmente para avaliar a possível condição desenvolvida ou agravada em um tempo futuro, ou Retrospectivo, com paciente já tendo os fatores de risco no passado em comparação à doença na atualidade.
Ensaio Clínico
Os estudos de Ensaio Clínico são conduzidos no intuito de testar ou verificar os efeitos de uma ou mais técnica terapêutica para então assegurar sua eficácia e segurança e ter sua indicação oficializada para o tratamento de uma certa condição. Também há uma separação de grupos no intuito comparativo de pessoas utilizando o método em estudo a pessoas usando um placebo.
DICA DE PROVA
A partir da descrição acima, considerando os estudos que serão mais relevantes para as questões de prova de residência médica, nós podemos formar dois grandes grupos: Estudos Observacionais e Estudos de Intervenção. Dentro dos estudos Observacionais, teremos: Ecológico, Corte seccional, Coorte e Caso Controle. Já os de Intervenção serão chamados de Ensaio Clínico.
OBSERVACIONAL
- Ecológico
- Corte Seccional
- Coorte
- Caso Controle
INTERVENCIONISTA
- Ensaio Clínico
Os 5 estudos acima citados são os mais prevalentes em provas. Memorize-os e entenda A sua identificação baseada em exemplos, essa será a dinâmica da sua questão.
Para que servem os estudos epidemiológicos?
O objetivo geral do estudo da epidemiologia é identificar e reduzir os problemas de saúde da população. Na prática, ela estuda principalmente a ausência de saúde sob as formas de doenças e o seu nível de gravidade e complexidade. Os estudos epidemiológicos são determinantes no acompanhamento de situações como a Covid-19 e H3N2, pois fornecem dados para os Órgãos de saúde, permitindo caracterizar as doenças e ainda realizar associações com o perfil de transmissão.
Qual a Importância dos Estudos Epidemiológicos?
Os estudos epidemiológicos são determinantes no acompanhamento de situações como a não tão mais recentes Covid-19 e H3N2, pois fornecem dados para os Órgãos de saúde, permitindo caracterizar as doenças e ainda realizar associações com o perfil de transmissão.
Conclusão
Ao longo deste artigo foram demonstrados alguns conceitos básicos da epidemiologia e os delineamentos de estudos epidemiológicos observacionais que podem ser utilizados para a investigação de doenças e fatores associados a elas na população idosa. Além dos aspectos abordados, é importante lembrar que o desenvolvimento de um estudo epidemiológico envolve, pelo menos, seis etapas até sua definição:
- 1. definição dos objetivos;
- 2. escolha do delineamento adequado, segundo a viabilidade do estudo e os recursos disponíveis;
- 3. identificação da população de estudo;
- 4. planejamento e condução da pesquisa;
- 5. coleta, análise e interpretação dos dados; e
- 6. divulgação dos resultados.
Os estudos epidemiológicos de boa qualidade e delineados de forma a contemplar as especificidades da população são essenciais para subsidiar o desenvolvimento de políticas de saúde adequadas à realidade da nossa sociedade.
Vamos ver uma questão NA PRÁTICA? Abaixo está o link de uma questão explicada pelo Dr. Bruno Kosminsky sobre ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS:
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FONTES:
- ROUQUAYROL, Maria Zelia; ALMEIDA FILHO, Naomar de . Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro: Medsi, 2003
- MANUAL DO PESQUISADOR 2013. RECIFE – 2013. (3ª Edição). 4. Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP