A tendinite é um quadro inflamatório comum, no qual ocorre acometimento do tendão. A inflamação é caracterizada por dor, inchaço e, muitas vezes, pode se tornar incapacitante.
Pode acometer diversas partes do corpo, sendo mais comum no ombro, pulso, joelho e tornozelo.
Estima-se que cerca de 19,7% das pessoas possuam algum tipo de tendinite, o que reforça a necessidade de ações interventoras de saúde.
Nesse post iremos entender o que é esse quadro inflamatório, seus tipos e sintomas, como diagnosticar e tratar!
Definição
A tendinite é o termo que se dá para a inflamação do tendão, desencadeada normalmente por lesões de repetição.
Os tendões são estruturas fibrosas cobertas por bainhas sinoviais que ligam os músculos aos ossos. Eles têm capacidade de movimentação, o que permite o movimento corporal.
Porém, são estruturas que, com o passar do tempo, podem se desgastar. Se lesionados, os tendões podem sofrer encurtamento ou estiramento, o que pode causar limitação do movimento e uma sintomatologia característica e incapacitante.
A principal causa deste quadro inflamatório são as atividades repetitivas, pois causam uma sobrecarga na articulação.
Lesões agudas também podem ser a causa, inclusive com rompimento completo do tendão.
Alguns outros fatores também influenciam, como diversidades anatômicas, menor vascularização local e desgaste natural do envelhecimento.
Geralmente, ocorre em pessoas entre 40 e 50 anos de idade.
Quais os sintomas?
Se apresenta com dor na região afetada, principalmente ao movimentar, limitação de movimento e incapacidade funcional, que vai depender do estágio e extensão da lesão.
Pode ainda aparecer edema na região, indicando extravasamento de líquido. Alguns casos podem ter dor a palpação da articulação e estalos também.
Se houver o desenvolvimento de fibrose, além da dor e inchaço, pode aparecer rubor, crepitação e diminuição da força.
Se houver ruptura completa do tendão - que costuma acontecer apenas em estágios mais avançados - não ocorre a sustentação dos membros.
Quais são os tipos e como diagnosticar?
Existem diferentes tipos de tendinite, que variam de acordo com o local acometido. Algumas das principais são: síndrome do manguito rotador, epicondilite lateral, tenossinovite de DeQuervain, tendinite patelar e síndrome da banda iliotibial.
Síndrome do manguito rotador
A síndrome do manguito rotador é a inflamação da região do manguito, que acomete os tendões localizados entre o úmero e o acrômio da escápula, no ombro.
Diagnóstico
Para a suspeita de síndrome do manguito rotador, pode-se realizar o teste de Neer. Esse teste se caracteriza pela elevação passiva do membro superior até sua amplitude máxima.
Se o paciente sentir dor na região durante a extensão, aplica-se 8 a 10 ml de lidocaína no espaço subacromial. Se a dor sumir por completo ao realizar o mesmo movimento após a aplicação do anestésico, o teste é positivo e forte indicativo de síndrome do manguito rotador.
Pode-se fazer, ainda, o teste de Hawkins-Kennedy. Nele, o profissional apoia uma mão no ombro do paciente e a outra realiza rotação interna do braço com cotovelo em flexão de 90°. Dor na região é indicativo da síndrome.
A radiografia indicada é a de ombro, geralmente em AP. Ela pode mostrar algumas alterações, como lesões, aproximação dos ossos e calcificações.
A ressonância magnética é um exame complementar de boa acurácia, mostrando desde alterações iniciais até a ruptura do tendão e alterações ósseas, porém menos disponíveis que a radiografia.
Epicondilite lateral
A epicondilite é a inflamação nos tendões do cotovelo, causando grande acometimento dos músculos do punho e mãos.
Pode ser medial, quando acomete tendões mediais, ou lateral, quando acomete tendões laterais. A lateral é a mais comum e, por ser responsável pela extensão do punho, limita o movimento nessa região.
A inflamação também é conhecida como cotovelo do tenista, por ser comum nesses atletas devido ao movimento repetitivo dessa articulação.
Diagnóstico
O teste de Cozen pode contribuir para o diagnóstico da epicondilite lateral. Ele se caracteriza pela realização da extensão do punho, com antebraço em flexão de 90º e cotovelo em pronação. Se o indivíduo relatar dor na região, o teste é positivo.
Outro possível teste é o teste de Mill. Nele, o paciente com a mão aberta e punho em dorsiflexão e cotovelo em extensão. O examinador força o punho e o paciente deve resistir ao movimento. Se sentir dor, o teste é positivo.
Pode-se fazer também o teste do copo de café (dor na região ao levantar xícara de café), o teste da cadeira (dor na região ao levantar cadeira com uma mão, estando o antebraço em pronação e punho em flexão palmar) e o Teste de Maudsley (dor na região à extensão do dedo médio contra resistência).
Exames de imagem são pouco utilizados, mas podem ajudar no diagnóstico diferencial, que inclui fraturas, artrose e doenças reumatológicas.
Tenossinovite de DeQuervain
A tenossinovite de DeQuervain é o processo inflamatório da bainha do tendão do músculo abdutor longo do polegar e do músculo extensor do polegar.
É mais comum em mulheres, sobretudo gestantes e puérperas.
Diagnóstico
Um teste possível para diagnóstico é o teste de Finkelstein, que consiste no desvio ulnar do punho e flexão do polegar. Se o paciente sentir dor na região, é indicativo de tenossinovite de DeQuervain.
Tendinite patelar (Joelho do saltador)
Esta é a inflamação do tendão patelar, na região do joelho. Ela ocorre mais em homens de 20 e 30 anos, com altura elevada e obesidade, devido à sobrecarga sob a patela.
É chamada também de joelho do saltador devido grande incidência em atletas de salto.
Diagnóstico
Existem dois testes que podem contribuir para o diagnóstico: teste para joelho do saltador e teste da gaveta anterior.
No teste para joelho de saltador, o examinador impõe resistência na extensão da perna do paciente, o que causa dor no joelho ou no quadril.
No teste da gaveta anterior, o paciente em decúbito dorsal e com joelho fletido em 90° e pés apoiados na maca, o examinador puxa para frente as pernas apoiando-se na panturrilha do paciente. O teste é positivo se houver movimento excessivo da tíbia em relação ao fêmur.
Assim como na epicondilite lateral, os exames de imagem são poucos utilizados, mas podem ajudar no diagnóstico diferencial.
Tendinite de Aquiles
A tendinite de Aquiles é a inflamação do tendão de Aquiles, o tendão que conecta os músculos posteriores da perna ao osso calcâneo.
Fatores de risco como uso de salto alto, esporões ósseos, obesidade e diabetes podem contribuir para o quadro.
Diagnóstico
Exames de imagem podem mostrar calcificação no tendão e até espessamento.
Banda iliotibial
A síndrome da banda iliotibial é a tendinite da banda iliotibial, um tendão que se estende pela região lateral da coxa e joelhos.
É muito comum em corredores, sendo por isso chamada também de tendinite do corredor.
Além de lesões por repetição, diferença entre o comprimento das pernas, fraqueza e má flexibilidade também podem contribuir para o quadro.
Tratamentos
Existem opções de tratamentos conservadores, tanto medicamentosos como não medicamentosos, e, para casos mais graves, de tratamento cirúrgico.
Conservador
É necessário diminuir ou evitar realização dos movimentos que propiciem tal lesão e repouso.
Além disso, existem opções não medicamentosas: crioterapia (gelo), acupuntura, fisioterapia, alongamento e uso de órteses.
As órteses funcionais podem ser indicadas para melhora da dor e funcionalidade. Indica-se usar por cerca de 15 dias.
Tratamento medicamentoso
Como tratamento medicamentoso pode-se utilizar analgésicos simples, relaxantes musculares e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs).
Os analgésicos simples normalmente são usados para dor aguda. Utiliza-se Dipirona de 1g ou Paracetamol de 750mg, de 6/6h.
Os relaxantes musculares são usados se houver dor muscular associada. O mais utilizado é a Ciclobenzaprina, de 5 a 10 mg, 1 a 2 vezes/dia.
Os AINEs são usados para dor e inflamação. Pode-se usar: Celecoxibe 400mg/dia, Naproxeno 500mg/dia e Nimesulida 200mg/dia, por 14 dias.
Cirúrgico
A cirurgia é uma opção terapêutica para casos mais graves, devendo ser sempre acompanhada de fisioterapia.
Pode ser feita por via aberta ou artroscopia. Na artroscopia, é feito reparo de cápsula articular lesada ou estruturas ósseas desgastadas e remoção de calcificação. Pode ainda fazer raspagem óssea e correção de rupturas agudas.
Como prevenir?
Para prevenção da tendinite é indicado alongamentos, exercícios físicos regulares com acompanhamento profissional e evitar ficar na mesma posição.
O uso de cadeiras confortáveis e outros equipamentos que protejam os tendões, além do controle do diabetes e da obesidade também são indicados.
Conclusão
A tendinite é uma condição comum na prática médica, que pode chegar a ser bastante incapacitante e que vem aumentando a prevalência com os anos.
É importante conhecer as principais articulações acometidas, como diagnosticar e os tratamentos disponíveis. Além disso, é muito importante a prevenção e orientação.
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FONTE:
Ortopedia e Traumatologia: Princípios e prática. 5ª edição.