O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica que se manifesta na infância e frequentemente acompanha os indivíduos ao longo de suas vidas. Caracterizado por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade, o TDAH é reconhecido internacionalmente por organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Este transtorno afeta a capacidade de prestar atenção, o autocontrole, e a organização, sendo influenciado por fatores hereditários e ambientais. Vale dizer que dia 13 de julho é a data que dá luz ao transtorno. Ela serve para conscientizar a população mundial, visando garantir uma melhor qualidade de vida no tratamento e mostrar quais os desafios enfrentados para quem tem o TDAH.
Este artigo procura facilitar sua identificação precoce, a qual é crucial para a implementação de tratamentos eficazes, melhorando significativamente a qualidade de vida dos portadores.
O que é o TDAH?
Segundo a Associação Brasileira Do Déficit de Atenção, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade, e também pode ser chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção), ou em inglês de ADD, ADHD ou AD/HD.
Reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.
Quais as causas?
Existem diversos estudos em todo o mundo – inclusive no Brasil – demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais ou conflitos psicológicos. Estudos científicos mostram que portadores desse transtorno têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro.
A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies e é responsável pela inibição do comportamento, pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios). Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.
Hereditariedade
Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores do transtorno a presença de parentes também afetados com a doença era mais frequente do que nas famílias que não tinham crianças com esse transtorno. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familiar).
Substâncias ingeridas na gravidez
Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo a região frontal orbital.
Exposição a chumbo
Crianças muito pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Todavia, não há necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com transtorno, já que isto é raro e pode ser identificado pelo histórico clínico.
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Sintomas de TDAH
Desatenção
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade gera uma desatenção natural no indivíduo. Por isso, eles têm determinada dificuldade em se concentrar em uma conversa até coisas mais rotineiras como estudos, trabalho.
Hiperatividade-impulsividade
O transtorno aparece já na infância, e em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro” ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo).
Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites. Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória. São inquietos, vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos.
Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São frequentemente considerados “egoístas” e têm uma grande frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Como diagnosticar o TDAH?
Ao contrário do que se imagina no senso comum, de que existe um “teste” diagnóstico para o TDAH, isso não é verdade. O que existe são critérios clínicos, recomendados pelo DSM-5, os quais guiam o diagnóstico. Assim como qualquer outro transtorno mental, salvo raríssimas exceções, o diagnóstico do TDAH é clínico, realizado por entrevista com o paciente e seus familiares, com foco em suas queixas atuais e pregressas, curso clínico, prejuízo funcional e diagnósticos de exclusão.
Para o diagnóstico de TDAH, os sintomas devem surgir até os 12 anos e ser manifestado em pelo menos 2 ambientes diferentes. Os critérios diagnósticos do DSM-5 são os seguintes:
Tratamento para TDAH
O Tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas que são ensinadas ao portador. A medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento.
Tratamento com medicamentos
O transtorno pode ser tratado por meio de remédios que auxiliam no controle dos efeitos do transtorno. Esses medicamentos são responsáveis por diminuir os principais sintomas, como a impulsividade e a desatenção. Veja abaixo a relação de todos eles:
- Psicoestimulantes, como Metilfenidato (Ritalina; Concerta), são a primeira escolha para o tratamento. A lisdexanfetamina (Venvanse) é uma terapia alternativa à ritalina.
- Antipsicóticos: Tioridazina ou Risperidona, por exemplo, são úteis apenas em casos específicos para controle do comportamento, especialmente quando há deficiência intelectual associada.
- Antidepressivos: Imipramina, Nortriptilina, Atomoxetina, Desipramina ou Bupropiona.
Tratamento com psicoterapia
O tratamento, nesse caso, conta com a presença de profissionais imprescindíveis na condução das intervenções, com destaque para os psicólogos e psiquiatras. Esses especialistas costumam utilizar a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Essa terapia é responsável por reforçar mudanças de comportamentos e estimular hábitos mais saudáveis. Isso faz com que o paciente encontre formas de lidar com determinadas situações de forma mais segura, incluindo sua relação com familiares até ao ambiente escolar e profissional.
Opções naturais
Existem também alternativas a serem utilizadas no dia a dia:
- Técnicas de relaxamento e meditação, através do yoga, acupuntura e shiatsu, por exemplo, pois ajudam a controlar os sintomas de agitação e melhorar a concentração.
- Manutenção de um ambiente de casa organizado, com regras que facilitem o desenvolvimento das tarefas e melhoram a concentração.
- Estímulo à prática de atividades físicas é essencial para diminuir a hiperatividade, pois ajuda a gastar energia e relaxar.
- Uma alimentação mais saudável, evitando-se alimentos ricos em corantes, conservantes, açúcares e gordura, que podem piorar a impulsividade.
Tratamento para TDAH em crianças
O TDAH em crianças é uma condição comum com morbidade substancial que é muitas vezes gerenciada na atenção primária e frequentemente tratada com medicamentos. Para o tratamento, a diretriz especifica que para crianças em idade pré-escolar, os médicos devem priorizar o tratamento com terapias comportamentais. Em caso de falha e se as crianças continuarem com problemas que influenciam na sua rotina pode-se prescrever metilfenidato.
O que acontece se não tratar? Assim como qualquer transtorno ou adoecimento que exige tratamento, existem alguns riscos para o indivíduo adoecido e que não procura o tratamento ou não é instruído para realizá-lo. Para crianças, podem ocorrer fatores como performance insuficiente na escola, problemas na vida social, abuso de substâncias, acidentes de carro, chance reduzida de prosseguir os estudos até a universidade. No caso dos adultos, a falta de tratamento também afeta o trabalho e a renda, a satisfação no casamento e a chance de divórcio.
Conclusão
Compreender o TDAH envolve reconhecer suas causas multifatoriais, sintomas variados e a necessidade de um tratamento abrangente que inclui medicação, psicoterapia e técnicas naturais. O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações na vida escolar, social e profissional dos indivíduos afetados. Tratamentos adequados podem minimizar os impactos negativos e promover uma vida mais equilibrada e produtiva. Assim, é fundamental que pais, educadores e profissionais de saúde estejam atentos aos sinais do transtorno para proporcionar o suporte necessário desde a infância até a vida adulta.
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FONTES:
- COMPÊNDIO de psiquiatria : ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017
- MANUAL diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 /. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014