A síndrome do túnel do carpo (STC) é a principal síndrome compressiva dos membros superiores. É mais comum em mulheres entre 40 e 60 anos, principalmente na mão dominante. É uma condição que pode estar relacionada ao trabalho, após movimentos repetitivos e consegue ser incapacitante (limitar a mobilidade) em graus avançados.
O que é a Síndrome do Túnel do Carpo?
A síndrome do túnel do carpo é um conjunto de sintomas causados por compressão do nervo mediano ao nível do punho. O túnel do carpo é uma estrutura localizada no punho, delimitada inferiormente pelos ossos da mão e superiormente pelo ligamento transverso do carpo (retináculo dos flexores), e nele contém tendões de diversos músculos para mão e dedos e o nervo mediano.
Qualquer um dos nove tendões do túnel do carpo podem inflamar ou ficarem espessos, assim podendo comprimir o nervo mediano, causando dor e parestesia. Essa é uma das principais causas da STC.
O risco de ter a síndrome do túnel do carpo aumenta em pessoas com histórico familiar de STC, trabalhadores de fábrica, cozinheiros, gestantes, doenças da tireóide, diabetes, artrite reumatóide ou osteoartrite e doenças do colágeno. Alguns desses elementos são fatores de risco por causar acúmulo de líquido nos tecidos e consequentemente haver maior compressão no túnel do carpo.
Quais as etiologias?
Podemos dividir as etiologias em cinco grupos: traumáticas (fraturas e luxações), relacionadas ao trabalho (uso repetitivo, vigoroso e prolongado das mãos e punhos), condições preexistentes (obesidade, artrites, gestação, hipotireoidismo), infecciosas (abscessos e cistos) ou idiopáticas (causa não justificada).
Apresentação Clínica
O quadro clássico da STC é dor e parestesia (formigamento, queimação ou choque) no polegar e no 2º, 3º e 4º quirodáctilo, com possível acometimento da parte anterior do antebraço. Apesar de raro, pode haver esses sintomas acima do cotovelo, chegando ao ombro, mas nunca afetando o pescoço.
Os sintomas podem ser intermitentes, havendo períodos de remissão e períodos de exacerbação, mais comumente durante a noite, após atividades “provocativas” prolongadas, como dirigir, digitar, segurar objetos e movimentos repetitivos de extensão e flexão do punho.
Inicialmente, os efeitos da STC são apenas sensitivos, mas após muito tempo a condição se agrava e consequências motoras surgem, devido à atrofia da musculatura tenar, limitando movimentos. Com isso, há dificuldade para realizar atividades do dia a dia, como abotoar roupas, abrir portas, segurar objetos, etc.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, realizado quando há presença dos achados característicos da STC, com dor e parestesia que piora a noite no território do nervo mediano. No exame físico podemos encontrar a hipotrofia ou atrofia tenar, déficits sensoriais e motores, além dos testes de Phalen, Tinel e Durkan positivos.
Teste de Phalen
Avaliamos se há dormência dos 4 primeiros quirodáctilos após manter os punhos flexionados por um minuto.
Teste de Tinel
Percussão leve sobre o nervo mediano no pulso. É positivo quando há parestesia, mais frequentemente a percussão gera sensação de choque ao longo do trajeto do nervo mediano.
Teste de Durkan
Esse teste é baseado na compressão por 30 segundos, com 2 polegares, no punho do paciente. É considerado positivo quando há dor e parestesia na região do nervo mediano. Esse é o teste com maior sensibilidade e especificidade.
Não há exames laboratoriais que diagnosticam a STC e exames de imagem não são solicitados rotineiramente, apenas em casos específicos. A ultrassonografia confirma a lesão compressiva e anormalidades no nervo mediano e as estruturas ao redor, além de guiar uma forma de tratamento (injeções de esteróide). Não existem muitos benefícios em realizar uma ressonância magnética, pois é custoso não exclui os diagnósticos diferenciais.
O padrão ouro para diagnóstico da STC são achados clínicos juntamente com testes eletrofisiológicos (eletromiografia e estudo de condução nervosa). Esses últimos testes complementares fornecem a gravidade do dano ao nervo e auxiliam na exclusão de diagnósticos diferenciais.
Tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo
Em casos leves, que não há déficit sensorial e motor e sem comprometimento de atividades diárias, o tratamento é não cirúrgico, podendo realizar sessões de fisioterapia, injeção de glicocorticóides ou uso de talas. Os corticoides orais podem melhorar os sintomas durante as crises e também são uma boa opção.
A cirurgia está indicada nos casos graves ou refratários ao tratamento conservador e consiste na secção do retináculo dos flexores, assim, descomprimindo o túnel do carpo. Existem as técnicas aberta e endoscópica, possuem resultados semelhantes a longo prazo e a escolha depende em grande parte do cirurgião.
Conclusão
A síndrome do túnel do carpo é caracterizada por dor e formigamento na mão e punho e ocorre por compressão do nervo mediano. Podemos diagnosticar clinicamente, com a presença dos sintomas característicos e testes no exame físico. O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, a depender da gravidade da síndrome no paciente.
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FONTE:
- Síndrome do túnel do carpo.Medscape