O internato de medicina é, sem dúvidas, a fase mais importante para o graduando. Ela é uma fase quase que 100% prática, um momento de imersão na medicina, de muito aprendizado. O estudante passa por diversos rodízios, adquirindo habilidades, principalmente práticas que irão acompanhá-lo pelo resto da sua vida profissional. Então aproveitar esse momento, mesmo que você passe por um estágio que não é de seu interesse é de extrema importância.
Pensando em saber como é a rotina do interno nas mais diferentes faculdades, conversamos dessa vez com a doutoranda do 6º ano no Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) campus Boa viagem, Mariana Ferreira. O internato no Centro Universitário, que é particular, equivale a cerca de 90% da carga horária dos 2 últimos anos da graduação, e as atividades teóricas acontecem de acordo com o rodízio. Confira mais detalhes a seguir.
Como é o estágio durante o internato de medicina UNINASSAU campus Boa Viagem?
Os estágios do internato na UNINASSAU campus Boa Viagem, acontecem a cada três meses, em sua maioria. A ordem deles muda para cada aluno, para que todos possam ter a vivência. Confira a seguir quais são eles:
- Estágio eletivo (1 mês);
- Emergência (2 meses: cada mês num ano de internato);
- Ginecologia e Obstetrícia ( 3 meses: 1 mês e meio para cada área);
- Pediatria (3 meses);
- Saúde mental (1 mês);
- Saúde coletiva (3 meses);
- Cirurgia Geral (3 meses);
- Clínica Médica (3 meses);
- Ferias (2 meses: 1 mês a cada ano).
Todos eles acontecem em hospitais da Região Metropolitana do Recife conveniados com o Centro Universitário. Veja a seguir:
- Hospital dos servidores (UTI, Cirurgia Geral);
- Hospital Memorial Guararapes (Ginecologia e Obstetrícia);
- Hospital Geral de Areias (Pediatria);
- Hospital Miguel Arraes (Emergência);
- UPA de Engenho Velho (Urgência pediátrica);
- Hospital da Mulher (Neonatologia).
A rotina do internato, de maneira geral, é evoluir (fazer exame físico, anamnese e olhar os exames, por exemplo) os pacientes, já que na maioria dos rodízios lida com pacientes internados. Os alunos se dividem para realizar os atendimentos, e a partir disso podem sugerir a conduta, e depois discutem o caso com o médico. Ademais, o procedimento mais comum realizado é a gasometria.
Falando especificamente do rodízio na Pediatria, os três meses são divididos em 4 módulos: ambulatório, emergência, neonatologia e enfermaria. Já na Ginecologia, os assuntos mais comuns no atendimento ambulatorial são a menopausa e o planejamento familiar. A colocação do DIU também é um procedimento comum, assim como o exame preventivo. A prática também ocorre na enfermaria, onde fazem a avaliação de pacientes em pós-operatório de cirurgias para a retirada de miomas e histerectomia total, por exemplo.
Na parte cirúrgica podem participar desses procedimentos cirúrgicos, na maioria das vezes dando pontos. A estudante de medicina conta ainda que uma vez na semana era possível acompanhar a histeroscopia. Na parte da Obstetrícia os internos do câmpus Boa Viagem têm um plantão de 12 horas na sala parto, procedimentos como o toque podem ser realizados por eles.
Na cesárea e no parto normal podem entrar para auxiliar (pegar o recém-nascido, cortar o cordão umbilical e instrumentar). Além disso, fazem a avaliação pós-parto da mãe, e a nível ambulatorial acompanham o pré-natal. Sobre o rodízio de Saúde Coletiva, em posto de saúde as consultas são ambulatoriais, e os doutorandos da UNINASSAU fazem visitas domiciliares e acompanhavam a abordagem do SAD (Serviço de Atendimento Domiciliar: quando o paciente não tem condições de ir para o hospital). Os atendimentos são mais voltados para pacientes com hipertensão e diabetes.
Carga horária
A carga horária do internato de medicina do Centro Universitário Maurício de Nassau campus Boa Viagem é de aproximadamente 12 horas, mas ela varia bastante conforme o estágio. Para mais, durante o período majoritariamente prático, o doutorando dá plantão somente na urgência e na obstetrícia (das 7h às 19h ou das 19h às 7h).
Mas não pense que só de trabalho vive um interno, em alguns rodízios específicos tem folga, como no caso da Saúde Coletiva. Como as Unidades Básicas de Saúde não funcionam nos finais de semana – na maioria das vezes - nem nos feriados, então são considerados dias de folga para o doutorando. Na Cirurgia Geral não tem folga, mas nos feriados e finais de semana só fica metade da turma no hospital, e o restante fica com o tempo livre.
Sobre os rodízios
Qual o rodízio mais desafiador para você? Porquê?
“O rodízio mais desafiador foi o de emergência, porque é tudo muito prático, tem que ser tudo na hora. Então, para quem está aprendendo é o mais desafiador”, diz a doutoranda do 6ª ano.
Na emergência não tem muito tempo para explicação, é preciso agir, e bem rápido. O papel do interno é fazer os procedimentos mais específicos, como a massagem cardíaca e a intubação, mas a aplicação das drogas, por exemplo, é função do preceptor, que vai explicando na medida que realiza as ações.
A aluna de medicina da UNINASSAU explica que o desempenho durante o internato conta bastante para que o interno seja o escolhido para fazer determinadas atividades ao longo do período prático.
“Se você não passar confiança para o preceptor, ele não vai mandar fazer as coisas, mas se você for audacioso, corajoso e mostrar agilidade ele te dará mais liberdade, na medida do possível”, revelou Mariana.
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Apesar de ser preciso mostrar proatividade para conseguir ter um melhor aproveitamento deste período prático, Mariana faz um alerta:
"É muito importante saber o seu lugar (...) porque muitas vezes o doutorando quer dar uma de médico e fazer tudo, mas tem que saber também conversar com os médicos e residentes, para ganhar a confiança deles aos poucos."
Qual o rodízio que você mais gostou? Por qual motivo?
“É difícil essa pergunta, porque todos têm a sua diferença, que me fizeram aprender muito... mas o que eu mais gostei até agora foi o rodízio de Cirurgia, onde eu estou agora. Estou podendo colocar a ‘mão na massa’ e entrar no campo da cirurgia”, aponta Ferreira.
Ela diz que esse rodízio tem sido o melhor, porque ela já está nos períodos finais do internato, e, por isso, a confiança de executar as atividades é maior. Durante o rodízio de cirurgia é possível suturar e auxiliar, por exemplo. Para a estudante, de todos os rodízios pelos quais passou, esse é o que possui a imersão mais completa.
“Acho que por isso que eu estou gostando tanto, porque é um caminho que eu não pretendo seguir, mas é bom ter a vivência, saber o básico pelo menos, porque qualquer médico precisa saber um pouco de cada coisa para cuidar bem do paciente”, afirma.
Apesar de gostar, Mariana deixa claro que a cirurgia é o pior estágio em termos de exigência, já que a cobrança é grande, mas também é aquele onde o aprendizado é maior. Para mais, revela ser o estágio que a deixa mais cansada, pois a demanda é maior, e ela ainda precisa acordar mais cedo e não tem hora para sair do hospital.
Existe algum rodízio que você gostou menos?
“Não, até agora não teve nenhum que eu não gostei. Todos os rodízios foram muito bons e diferentes, então cada um teve algo para motivar a minha continuação”, apontou.
Como conciliar o internato com os estudos para a residência médica?
Este é um outro desafio para os doutorandos, conciliar o internato com os estudos para a residência médica. Cada um adota a sua estratégia, aquela que se adapta mais ao seu perfil, e nós do Eu Médico Residente fomos em busca daquela utilizada pela interna do 6º ano, Mariana Ferreira.
Ela nos falou que por causa dos horários, como não tem muito tempo para os estudos, ao longo do internato de medicina acabou aprendendo que é melhor dar prioridade aos estudos do rodízio no qual está. Ferreira se utiliza das aulas do intensivo bases do Eu Médico Residente para reforçar o que está sendo visto na prática. Por exemplo, rodando agora na Cirurgia Geral, os procedimentos sobre hérnias são bem comuns, então a interna vai estudar na plataforma de métricas do curso bases sobre esse assunto. Além disso, reserva 1 ou 2 dias na semana para estudar com foco total na residência médica.
Segundo a interna de medicina, estudar o que está sendo visto na prática do internato também é importante para mostrar aos colegas e preceptores o quão você é interessado e esforçado. Isso vai te abrir portas ainda na faculdade e depois dela, por isso o networking é tão importante durante esse período. Mas para além de todo o seu esforço, Mariana Ferreira ressalta que o descanso é muito importante.
Influência do internato na escolha da especialidade
A doutoranda ainda não tomou a sua decisão definitiva, pois está esperando o último rodízio, a Clínica Médica, mas, provavelmente, essa será a sua escolha. Para ela, a influência do internato na escolha da especialidade é enorme, já que é possível entender qual o seu desempenho naquela determinada área.
“Durante a vivência você já vê que não é aquilo que quer. Então é muito bom aproveitar o internato para isso também, para entrar naquela especialidade, ‘se jogar mesmo’, independente se gosta dela ou não. É importante em todos os rodízios você ‘entrar de cabeça’ mesmo, porque talvez seja o seu último contato, e é importante saber bem tudo”, recomendou.
Conclusão
Ao longo do internato de medicina o doutorando não tem tanta autonomia assim, mas realiza alguns procedimentos sozinhos com a supervisão do preceptor, mostrando interesse pelas técnicas utilizadas nos procedimentos e se capacitando adequadamente pode realizar ainda mais.
“É a melhor parte do curso, porque você vivencia a prática. O médico está sempre lá orientando, todos os casos ele para e explica. (...) o internato é muito importante para a gente ‘colocar a mão na massa mesmo’, é um momento de crescimento exponencial”, concluiu a interna do 6ª ano da UNINASSAU campus Boa Viagem.
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