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Publicado em
9/8/24

Rinite alérgica: causa, sintomas e tratamento

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Rinite alérgica: causa, sintomas e tratamento

A rinite alérgica é uma inflamação das vias nasais causada por alérgenos como poeira e pólen. É uma das doenças crônicas mais comuns na pediatria, afetando 14% das crianças entre 13 e 14 anos, além de 8,5% das crianças entre 6 e 7 anos, e 15% dos adultos. Apresentando sintomas como espirros, coceira e congestão nasal, ela pode impactar significativamente a qualidade de vida de crianças e adultos. Vamos relembrar os principais aspectos da condição!

O que é a rinite alérgica?

A rinite alérgica é uma doença crônica provocada pela inflamação da mucosa nasal, sendo caracterizada pelo aparecimento de sintomas como obstrução, rinorreia, espirros, prurido e hiposmia. Pode ser aguda, subaguda ou crônica; de etiologia infecciosa (normalmente de causa viral) ou alérgica (forma mais comum). O problema ainda pode ser classificado de acordo com sua duração e gravidade, como veremos mais adiante.

Fatores de risco

Os principais fatores de risco são o histórico familiar de atopia (maior predisposição para desenvolver uma reação de hipersensibilidade do tipo I), exposição à fumaça do cigarro, poluição ambiental, uso de AINEs (principalmente o ácido acetilsalicílico) e os alérgenos. Desses, os mais importantes são os ácaros, animais domésticos, pólens, fungos e alimentos.

O que causa a rinite alérgica?

A doença é caracterizada por uma reação imune mediada por IgE (reação de hipersensibilidade do tipo I), ocorrendo em indivíduos previamente sensibilizados. É desencadeada por alérgenos, que atuam como antígenos no sistema imune do paciente. Esses antígenos se ligam aos anticorpos IgE nos mastócitos, célula imune responsável por desencadear a reação alérgica. 

A ligação com os anticorpos vai provocar liberação de substâncias vasoativas e mediadores químicos, causando edema (pelo extravasamento vascular) e liberação de muco devido ao espasmo da musculatura lisa local. Após essa fase, ocorre – entre duas horas e um dia - o recrutamento de células imunes, como os eosinófilos (células predominantes na reação), neutrófilos, basófilos e monócitos, levando a uma lesão tecidual na mucosa local.

Esquema representativo de como ocorre a reação de hipersensibilidade tipo I
Esquema representativo de como ocorre a reação de hipersensibilidade tipo I. Fonte: Goldsy RA et al. Immunology, 5th Ed, 2003

Classificação da rinite alérgica

A rinite alérgica pode ser classificada a partir de sua frequência de recorrência, assim como pela intensidade dos sintomas e o quanto eles afetam a qualidade de vida do paciente. Abaixo estão as denominações os critérios de Rinite Intermitente, Persistente, Leve e Moderada:

Esquema mostrando a classificação da rinite alérgica
Classificação da Rinite Alérgica. Fonte: ARIA - Allergic Rhinitis and Its Impact on Asthma (2001, 2008)

Veja também:

Sintomas da rinite

O quadro clínico do paciente é de extrema importância para fazer o diagnóstico. Os principais sinais e sintomas são os espirros em salva, coriza hialina e abundante, obstrução e intenso prurido nasal. Na rinite alérgica também pode ocorrer prurido no canal auditivo externo, palato e faringes. Alguns sintomas oculares como lacrimejamento, fotofobia, hiperemia conjuntival e prurido também podem estar presentes. 

A obstrução nasal tende a ser mais acentuada à noite e, se for muito grave, pode interferir na drenagem dos seios paranasais e da tuba auditiva, resultando em cefaleia e otalgia. A congestão nasal crônica vai se manifestar através da respiração oral, roncos, voz anasalada e alteração do olfato

Sintomas sistêmicos como astenia, irritabilidade e diminuição da concentração podem estar presentes. Anorexia, náusea e desconforto abdominal podem ser consequência da deglutição da secreção nasal produzida em excesso.

Fotos representando a saudação alérgica
Fotos representando a saudação alérgica. Fonte: Blog Anacris

A “saudação alérgica” é um gesto comum quando o prurido nasal é intenso. Em crianças podem ocorrer episódios frequentes de epistaxe relacionados à fragilidade da mucosa, aos espirros e ao ato de assoar o nariz com frequência. No exame físico, podem estar presentes olheiras, dupla linha de Dennie-Morgan, prega nasal horizontal e alterações musculoesqueléticas.

Imagem real mostrando a dupla linha de Dennie-Morgan
Dupla linha de Dennie-Morgan. Fonte: Patel - plastic surgery 

Diagnóstico 

O diagnóstico é dado principalmente através do exame físico, da história clínica e histórico familiar de atopia. Entretanto, exames complementares, como a rinoscopia, podem ser realizados. Através dela podem ser observadas a coloração, vascularização, hidratação da mucosa e presença de rinorreia. O achado mais característico é a mucosa nasal pálida, edemaciada e com abundante secreção hialina. 

Testes cutâneos de hipersensibilidade também podem ser feitos, sendo mais usados para definição de causa alérgica à rinite. Ademais, radiografias normalmente não são utilizadas, mas podem ser úteis para fazer o diagnóstico diferencial com outras comorbidades. A dosagem sérica de IgE e a contagem de eosinófilos também podem ser realizadas.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com hipertrofia da adenoide, rino sinusite, pólipos nasais, discinesia ciliar e fibrose cística. E ainda, com sarcoidose, tumores nasais,  lúpus eritematoso sistêmico, corpo estranho e alterações anatômicas, como desvio de septo e atresia coanal. Além disso, é necessário averiguar o histórico de traumas e cirurgias prévias no nariz.

Tratamento

A principal medida no tratamento da rinite alérgica é evitar a exposição aos fatores desencadeantes das crises. Quando isso não é suficiente, o tratamento farmacológico pode ser iniciado. Os corticosteróides tópicos nasais são considerados a primeira linha de tratamento, pois são os mais eficazes na redução da inflamação e dos sintomas associados. Exemplos de corticosteróides tópicos incluem beclometasona, triancinolona e budesonida.

Além dos corticosteróides, os anti-histamínicos de segunda geração podem ser utilizados, principalmente quando há predominância de sintomatologia. Eles são menos eficazes do que os corticosteróides tópicos para congestão nasal, mas são uma opção em casos de sintomas leves ou para pacientes que não toleram corticosteróides. Exemplos de anti-histamínicos de segunda geração incluem ebastina, epinastina e desloratadina.

Os descongestionantes, como pseudoefedrina, efedrina e fenilefrina, podem ser usados para alívio sintomático da congestão nasal devido ao seu efeito vasoconstritor. No entanto, é importante ressaltar que eles não tratam a causa subjacente dos sintomas e não devem ser usados de forma crônica devido ao risco de efeitos adversos. Por fim, a imunoterapia pode ser considerada em casos de rinite alérgica persistente e de difícil controle, especialmente quando a identificação do alérgeno é clara e evitável.7

Conclusão

A rinite alérgica é uma condição comum, especialmente em crianças, por mecanismos imunes. Os sintomas respiratórios tendem a ser extremamente incômodos e podem afetar as atividades de vida diária do paciente. Dessa forma, o controle do quadro clínico é necessário para o bem-estar do paciente por meio de sintomáticos e terapias.

Leia mais:

FONTES:

  • Akhouri S, House SA. Allergic Rhinitis. 2021 Jan 19. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan–. PMID: 30844213
  • BRASIL. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. III Consenso Brasileiro sobre Rinites. São Paulo, SP, 2013
  • FILHO, G. B. Bogliolo Patologia. 9 ed. Minas Gerais: Guanabara Koogan, 2016.‍‍
  • Akhouri S, House SA. Allergic Rhinitis. [Updated 2023 Jul 16]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan