A residência médica em Oftalmologia está entre as 15 mais procuradas, tratando-se de especialidades com acesso direto, junto a outras que também oferecem um bom estilo de vida associado a uma boa remuneração, tais como Dermatologia, Radiologia e Anestesiologia.
Em relação ao número de especialistas formados, ela ocupa a posição de número 9, com 17.967 especialistas registrados em 2022, de acordo com o Demografia Médica 2023. Dentre todos os órgãos responsáveis pelos nossos sentidos, pode-se argumentar que os olhos são os mais importantes – uma vez que deficientes visuais são pessoas menos independentes do que aquelas com perda de qualquer um dos outros quatro sentidos.
Segundo uma pesquisa do Grupo de Especialistas em Perda da Visão (VLEG), publicada na revista The Lancet Global Health, o quantitativo de pessoas cegas ou com problemas de visão de moderados a severos pode chegar a 535 milhões de pessoas no mundo, em 2050. Tendo em vista a importância e a procura da Oftalmologia, neste texto falaremos um pouco mais sobre a rotina da especialização, suas áreas de atuação e o mercado de trabalho que a envolve.
O que é a Oftalmologia?
A oftalmologia é uma especialidade clínico-cirúrgica responsável pelo cuidado com os olhos e os órgãos primários envolvidos nele – os olhos e seus anexos. Ela diagnostica, previne e trata das doenças oculares, sejam elas primárias, como a catarata ou tracoma, ou que se manifestam por meio de sintomas oculares. O oftalmologista é o médico que garante o bom funcionamento do sistema ocular, também através de cirurgias.
Quais as características de um oftalmologista?
A Oftalmologia é uma especialidade altamente dependente da tecnologia da qual dispomos hoje. Tanto os procedimentos simples, como exames de rotina, até procedimentos complexos, como cirurgias delicadas, dependem do uso de aparelhos complexos. Portanto, se você quer cursar uma residência médica em Oftalmologia, precisa gostar de trabalhar com tecnologia e estar disposto a se atualizar sempre, pois ela evolui muito rapidamente.
Além disso, diligência e capacidade de observação contam muito a favor do médico oftalmologista, uma vez que as patologias oftalmológicas podem ser difíceis de identificar e tratar. Como muitos dos tratamentos hoje são cirúrgicos, é bom manter em mente que você precisa desenvolver habilidades manuais.
Um oftalmologista pode escolher trabalhar apenas com a clínica, também. Então, se você é um médico que não abre mão do contato com seus pacientes, pode ser oftalmologista também. Além disso, também é preciso ser observador e organizado. Ser um profissional responsável e a sensibilidade são características importantes.
Como é a residência médica em Oftalmologia?
A residência médica em Oftalmologia é de acesso direto e dura três anos. No primeiro ano, o médico residente (R1) passará por aulas teórico-práticas focadas em anatomia, histologia, embriologia, genética, fisiologia e citologia ocular. Ele atuará em locais como o ambulatório geral, a emergência, as unidades de internação oftalmológica e fará análises, apresentações e discussões de casos clínicos. Em menor escala, participará como auxiliar em cirurgias do olho e anexos.
Durante o segundo e terceiro anos, cujas grades curriculares são bem semelhantes, os R2 e R3 estarão presentes no ambulatório especializado, em unidades de internação e realizando cirurgias. Ainda há aulas teórico-práticas, mas com menor frequência. A carga horária mínima da residência em Oftalmologia, determinada pelo CBO, é de 2.880 horas anuais – cerca de 60 horas semanais.
O que estudar para ser um residente em Oftalmologia?
Para se tornar um residente em Oftalmologia é necessário fazer a prova de residência médica de acesso direto. A banca que vai aplicar a prova é de sua escolha, mas é sempre bom levar em consideração como ela é estruturada, a concorrência e a relevância que o estabelecimento de saúde tem no meio médico. Diante disso, conhecer quais os assuntos mais prevalentes é essencial para garantir a sua aprovação.
Sendo assim, a metodologia utilizada pelo Eu Médico Residente consiste no estudo direcionado para a sua banca. Todo o material é voltado para os assuntos que realmente caem na prova. Não só isso, você vai aprender como resolver as questões, com todos os macetes. Nosso propósito é fazer você dominar a prova.
Está ainda no internato? Temos um curso voltado para essa fase, que também prepara para a residência médica. Já está formado e quer um preparatório exclusivo para a residência médica? Também um curso para você.
Qual a grade de estudo de um médico residente em Oftalmologia?
A resolução número 60 do CNRM (Comissão Nacional de Residência Médica) lista as competências que o residente em Oftalmologia deve ter em cada um dos três anos. Veja a seguir algumas delas:
Competências do primeiro ano
- Dominar a anamnese e exame físico oftalmológico
- Dominar os princípios básicos, instrumentos, técnicas e abordagens da oftalmoscopia binocular indireta e da biomicroscopia do segmento posterior na avaliação da estrutura retiniana, da interface vitreomacular e disco óptico
- Analisar os testes eletrofisiológicos, eletrorretinografia, eletro-oculografia, potencial visual evocado, visão de cores, sensibilidade ao contraste e adaptação ao escuro
- Analisar os efeitos dos medicamentos tópicos e sistêmicos sobre a pressão intraocular
- Dominar a coleta, interpretação e semeadura de material citológico e microbiológico do raspado da margem palpebral, conjuntiva e córnea
Competências do segundo ano
- Descrever o funcionamento básico dos lasers e suas interações teciduais
- Dominar a identificação, indicação cirúrgica e análise de exames complementares para correção de erros refrativos
- Distinguir causas menos comuns de anormalidades do cristalino
- Analisar complicações cirúrgicas de glaucoma, as etiologias e opções de tratamento
- Dominar a indicação, contraindicação, reconhecimento de sítios anatômicos doadores para enxerto e complicações pós-operatórias de cirurgias palpebrais
Competências do terceiro ano
- Dominar as complicações de curto e longo prazo associadas aos transplantes de córnea
- Dominar a identificação de causas e indicações para implante secundário, reposicionamento ou remoção de lentes intraoculares, assim como indicações menos comuns para extração do cristalino
- Avaliar as formas de nistagmo, sua investigação e tratamento
- Avaliar as indicações, realização e complicações de procedimentos diagnósticos e terapêuticos relacionados aos distúrbios neuroftalmológicos e orbitários
- Dominar o atendimento do trauma ocular no segmento posterior
Como funciona a rotina do profissional em oftalmologia?
O oftalmologista é responsável pelo diagnóstico e tratamento de patologias oculares, bem como cirurgias corretivas, tratamento de deficiências visuais e reparação a danos causados por eventuais traumas e/ou doenças degenerativas. Ele pode trabalhar, dentre outros lugares, em consultórios, clínicas e hospitais. Vale salientar que os plantões não são comuns para o oftalmologista.
A sua rotina vai depender da instituição de saúde onde ele trabalhar. Nos consultórios, por exemplo, ele faz atendimentos e diagnósticos, podendo prescrever óculos e colírios. Ele também realiza cirurgias oculares. Optando por uma subespecialização, o médico oftalmologista estende a sua formação um pouco mais, por 1 ou 2 anos.
Mercado de trabalho e salário
O campo de atuação do oftalmologista hoje, graças aos avanços tecnológicos das últimas três décadas, se ampliou bastante. Sendo assim, o mercado está sempre buscando especialistas e sub-especialistas da área, tanto para clinicar quanto para realizar procedimentos, ou mesmo ambos.
Nos últimos anos, porém, a especialidade tem se tornado bastante competitiva devido a certa saturação de profissionais, especialmente em grandes centros. Além disso, o investimento requerido para trabalhar em clínica própria é muito alto, uma vez que tanto a oftalmologia clínica quanto a cirúrgica dependem do uso de tecnologia cara.
Listamos as principais áreas de atuação e falamos um pouco sobre a remuneração dessa especialidade.
Remuneração
- Cirurgia refrativa
- Trauma ocular
- Glaucoma
- Estrabismo
- Catarata
- Doenças da córnea
- Doenças da órbita
- Retinopatias
- Uveítes
- Refratometria
- Ecografia oftalmológica
- Oftalmopediatria
- Oftalmogeriatria
Dentre essas áreas de atuação, algumas exigem subespecialização (um R4 ou até mais). Os principais exemplos são:
- Retinopatias
- Cirurgias refrativas ou plásticas
- Oftalmopediatria
- Oftalmogeriatria
- Doenças orbitárias e das vias lacrimais
Quais as melhores residências médicas em Oftalmologia?
Como costumamos dizer quando tratamos deste tópico: depende. Depende do que o médico procura em uma residência médica de Oftalmologia. Há centros que são referência em cirurgia do trauma ocular; outros em cirurgias refrativas para correção da visão; outros ainda em atendimento e diagnóstico – e assim por diante.
O órgão que determina o credenciamento dos serviços de residência é o CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). Separamos aqui algumas residências credenciadas pelo CBO que são referências regionais e nacionais:
- HUBFS (Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza – UFPA)
- HUWC (Hospital Universitário da Universidade Federal do Ceará)
- Unifesp
- Hospital São Geraldo (Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais)
- USP
- HBO (Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre)
Conclusão
Se interessou pelo curso de residência médica em Oftalmologia?
Caso sim, recomendamos que você, antes de tudo, procure um profissional da área que tope ser acompanhado e passe umas semanas com ele. Assim, saberá mais sobre a rotina de um oftalmologista atuante e terá certeza – ou não – que essa área é para você.
Uma vez decidido, mergulhe nos estudos, pois estamos falando de uma especialidade com concorrência alta. Se você ainda não sabe qual área cursar, sugerimos que faça um teste vocacional para a residência médica. Se já sabe, você pode escolher um curso preparatório para a residência que se adeque ao seu perfil, arregaçar as mangas e iniciar sua jornada até lá. Boa sorte!
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