A Medicina de Emergência existe oficialmente como especialidade há mais de 50 anos na grande maioria dos países desenvolvidos. Sua aprovação oficial como especialidade médica no Brasil, porém, só foi ocorrer em setembro de 2015, quando a ABRAMEDE (Associação Brasileira de Medicina de Emergência) conquistou unanimidade na votação do projeto dentro da AMB (Associação Médica Brasileira).
É verdade que muitos médicos exercem a especialidade desde os primórdios da profissão, mas, ainda hoje, na maioria dos hospitais, UPAs e unidades do SAMU distribuídos pelo país, essa prática ocorre sem um título de especialista – especialmente em cidades pequenas e afastadas dos grandes centros.
Felizmente, esse quadro está começando a mudar. Desde 2016, quando a ABRAMEDE se tornou a representante oficial da especialidade no país, as vagas de residência começaram a se expandir a um número cada vez maior de serviços de emergência.
O que é a Medicina de Emergência?
A Medicina de Emergência é a especialidade que foca no atendimento precoce do paciente – muitas vezes indiferenciado – que se encontra em situação de risco imediato à vida. O emergencista é responsável pelo manejo da situação inicial e estabilização do paciente, até que cuidados mais avançados, caso necessários, possam ser iniciados. Uma frase bastante popular entre os emergencistas é: “a Medicina de Emergência foca nos 15 primeiros minutos de todas as especialidades”.
Há muita dúvida sobre a diferença entre urgência e emergência. Se definirmos em termos simples, a emergência é “mais perigosa” que a urgência. Dentro do contexto de assistência médica, segundo o CFM, uma urgência é qualquer ocorrência imprevista que leva ao agravo da saúde, com ou sem risco potencial à vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata.
A emergência, por sua vez – também segundo a definição do CFM – é a constatação médica de agravo à saúde que implica em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo assistência médica imediata. Por exemplo: o rompimento de um aneurisma aórtico é uma emergência, enquanto uma luxação no ombro pode ser considerada uma urgência.
Qual o perfil dos médicos emergencistas no Brasil?
A pesquisa Demografia Médica 2023, feita pela AMB com a Universidade de São Paulo (USP), ajudou a traçar um perfil dos 779 emergencistas no país. Segundo o estudo, atualmente a área é predominantemente masculina, com 70% dos especialistas, contra 30% de emergencistas mulheres.
Além disso, essa área é a que possui os especialistas mais jovens, com a média de idade de 40 anos. Sobre a distribuição geográfica, a maior parte desses médicos estão nas capitais do sudeste. Veja abaixo essa divisão completa.
Por região do país:
- 48,9% dos formados em Medicina de Emergência residem no Sudeste;
- 28% no Sul;
- 13,6% no Nordeste;
- 8% no Centro-Oeste;
- E 1,5% na região Norte.
Já a divisão por tipo de município é da seguinte forma:
- 61,1% desses profissionais residem em alguma capital brasileira;
- 33% em cidades do interior;
- E 5,9 na região metropolitana.
Quais as características de um bom emergencista?
O médico emergencista, antes de tudo, deve ser meticuloso, organizado, metódico e saber trabalhar sempre sob pressão e contra o tempo. Deve ter capacidade de autonomia e liderança, pois não trabalhará sozinho, e sim coordenando uma equipe multidisciplinar.
Deve, também, demonstrar a capacidade de gerenciamento de processos administrativos relacionados aos atendimentos de emergência, tais quais a alocação de recursos materiais e humanos. Um emergencista vai trabalhar sempre sob pressão, com a adrenalina a mil; afinal, essa é a descrição de seu trabalho.
Ele atenderá pessoas em risco de vida – e muitas vezes não conseguirá salvá-las, apesar de seus melhores esforços. Por isso, é importante saber trabalhar sob pressão e manejar dificuldades - já que, principalmente em hospitais públicos, muitas vezes há falta de materiais.
Como é a residência médica em Medicina de Emergência?
A residência médica em medicina de Emergência possui duração de três anos e é de acesso direto. Por ser uma especialidade recente, o número de vagas vem crescendo ano após ano com novas instituições aderindo ao programa. Durante a residência médica, o residente irá fazer rotações em diversos centros de treinamento. Sempre em regime de plantão, o emergencista atuará em:
- Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)
- Anestesiologia (procedimentos anestésicos, centros cirúrgicos e salas de recuperação);
- Serviços de emergência de alta e baixa complexidade (pronto socorro, emergência geral, pediátrica, ortopédica, ginecológica e obstétrica, neurológica, cardiológica, oftalmológica, cardiológica etc.);
- SAMU;
- UTIs;
- Centros de trauma (emergência, terapia intensiva e enfermaria);
- CCI (centro de controle de intoxicações);
- Unidade de vítimas expostas a queimaduras.
Os residentes também rodam em diferentes tipos de emergência, tanto hospitais com porta aberta (de livre atendimento) quanto referenciados (que o paciente vem transferido de outro atendimento). O residente de Medicina de Emergência costuma ter rotina com plantões e sobreaviso.
O que estudar para ser um residente em medicina de emergência?
Se você sonha em se tornar um emergencista, saiba que é necessário estudar com muita dedicação, visto que a concorrência para residência médica em Medicina de Emergência está cada vez mais expressiva. Pensando nisso, o Eu Médico Residente, preparatório que já aprovou milhares de médicos em todo o país, criou o curso Extensivo R1 para quem deseja entrar em um curso de acesso direto.
Esse preparatório possui metodologia direcionada para sua aprovação e conta com ferramentas exclusivas para o seu aprendizado como a nossa inteligência artificial, o Medtrack, banco de questões com mais de 50 questões e muito mais. Acesse e garanta a aprovação na residência médica dos seus sonhos.
Como funciona a rotina profissional do emergencista?
O profissional da Medicina de Emergência poderá trabalhar em qualquer instalação médica que possua suporte para o atendimento de emergência, tanto intra quanto extra-hospitalar. Esses locais incluem o pronto-socorro de hospitais de grande ou médio porte, as Unidades de Pronto Atendimento, centros de trauma etc. O emergencista pode ser autônomo ou se vincular a instituições específicas.
Na emergência – seja ela em um hospital, em uma UPA, no SAMU – o lema é AAA: anyone, anything, anytime (qualquer um, qualquer coisa, qualquer momento). O paciente poderá ser qualquer pessoa, apresentando qualquer patologia e aparecer na emergência a qualquer momento. Na maioria das vezes você não acompanhará mais o caso, apenas estabilizará e passará para outro especialista.
Além de poder trabalhar em hospitais como emergencista, esse profissional pode ainda atuar com gestão hospitalar - principalmente gestão de emergências - e atuar como professor em faculdades. Ao longo da residência médica em Medicina de Emergência, o médico desenvolverá competências como:
- Intubação traqueal (oral e nasal);
- Cricotireoidostomia;
- Acesso vascular central e periférico;
- Sondagem nasogástrica;
- Sondagem vesical;
- Suporte ventilatório (invasivo e não-invasivo);
- Punção liquórica;
- Toracocentese, pericardiocentese e paracentese;
- Drenagem torácica;
- Instalação de marcapasso transitório;
- Bloqueio anestésico;
- Sutura;
- Avaliação primária de exames imagens em afecções agudas;
- Iniciação científica.
Entrando num dos tópicos mais questionados sobre a especialidade, o estilo de vida, é importante ressaltar que o médico precisa entrar nessa especialidade sabendo que vai “viver de plantão” - mesmo que uma quantidade menor do que de um generalista. Se você não gosta de trabalhar em regime de plantões e sobreaviso, esta especialidade não é para você – não existe clínica privada para esta especialidade.
Mercado de trabalho e salário
O mercado de trabalho para os médicos formados na residência médica em Medicina de Emergência é muito aberto, com forte demanda de profissionais em todo o país, principalmente fora do sudeste. A área ainda conta com poucos especialistas, sendo a segunda especialidade médica com menor número segundo a pesquisa Demografia Médica 2023, logo atrás de Genética Médica.
Apesar da maioria das emergências no país estarem preenchidas com profissionais generalistas, as instituições têm forte preferência por profissionais especializados. Esses, por sua vez, costumam cobrir menos horas de plantões e ganhar mais do que os que não possuem residência médica. Sobre a remuneração, segundo o site Salário.com o valor médio é de R$11.000,00.
Conclusão
A Medicina de Emergência não é para qualquer um. Se você não gosta de adrenalina, pressão e nem quer trabalhar em regime de plantões, ela não é para você. No entanto, fazer a residência médica em Medicina de Emergência e se tornar um especialista pode ser extremamente recompensador.
Você será o “jack of all trades” da medicina, ou seja, um coringa. Não só estará preparado para atender pacientes em situação de emergência de qualquer especialidade, mas saberá fazer isso com o máximo de destreza e confiança possível.
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