Os prolactinomas representam uma forma comum de tumor hipofisário, caracterizados pela produção excessiva de prolactina (PRL), um hormônio crucial para a lactação. Embora geralmente benignos, esses tumores podem causar uma série de complicações significativas, afetando a qualidade de vida dos pacientes. Neste texto, exploraremos o que é o prolactinoma, como reconhecê-lo e tratá-lo devidamente .
O que é prolactinoma?
Prolactinomas são tumores benignos da glândula pituitária, uma pequena estrutura localizada na base do cérebro. Eles pertencem à categoria dos adenomas hipofisários, o que significa que se originam nas células glandulares da hipófise anterior. Esses tumores são caracterizados pela produção excessiva de prolactina, um hormônio que desempenha um papel fundamental na regulação do crescimento das glândulas mamárias e na produção de leite durante a lactação.
Epidemiologia
Os prolactinomas são os tumores hipofisários mais comuns, representando cerca de 40% de todos os casos. Eles ocorrem com maior frequência em mulheres em idade reprodutiva, especialmente entre 20 e 50 anos. No entanto, também podem afetar homens e mulheres de todas as idades, incluindo crianças e idosos. Estima-se que a incidência de prolactinomas seja de aproximadamente 3 a 5 casos por 100.000 pessoas por ano.
Etiologia
Os prolactinomas são tumores benignos compostos por lactotrofos, que são adenomas secretores de prolactina. Esses tumores se originam das células lactotróficas, que compõem cerca de 30% das células da adeno-hipófise. Em humanos, a prolactina desempenha um papel fundamental na estimulação da produção de leite durante a lactação.
Dentre os tumores da hipófise, os prolactinomas são os que mais frequentemente resultam em produção excessiva de hormônio. Ao contrário de outros hormônios secretados pela adeno-hipófise, a prolactina é principalmente regulada pela supressão proporcionada pela dopamina, em vez de feedback negativo de hormônios periféricos.
A hiperprolactinemia induzida pelos prolactinomas pode levar ao hipogonadismo hipogonadotrófico. Isso ocorre principalmente devido à inibição da pulsatilidade do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), resultando na redução dos níveis de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH), e consequente diminuição da produção de estrogênio em mulheres e testosterona em homens.
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Como estabelecer um diagnóstico para o prolactinoma?
O diagnóstico de prolactinoma geralmente envolve uma combinação de história clínica, exames de imagem e testes laboratoriais evidenciando hiperprolactinemia. O diagnóstico de hiperprolactinemia é realizado por meio de pelo menos duas dosagens de PRL sérica basal elevada. Em microprolactinomas ou em outros tumores causando desconexão de haste, os níveis de PRL em geral encontram-se entre 50-150 ng/mL, enquanto em macroprolactinomas os níveis frequentemente são superiores a 200 ng/ml.
Outras condições, como gravidez, estresse e certos medicamentos, também podem causar elevações temporárias nos níveis de prolactina. Portanto, é essencial descartar outras causas potenciais de hiperprolactinemia antes de confirmar o diagnóstico de prolactinoma. Após descartar outras causas, deve-se ser realizado exames de imagem da região hipofisária, sendo a ressonância magnética o exame de escolha.
Quais são os sinais e sintomas do prolactinoma?
Os sinais e sintomas de prolactina podem variar amplamente, dependendo do tamanho do tumor e da quantidade de prolactina que produz. Em mulheres, os sintomas comuns incluem amenorreia, galactorreia, infertilidade, disfunção sexual e dor de cabeça. Nos homens, os sintomas podem incluir disfunção erétil, diminuição da libido, infertilidade, galactorreia e dor de cabeça. A galactorreia em pacientes masculinos é quase patognomônica de prolactinoma.
A hiperprolactinemia crônica leva à diminuição da densidade mineral óssea na coluna lombar em ambos os sexos devido ao hipogonadismo. Em casos de prolactinomas maiores, podem ocorrer sintomas de efeitos de massa, como cefaleia, alteração visual, hemianopsia bitemporal por compressão do quiasma óptico e até mesmo hipertensão intracraniana caso haja compressão do III ventrículo.
Tratamento para o prolactinoma
O tratamento de prolactinomas geralmente depende do tamanho do tumor, dos sintomas do paciente e do desejo de fertilidade. Os objetivos do tratamento são a normalização da PRL e restauração do estado de eugonadismo e da fertilidade do paciente. A opções terapêuticas incluem tratamento medicamentoso, cirúrgico e radioterápico.
Tratamento medicamentoso
O tratamento medicamentoso é o tratamento de escolha, por meio dos agonistas dopaminérgicos (AD), como a bromocriptina e a cabergolina. Promovem a normalização dos níveis de de PRL e a redução do volume tumoral em 80% dos casos.
Esses medicamentos são altamente eficazes e geralmente bem tolerados, mas podem causar efeitos colaterais, como náuseas, tonturas e hipotensão. Existem estudos controversos que associam o uso de AD em altas doses e lesão valvar cardíaca, por isso alguns centros preconizam a realização anual do ecocardiograma como forma de vigilância.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico é indicado em casos de resistência/intolerância medicamentosa, apoplexia com sintomas visuais e redução rápida tumoral, que esta pode causar fístula liquórica ou tração do quiasma óptico com piora visual. A cirurgia é geralmente realizada por via transesfenoidal, minimizando o risco de danos aos tecidos circundantes e acelerando o tempo de recuperação.
Tratamento radioterápico
No geral os prolactinomas são pouco responsivos à radioterapia, sendo essa considerada em casos de prolactinomas resistentes ao tratamento medicamentoso e cirúrgico. No entanto, é geralmente reservada para pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia ou que não respondem bem a outras formas de tratamento devido ao potencial de efeitos colaterais a longo prazo.
O monitoramento do tratamento é realizado por meio de dosagem sérica de PRL e realização de ressonância magnética da região selar, com frequência individualizada para cada paciente.
Conclusão
Os prolactinomas são tumores hipofisários comuns que podem ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Embora geralmente benignos, esses tumores podem causar uma variedade de sintomas, incluindo distúrbios menstruais, infertilidade, disfunção sexual e cefaleia. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para controlar os sintomas, prevenir complicações e melhorar os resultados a longo prazo.
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FONTES:
- Manual do residente de clínica médica / Maria Helena Sampaio Favarato ... [et al.]. - 3. ed. - Santana de Parnaíba [SP] :Manole, 2023
- HARRISON'S Principles of Internal Medicine. 21. ed. [S. l.: s. n.], 2022