A escolha pelo programa de residência médica, bem como a preparação para se tornar efetivamente um residente não é nada fácil, sabemos. Exige, dentre outras coisas, muita disciplina e foco. A fim de descobrir quais são os desafios desta etapa, e como enfrentá-los, o CEO do Eu Médico Residente, Bruno Kosminsky, entrevistou duas convidadas que estão em períodos diferentes da preparação.
Uma delas foi Tatiana Calado, formada pela Faculdade Pernambucana de Saúde e R1 em Dermatologia pelo IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira), localizado em Recife, PE. E a outra, foi a estudante Martinna Duarte, que está no 9ª período, já na reta final da graduação na Universidade de Pernambuco - Campus Santo Amaro. Confira a seguir a experiência das convidadas, ela pode te auxiliar a percorrer a sua caminhada de modo menos tortuoso.
Como foi realizada a escolha da especialidade?
Para a R1, Tatiana, a escolha ocorreu ao ingressar no internato: “A residência médica foi uma escolha que eu fiz desde o 5º ano (...) Eu tinha uma ideia de que eu queria Dermatologia, mas não tinha coragem de afirmar, porque eu sabia que era muito difícil. Acho que todo mundo passa por uma fase de ter que ser firme na decisão”. Por isso, mesmo sabendo que queria fazer uma especialização, ela ainda ficou em dúvida entre as especialidades, pois ainda não tinha passado por todos os rodízios no internato.
Mais tarde, depois de passar pela Pediatria, por exemplo, e no percurso perceber também que a Clínica Médica não se encaixava no seu perfil - pois queria uma especialidade que se aprofundasse em um aspecto específico e que não fosse tão ampla - a médica ‘bateu o martelo’. A decisão foi tomada somente no sexto ano, quando no rodízio opcional foi para a Dermatologia: “foi paixão à primeira vista”, contou.
Assim como Tatiana, Martinna também não tinha dúvidas sobre ser especialista, afinal, para ela “o mercado hoje exige uma especialidade médica, mas também é uma decisão pessoal, já que enriquece muito o nosso trabalho e nos dá mais segurança para lidar com o paciente”. A interna já sabia que gostaria de ser ginecologista e obstetra desde que ingressou na faculdade. Isso porque optou pela área - ainda de maneira bastante subjetiva - ao presenciar o nascimento do primo, e teve a certeza no segundo período, ao rodar na GO.
Em alguns outros casos, entretanto, os alunos não sabem por qual área médica irão optar, seja porque não tem afinidade com nenhuma delas ou porque gostam de todas. Para essas pessoas, a recomendação do CEO do Eu Médico Residente é que busquem saber a rotina da especialidade, os tipos de atendimentos e o perfil dos pacientes. Além disso, algumas perguntas que podem ajudar na escolha são:
- Tem cirurgia ou não?
- Você prefere atender homens ou mulheres? Crianças ou idosos?
- Você prefere atender o paciente a descobrir o problema e mandar ele para casa em tratamento ou curado, ou prefere acompanhá-lo para o resto da vida?
Tomar a decisão sobre a especialidade ajudou a focar mais na aprovação?
A médica Tatiana Calado afirma que sim: “a escolha da especialidade foi fundamental para iniciar a caminhada [rumo à aprovação na residência médica]", pontuou. Ela conseguiu perceber e planejar qual seria o caminho a ser percorrido até a aprovação. Optar pela Dermatologia e pela banca (SES-PE) também ajudou a escolher o curso preparatório de residência médica, que tinha o direcionamento para a banca e que trabalhava em cima da resolução de questões, o Eu Médico residente.
No entanto, até chegar a decisão não pense que o caminho foi fácil, porque não é. Foram cometidos vários erros, que ajudaram a perceber o que realmente funcionava para si e para a sua rotina. Ao longo da conversa, elas também falaram, dentre outros assuntos, sobre como conciliar os estudos da residência médica com o internato e sobre as dificuldades durante a preparação para a residência médica. Continue acompanhando.
Estudar para a residência médica e para o internato: como conciliar?
A metodologia que envolve a residência médica é muito diferente das provas vistas ao longo da faculdade, é muito voltada para o mundo do concurso público. A partir do momento que começa a estudar, você tem que observar o que mais cai, quais são as cascas de bananas e a forma como as perguntas são elaboradas.
“É desafiador conciliar os estudos para o internato e para a residência médica. [No entanto], os casos vistos no internato não devem ser deixados de lado [para se dedicar exclusivamente a residência], já que ele fica mais rico dessa maneira (...) Até porque, por mais que a gente precise ser concurseiro, a gente precisa também ser médico, se formar, precisa estar ali na ponta sabendo o que vai fazer. Precisamos conciliar as duas coisas”, alerta Tatiana.
Para a interna do 9ª ano, o posicionamento não é diferente, é fundamental ter o equilíbrio entre eles, se não for dessa maneira, você acaba se tornando um “doutorando com carimbo", porque acaba não desenvolvendo as habilidades médicas. E ser médico não é só saber qual o diagnóstico e como tratar, é preciso saber o manejo do paciente, que envolve uma série de detalhes”.
Começar o preparo para a residência no 5ª ano foi essencial para Martinna, que afirma ter ficado mais segura para executar as tarefas do internato. Além disso, ficou mais fácil de entender como conciliar as duas coisas e ter a certeza de que elas são importantes e complementares. Sabendo o quão importante é essa conciliação, o Eu Médico Residente tem no seu portfólio o Extensivo bases, que oferece um direcionamento para o internato e para a residência médica.
Com ele, você se torna um doutorando de excelência, revisitando os temas mais importantes vistos ao longo dos 4 anos de graduação e aprendendo a aplicar esse conhecimento por meio de casos clínicos. Além disso, o bases também é direcionado também para a residência médica, com um direcionamento específico para a banca onde você fará o seu processo seletivo.
Por mais que você faça um ótimo curso preparatório, o cansaço é inevitável. Enganasse quem pensa que ao se preparar para a prova não vai se sentir cansado, como as entrevistadas disseram, este é um desafio. Isso porque você vai estar lidando com a rotina do internato, os plantões, e ao mesmo tempo, também com os estudos. Além de outros aspectos da sua vida pessoal.
“Nesta rotina que a gente vive, estar descansado não é mais uma opção. Nós estamos cansados, não só mentalmente, mas fisicamente também”, evidencia Martinna.
Ela também faz uma alerta afirmando que desistir não vai te deixar descansada (o), sendo assim, não desista. Busque conhecer os seus limites e reconhecer quando vai precisar descansar, desacelerar. Saia para tomar um café, para conversar com alguém, para andar de bicicleta, para visitar um museu etc. Fazer outras atividades além de estudar também é imprescindível.
Tatiana lembra que na época de preparação, a sua energia e disposição eram bem maiores no começo da semana. Sendo assim, aproveitava para estudar mais horas, para encaixar mais atividades nos seus dias quando estava mais disposta. Então, é preciso saber dosar o que será estudado e durante quanto tempo, para manter o rendimento e não ficar esgotado. Lembre-se que descansar também é fundamental para não ficar sobrecarregado, bem como fazer atividade física.
Qual a maior dificuldade na preparação para a residência médica?
Martinna deixou claro que: “A maior dificuldade é conciliar [a preparação com o internato], principalmente quando os assuntos não “batem”. Além do tempo e o cansaço”.
De todos esses supracitados, a doutoranda enfatiza que o tempo é o fator mais limitante. Outra dificuldade é conciliar o trabalho exaustivo e a pressão social, familiar e pessoal “com a necessidade de ser um bom médico e o preparatório. Então, o fator tempo, o cansaço físico e a pressão são fatores que [dificultam a preparação]”, desabafa.
Diante dessas dificuldades na preparação para a residência médica, a R1 em Dermatologia dá uma dica e deixa claro que é preciso se planejar. Ver qual assunto está sendo abordado no internato e ir em busca dele na plataforma de estudos do preparatório, justamente para conseguir se organizar. O planejamento é necessário para manter o foco, para que você consiga encaixar todas as atividades num determinado período, para não deixar nada de lado, nem muito menos para depois. Se organizar semanalmente é fundamental.
A médica formada pela FPS também fala em criar várias metas, as mínimas e as máximas, por que se você não consegue alcançar as máximas, pelo menos já vai ter conseguido alcançar as metas menores, que também são importantes. Tudo isso, para não gerar frustração, ou para evitá-la ao máximo, para não prejudicar a preparação.
Estratégias de estudo
Ao fazer os simulados das provas de residência médica é necessário pensar também nas condições estruturais do local onde ela será feita. Pensando nisso, a médica Tatiana imaginava que pudesse fazer prova nos piores cenários possíveis, por isso conta que pegava as piores cadeiras da casa, fazia os simulados num ambiente mais quente, e, por vezes, até colocava uma música de fundo.
Ela diz também que depois de tentar algumas outras estratégias, resolver questões antes de assistir às aulas era o ideal. Assim, caso já tivesse algum ponto que já dominasse, não precisava mais assistir o trecho daquela aula.
A estratégia de estudo de Martinna, que está no último ano do internato, é feita baseada nas aulas do extensivo bases, que libera 3 aulas por semana. A semana dela começa na segunda-feira. Com isso, primeiro ela assiste às aulas do primeiro assunto da semana e resolve algumas questões, para então estudar a teoria no dia posterior, seja pelos e-books, mapas mentais ou flashcards.
Na quarta-feira faz questões relacionadas a sua banca sobre o que já foi estudado - utilizando o banco de questões do Eu Médico Residente, que tem mais de 40 mil questões comentadas em texto e vídeo. E ainda, começa a assistir à segunda aula da semana. E retoma o ciclo até sábado, sendo o domingo seu dia de descanso.
Diante dessas estratégias, Bruno deixa claro que ao conversar com os aprovados eles apontam que resolver pelo menos 10 mil questões no ano pode fazer toda a diferença na sua aprovação. Mas não se preocupe se não alcançar esse número, você precisa fazer o ideal para a sua rotina, mas lembre-se, a resolução de questões é essencial para você se tornar um residente, pois ela te ajuda a fixar melhor o conteúdo e entender como os assuntos são cobrados.
“Quando você estuda com direcionamento, independente de quando você começa, você consegue o resultado. O que vale é o seu esforço e a sua vontade de ser aprovado”, diz o CEO do Eu Médico Residente.
Cheguei na reta final da preparação para a residência médica. E agora?
A chegada da reta final pode assustar, pois o processo seletivo vai ficando cada vez mais perto. Por isso, como você já vai ter se esforçado bastante ao longo do ano, ela exige que a sua rotina seja diferente.
Para a médica formada pela FPS, o que funcionou na reta final foi dar uma pausa no trabalho, deixar de lado as aulas atrasadas e fazer simulados dos assuntos que mais estava errando, além de fazer também as provas na íntegra. Com isso, é possível entender por qual área deve começar a prova, aquela que te deixa mais seguro, mais confiante, a que você mais domina.
E mais, como o seu processo seletivo era o da SES-PE, e muitos outros já tinham ocorrido e estavam liberando as provas, e já estavam disponíveis as lives de correção do Eu Médico Residente, então ela aproveitava para fazer essas provas na íntegra e analisar o que tinha caído, pois poderiam ser assuntos a serem abordados na sua prova também. Era possível ter alguns insights a partir disso.
Nos momentos finais “não tem muito tempo para assistir vídeo-aulas, para ficar preocupado com a teoria que não foi vista. É preciso fortalecer o que você tem de bom, e acho que dá tempo de consolidar onde você mais está errando”, diz a residente em Dermatologia.
Uma outra dica, que ela aplicou na sua preparação para a residência médica, foi se manter focada em Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Medicina Preventiva e Social, já que o número de assuntos é menor e o peso é o mesmo. Fazendo isso, as chances de acertar um número maior de questões aumenta consideravelmente. Lembrando que, ela não negligenciou Clínica Médica e Cirurgia Geral, apenas priorizou as outras áreas.
Cheguei na hora da prova e deu “branco”. O que fazer para evitar?
Sabe aquele famoso “branco”, quando você não consegue lembrar de algo que estudou? Pronto, as convidadas também falaram sobre isso.
A dica de ouro de Martina Duarte é fazer questões, não somente quando estiver estudando, mas também com o passar do tempo. Teve um tempinho, resolva questões, para ir sempre alimentando o seu cérebro com as informações dos conteúdos já estudados, com o objetivo de dominá-los, e não esquecê-los. Para Tatiana Calado as questões também são fundamentais. Ela diz que durante a preparação para a residência médica, se utilizou da técnica do caderno de erros, que visa tornar a revisão mais eficiente, por meio da resolução de questões.
Diante das dicas, é possível ver que fazer questões é um diferencial. Nesse sentido, o banco de questões do Eu Médico Residente também é de grande ajuda, já que é possível personalizar dentre outras coisas: o ano, a especialidade, a banca, o assunto, o tipo de entrada (R1 e R), e até mesmo o nível de dificuldade.
Para saber mais detalhes sobre esse papo, assista ao vídeo da Live que ocorreu no último da 30 de maio:
Conclusão
Por mais difícil que seja, e mesmo que você não passe de primeira, desistir não deve ser uma opção. Pense no seu objetivo, foque nele e siga, a sua hora vai chegar. É importante lembrar também que o ambiente no qual está inserido também deve ser um grande motivador, você precisa de uma rede de apoio.
Planeje, execute e revise, seguindo esses caminhos o seu sonho vai se tornar cada vez mais próximo. Se a sua rotina não está funcionando, observe o que não está dando certo e reajuste, para não virar uma ‘bola de neve’. O importante é não desistir. É como a médica Tatiana Calado disse, a preparação para a residência “é um processo, e é sofrido, mas você tem que suportar, para atingir o seu objetivo”.
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