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A Nefrologia é uma especialidade médica recente, surgiu na década de 40 do século passado mas, 20 anos depois, em 1960 a área ainda não tinha mais de 120 profissionais quando a Sociedade Brasileira de Nefrologia foi fundada, com o intuito de unir especialistas e difundir conhecimentos e novidades sobre a área.
Mais ou menos na mesma época houve o primeiro transplante renal no mundo em 1954 e no Brasil em 1965 fazendo com que a especialidade se desenvolvesse muito em um curto espaço de tempo. A atratividade da área não ficou só no passado no entanto, nos últimos dez anos o número de nefrologistas no Brasil pulou de 2.800 para quase 5.500, como conta a pesquisa Demografia Médica 2023.
E é sobre essa especialidade que tem crescido tanto que vamos falar nesse texto. Falaremos sobre sua rotina, remuneração e tudo sobre a residência médica em Nefrologia!
O que é Nefrologia?
A Nefrologia é uma especialidade clínica responsável por cuidar dos rins. Assim, ela se dedica a estudar, avaliar, diagnosticar e tratar problemas renais clínicos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, “é uma especialidade médica dedicada ao diagnóstico e tratamento clínico das doenças do sistema urinário, principalmente relacionadas ao rim”.
O médico nefrologista não realiza procedimentos cirúrgicos, que ficam a cargo do Urologista. Aqui está a diferença entre a Nefrologia e a Urologia, que é uma especialidade cirúrgica que trata do sistema urinário. Um bom exemplo dessa distinção é em relação ao transplante renal. Enquanto a cirurgia é realizada pelo urologista, o nefrologista fica nos bastidores, nos procedimentos pré-cirúrgicos, escolhendo o doador, preparando o paciente e nos cuidados pós-cirúrgicos.
Quais as características de um nefrologista?
Para ser um bom nefrologista é preciso gostar de estar em constante contato com seus pacientes. Por ser uma especialidade clínica que atende muitas pessoas com doenças crônicas, esse profissional por vezes acompanha o mesmo paciente durante meses e até anos. Além disso, ser capaz de trabalhar em equipe é requisito básico uma vez que seja em clínicas de hemodiálise ou em grandes centros hospitalares essa é uma área da medicina que está sempre em contato com outros profissionais como o urologista.
Qual o perfil dos nefrologistas no Brasil?
Levando em consideração a pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina e pela Universidade de São Paulo, a Demografia Médica 2023, o Brasil possui 5.494 médicos nefrologistas. A divisão entre especialistas femininos e masculinos é bem balanceada, e a média de idade deles é de 48 anos. Além disso, a região sudeste possui a maior concentração de especialistas - 50,3% do total trabalham na região, sendo seguida pela região nordeste com aproximadamente 20%.
Essa especialidade, no entanto, também se destaca pelo grande número de especialistas no interior: quase 35% dos nefrologistas do país atuam no interior de seus estados, número muito maior dos que atuam na região metropolitana com apenas 6%. As capitais concentram quase 60% dos profissionais.
O que estudar para ser um residente em Nefrologia?
A Nefrologia é uma especialidade com pré-requisito. Isso porque, como visto anteriormente, é preciso fazer a residência Médica em Clínica Médica antes. Dessa maneira, para ser aprovado nessa e em outras áreas como a Pneumologia, Oncologia e Reumatologia é preciso fazer uma outra prova de residência.
Pensando nisso, nós do Eu Médico Residente criamos um preparatório voltado para quem vai fazer um R+ em Clínica Médica. Nós contamos com uma plataforma exclusiva, pela qual são disponibilizadas nossas aulas - que tem duração de cerca de uma hora, dividida em blocos de aproximadamente 10 minutos - apostilas atualizadas em formato de e-book, o resumos, mapas mentais e flashcards.
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Como é a residência médica em Nefrologia?
A residência médica em Nefrologia não é de acesso direto, para cursá-la o médico precisa antes ter terminado a especialização em Clínica Médica, que tem duração de dois anos. Sobre a rotina na residência, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) determina que os seguintes estágios obrigatórios devem fazer parte da residência:
- Unidade de Internação: 25% da carga horária;
- Ambulatório de Nefrologia Geral e Especialidades: 20% da carga horária;
- Serviço de Terapia Renal Substitutiva (hemodiálise e diálise peritoneal): 15% da carga horária;
- Interconsulta Nefrológica: 20% da carga horária;
- Estágios Opcionais: 10% da carga horária; e
- Atividades Didáticas: 10% da carga horária.
Unidades de internação
Devem ser realizadas práticas para orientar os diagnósticos e tratamentos, fazendo acompanhamento perioperatório de paratireoidectomia e do transplante renal. Ou ainda, o residente pode realizar e/ou providenciar e acompanhar o acesso vascular para hemodiálise e acesso para diálise peritoneal, bem como realizar biópsia renal quando necessário.
Ambulatório de Nefrologia Geral e Especialidades
Os residentes lidam com o planejamento, diagnóstico e terapêutica das mais variadas afecções nefrológicas como as glomerulopatias e o diabetes mellitus. Além de cuidar dos pacientes que fizeram transplantes de rins, dos doadores e dos pacientes que estão fazendo diálise peritoneal, por exemplo.
Serviço de Terapia Renal Substitutiva para Doentes Crônicos
Nesse estágio obrigatório os médicos que estão fazendo residência lidam diariamente com pacientes em hemodiálise, prescrevem a diálise com os devidos ajustes da dose de heparina e adequam o peso e a pressão arterial e intervenção nas intercorrências dialíticas.
Além disso, adquirem conhecimento sobre o controle de qualidade da água e de reuso de materiais, assim como aprendem noções básicas sobre as portarias e resoluções governamentais que falam sobre o acompanhamento dos pacientes renais crônicos.
Interconsulta Nefrológica
A SBN diz que as interconsultas devem ser realizadas para pacientes internados em enfermarias de especialidades clínicas, cirúrgicas, obstétricas, unidade de terapia intensiva, unidades de pronto atendimento ou outros departamentos da Instituição de ensino.
Assim, os residentes são responsáveis por acompanhar e evoluir diariamente os pacientes, reconhecer e orientar os distúrbios hidro-eletrolíticos e ácidos básicos, e indicar e realizar a terapia renal substitutiva. A prescrição e acompanhamento de métodos de hemodepuração lenta, contínua e hemodiálise convencional para pacientes críticos também fazem parte do escopo da residência.
Para saber mais confira nosso EMRCast sobre a residência médica em Nefrologia. Nela, entrevistamos o Dr. Amadeu Marinho, médico formado pela UPE e nefrologista titulado pela sociedade brasileira de Nefrologia que nos contou tudo sobre a residência e a vida do especialista.
Qual a grade de estudo de um residente médico em nefrologia?
A matriz curricular, elaborada pelo MEC, definiu que algumas das competências que você deve saber ao fim de cada ano, são elas:
O que devo saber ao fim do primeiro ano em Nefrologia segundo o MEC?
Deverá estar apto a reconhecer, diagnosticar, determinar a conduta e acompanhar os pacientes com doenças nefrológicas e suas intercorrências. Alguma das competências do R1 em Nefrologia:
- Dominar o manejo das doenças em nefrologia mais frequentes e estratificar sua gravidade para indicar internação, atendimento de urgência e emergência e alocação de infraestrutura do sistema de saúde;
- Investigar causas secundárias de hipertensão arterial sistêmica;
- Analisar as indicações, contraindicações e limitações dos métodos diagnósticos e terapêuticos relacionados à especialidade;
- Realizar punções venosas guiadas por ultrassonografia;
- Indicar e interpretar os principais exames diagnósticos em Nefrologia, incluindo exames de imagem.
O que devo saber ao fim do segundo ano em Nefrologia segundo o MEC?
- Demonstrar cuidado, respeito na interação com os pacientes e familiares, respeitando valores culturais, crenças e religião dos pacientes, oferecendo o melhor tratamento;
- Manejar o suporte para os pacientes e familiares nos casos de medicina paliativa e de terminalidade da vida;
- Dominar as modalidades terapêuticas básicas das doenças glomerulares, bem como suas potenciais complicações
- Discutir, indicar e conduzir o processo de conduta paliativa;
- Dominar o diagnóstico diferencial das doenças nefrológicas.
Como funciona a rotina profissional da Nefrologia?
A rotina do médico nefrologista pode ser calma ou agitada, mas tudo depende das suas escolhas. Eles podem dar plantão em clínicas de hemodiálise, o que é o mais comum para quem está iniciando a carreira. Isso porque, há uma maior oferta de vagas e a remuneração é por turno. O regime de plantão trabalhado é de até 14 horas e a maioria dos atendimentos são de portadores de insuficiência renal crônica.
No atendimento a esses pacientes os médicos devem monitorar os pacientes e o acompanhar o resultado dos exames. Ainda é possível atuar em clínicas de terapia, enfermarias, UTI’s, consultórios e unidades de transplante.
Nas Unidades de Terapia Intensiva os especialistas em Nefrologia prescrevem tratamentos e avaliam os pacientes. Assim, a visita hospitalar, seja ela em enfermaria ou emergência, é rotineira para o nefrologista. Já nos consultórios atuam avaliando os pacientes em busca das principais patologias renais, como: infecção urinária, alterações dos sais minerais do sangue, doenças autoimunes, hipertensão arterial etc.
Diante disso, os nefrologistas podem atuar da seguinte forma:
- Prevenção de doenças renais;
- Diagnóstico e tratamento de hipertensão arterial, infecções urinárias, nefrites, litíase renal, doenças renais císticas, doença renal crônica e lesão renal aguda;
- Hemodiálise;
- Diálise peritoneal;
- Transplante renal.
Para mais, o especialista pode atuar na Nefrologia Intervencionista, uma área em expansão, pela qual, dentre outras coisas, o médico fica responsável pela implantação de cateteres.
Mercado de trabalho e salário
As ofertas de emprego para os especialistas são oferecidas pelas clínicas de hemodiálise. Mas, além dessas e das clínicas de terapia, também é possível atuar em hospitais públicos e privados, e montar um consultório.
Segundo o site salário.com, que analisa os dados oficiais do novo CAGED, eSocial e Empregador Web, a remuneração média de um médico nefrologista é de R$ 7.997,74, por uma jornada de trabalho de 22 horas semanais. O teto salarial desse profissional pode chegar a R$ 15.525,47.
Seu grau de especialização e local de atuação são dados que também podem alterar o salário desses profissionais visto que especialistas com subespecializações ou que atuam em regiões com menos profissionais são mais procurados e melhor remunerados.
Conclusão
Durante a residência médica o médico é treinado para a vida profissional, na qual ele é o responsável por cuidar dos rins e do sistema urinário, acompanhando e tratando pacientes com insuficiência renal ou com problemas crônicos como diabetes e hipertensão. O mercado de trabalho é bastante amplo e a remuneração é de em média R$ 7.997,74. Durante a residência o nefrologista aprende a como diagnosticar e tratar os pacientes, e prestar os devidos cuidados durante o período perioperatório.
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