O método PBL é uma modalidade de estudo que surgiu dentro da área médica e depois se espalhou pelas mais diversas áreas do aprendizado.
Ao final da década de 60 – mais especificamente, 1969 – uma Universidade canadense, a McMaster University, baseada em Toronto, implementou em seu curso de medicina um método que colocaria os alunos em contato com a prática médica desde o início.
Esse método, que foi intitulado PBL (problem based learning, ou, em português, aprendizado baseado em problemas), essencialmente alteraria o papel da escola no processo de aprendizagem.
Ele colocaria o aluno, e não o professor, no centro desse processo. E mudaria a relação entre teoria e prática, que costumavam andar separadas nos métodos tradicionais.
A Universidade McMaster tem em seu site um documento explicando as vantagens do PBL não só na medicina, mas no aprendizado de uma forma geral.
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O que é o método PBL?
O método PBL, também chamado de Metodologia Baseada em Problemas, é um método que propõe a realização de atividades guiadas a partir de um problema apresentado pelos professores.
Os alunos de determinado período do curso se reúnem em grupos e interagem entre si buscando a resolução do problema apresentado, utilizando fontes indicadas, a partir do tópico escolhido pelo professor.
Como funciona o método PBL?
Na aprendizagem tradicional, o caminho normalmente é seguido em três passos: transmissão do conteúdo pelo professor; memorização; oferta de um problema que aplique este conteúdo (de forma a fixá-lo na mente do aluno).
No PBL, em vez da primeira etapa ser constituída pela transmissão do conteúdo, o professor oferece um problema.
Na segunda, o aluno deve identificar qual conteúdo precisa aprender para resolvê-lo. Na terceira, ele estuda e aplica o que foi aprendido na resolução do problema.
A função do professor no método PBL é atuar como facilitador de discussões, e não transmissor do conhecimento. Como tal, ele não deve direcionar seus alunos a um caminho específico, mas oferecê-los suporte para que encontrem esse caminho por conta própria.
Como utilizar o método PBL na faculdade de medicina?
As faculdades de medicina que implementaram o método PBL costumam oferecer semanas de laboratório, tutoria, conferência e consultoria.
Laboratório
De uma a duas vezes por semana, os professores de várias disciplinas se reúnem para dar aulas em conjunto, abordando um problema através do ponto de vista de cada uma delas. Isso garante a integração – já que nenhuma disciplina existe num vácuo. As aulas de ciências básicas – como bioquímica, biofísica, biologia, histologia etc. – são feitas nele.
Tutoria
É quando o caso clínico da semana é apresentado e analisado. Costuma acontecer no início da semana e é concluída ao fim dela, com um diagnóstico final.
Conferência
É o que mais se aproxima de uma aula tradicional. Acontece após a tutoria, e o tema do caso clínico é abordado de forma um pouco mais aprofundada pelo professor.
Consultoria
São reuniões onde os alunos apresentam aos professores de diversas disciplinas suas dúvidas a respeito do assunto da semana.
Por que o método PBL é recomendado a estudantes que vão prestar residência médica?
O método PBL apresenta diversas vantagens em relação ao estilo tradicional. Estimular a autonomia, a curiosidade e o autodidatismo do aluno são os principais objetivos aqui.
É a base do PBL.
Além disso, ele promove a integração entre as diversas disciplinas da medicina, o que ajuda na resolução de casos clínicos desde o início da faculdade.
Lembrando que casos clínicos constituem a base de uma prova de residência. Quanto mais contato o aluno tiver com eles, melhor.
Como todo método, o PBL também tem suas desvantagens. Se o aluno tem dificuldade para realizar atividades em grupo, por exemplo, talvez esse não seja o melhor método para ele. Se não tem disciplina para estudar assuntos por conta própria, sem a orientação prévia de um professor, idem.
É um método que geralmente exige mais esforço, mas que, se bem aplicado, pode apresentar melhores resultados.
Como navegar pelo PBL? Veja 5 recomendações para impulsionar seus estudos:
Entenda o caso
O primeiro passo a ser dado é entender todos os dados que lhe foram apresentados junto ao caso clínico.
Se nele aparecem conceitos que você desconhece, esclareça-os primeiro. Anote suas dúvidas ao longo do caso para esclarecer com os professores nas consultorias;
Traga ao foco os problemas
Faça uma lista com todos os problemas relativos ao caso exposto em aula. Dessa forma você se organiza e pode resolvê-los um a um;
Reúna o grupo de discussão
Essa é a chave do PBL: a hora de reunir um grupo de pessoas para discutir todos os problemas listados no caso clínico.
Seus colegas podem vê-los por ângulos que talvez você não tenha enxergado e vice-versa, e essa troca de ideias é essencial para que o PBL funcione.
Busque fontes
Agora que você tem um caso com conceitos esclarecidos, uma lista de problemas a resolver e novos ângulos através dos quais resolvê-los, é hora de ir aos livros.
Eles trarão os conceitos, os sinais e sintomas, a fisiopatologia, a apresentação das doenças e seus tratamentos;
Integre tudo e retorne ao caso
Como passo final, claro, temos a resolução dos problemas. Após a semana de discussões, aprendizado e resolução de dúvidas, você resumirá tudo que aprendeu e aplicará à resolução do seu caso clínico.
Discutirá os resultados com seus colegas e professores, guardando para si tanto o método que utilizou quanto o que aprendeu com ele.
Conclusão
O método PBL é o método de aprendizado que mais tem crescido no Brasil. A faculdade de medicina, em especial, é uma das que se beneficia dele, porque acaba-se emulando um ambiente que será mais ou menos o da vida profissional de um médico.
Ele não é uniforme, porém – cada faculdade pode utilizá-lo com um estilo próprio.
Não se trata de uma fórmula fixa, que será igual em todos os lugares. Algumas, por exemplo, utilizam-no apenas em determinadas disciplinas. Outras, apenas a partir de algum ano específico.
O PBL pode ser um grande aliado na aprovação na residência médica, caso utilizado da forma mais proveitosa possível. Cabe a você, aluno, decidir qual método funciona melhor para o seu aprendizado.
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