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Publicado em
6/6/23

Medicina do Trabalho: residência médica, rotina, remuneração e mais

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Medicina do Trabalho: residência médica, rotina, remuneração e mais

A medicina do Trabalho é uma área em pleno crescimento, com um mercado de trabalho bastante amplo, e por isso, a oferta de emprego também está crescendo. Ela é uma especialidade responsável por cuidar da saúde laboral, entender das questões sociais, demográficas, epidemiológicas e legislativas que envolvem o trabalho. A promoção à saúde é o foco principal desses profissionais. 

Para saber mais detalhes sobre este profissional, a remuneração, a sua rotina, assim como o dia-a-dia da residência médica continue lendo o texto. 

O que é a Medicina do Trabalho?

A Medicina do Trabalho é a área médica responsável por cuidar da saúde do trabalhador, seja ela física ou mental. Esta especialidade avalia as condições de trabalho, os riscos e as doenças relacionadas

Dessa maneira, ela atua na promoção, prevenção e no restabelecimento da saúde das pessoas em seus ambientes de trabalho. Toda a sua atuação é voltada para que o ambiente laboral seja o mais salutar possível, para que de forma alguma seja um local de adoecimento, seja pelas condições do ambiente ou pelas atividades desempenhadas.

Além de precisar saber dos riscos predisponentes para cada atividade laboral, o médico do trabalho fiscaliza as questões de segurança, promove a conscientização sobre acidentes de trabalho, deve ter um conhecimento bastante amplo em Clínica Médica e orienta os trabalhadores sobre como manter hábitos saudáveis. Exames admissionais e demissionais também fazem parte do escopo da Medicina do Trabalho.

Além disso, o Ministério da Educação determina outras responsabilidades do médico do trabalho:

  • Dominar as principais legislações e normas que orientam, a atenção integral à saúde dos trabalhadores;
  •  Participar da organização e gestão dos serviços de saúde, considerando princípios e conceitos de Administração e ferramentas de gestão em saúde;
  • Valorizar as Convenções da OIT - Legislação em Segurança e Medicina do Trabalho - Legislação Sanitária, Trabalhista e Previdenciária. 6. Valorizar a gestão integrada de Saúde, Segurança e Ambiente: normativas, dificuldades e vantagens; instrumentos e controle das informações e indicadores de saúde; e
  • Dominar a elaboração e análise de laudos técnicos referentes à concessão de adicionais de periculosidade e insalubridade, estabelecimento da relação causal da doença com o trabalho, e provas periciais, obedecendo os preceitos éticos.

Quais as características de um médico do trabalho?

Se manter atualizado é essencial para o médico do trabalho e outros especialistas médicos. Foto: Reprodução/ShutterStock
Se manter atualizado é essencial para o médico do trabalho e outros especialistas médicos. Foto: Reprodução/ShutterStock

Ele precisa primeiramente ser muito atento, para perceber todos os aspectos e dinâmicas que envolvem o ambiente de trabalho, para então trabalhar na prevenção em saúde, que é o aspecto principal desta área médica. Um nível de atenção mais apurado também permite a realização de uma anamnese mais detalhada, que ajuda a entender melhor quais são as queixas dos pacientes e o ambiente de trabalho onde ele está inserido. 

Sendo assim, um médico do trabalho precisa ser meticuloso, já que a sua atuação pode fazer total diferença entre o início ou não de um processo de adoecimento por causa de uma atividade laboral. Se manter atualizado também é importante para este profissional médico, uma vez que ele precisa saber das leis e normas trabalhistas, que estão em constante mudança.

Como é a residência médica em Medicina do Trabalho?

A residência médica em Medicina do Trabalho é de acesso direto e tem duração de 2 anos. Durante esta fase os médicos fazem a vigilância em saúde do trabalhador e já começam a atender os trabalhadores. Além de passar por rodízios em empresas e em órgãos públicos, na residência médica em Medicina do Trabalho o médico passa por ambulatórios de especialidades. Isso porque, é preciso saber reconhecer as doenças que impactam diretamente na saúde laboral.

Ademais, o médico do trabalho também passa por serviços com atendimento pré-hospitalar, para que ele tenha a vivência e aprenda a como proceder em casos de acidentes de trabalho.

O que estudar para ser um residente em Medicina do Trabalho?

Para se tornar um residente em Medicina do Trabalho você precisa passar na prova de residência médica de acesso direto, e para isso é necessário um estudo direcionado para a sua banca. Vai ser preciso conhecer assuntos voltados para as 5 áreas básicas que são cobradas: Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Médica, Pediatria e Medicina Preventiva (saúde mental, coletiva, Medicina de urgência e Medicina da Família e Comunidade).

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Qual a grade de estudo de um residente médico em Medicina do Trabalho?

A saúde do trabalhador é o mote principal da residência médica em Medicina do Trabalho. Foto: Reprodução/AdobeStock
A saúde do trabalhador é o mote principal da residência médica em Medicina do Trabalho. Foto: Reprodução/AdobeStock

O Ministério da Educação estabelece uma matriz curricular que rege os dois anos de residência médica em Medicina do Trabalho. Sendo assim, veja a seguir quais são as competências que o médico residente deve ter:

Primeiro ano da residência médica em Medicina do Trabalho

  • Dominar anamnese ocupacional, exame clínico e exames complementares, valorizando a percepção do trabalhador sobre os riscos presentes no trabalho e as repercussões sobre sua saúde
  • Avaliar a aptidão para o trabalho, considerando a atividade a ser desempenhada, as características individuais do trabalhador e as situações de vulnerabilidade ou deficiência, resguardando o sigilo médico
  • Dominar a abordagem de situações de urgência clínicas e traumatológicas
  • Analisar os fundamentos históricos-conceituais sobre processo de trabalho e suas consequências sobre a saúde e o ambiente.
  • Realizar e/ou acompanhar os procedimentos de análise de acidentes e incidentes ocorridos no trabalho, visando sua prevenção
  • Dominar os fundamentos da Epidemiologia e Bioestatística aplicados à medicina do Trabalho
  • Participar da formulação de políticas de saúde e segurança do trabalhador e da gestão do cuidado da saúde do trabalhador, em nível individual e coletivo, considerando as situações de vulnerabilidades e diversidade, valorizando a inclusão social e diversidade

Segundo ano da residência médica em Medicina do Trabalho

  • Dominar o diagnóstico e a análise da situação de saúde dos trabalhadores de um dado território, empresa ou atividades produtivas utilizando instrumental clínico-epidemiológico
  • Analisar e participar da elaboração de planos de contingência e atendimento de trabalhadores em situações de catástrofes naturais e acidentes ampliados
  • Preparar relatórios médicos e técnicos para o trabalhador, por demanda judicial, perícia previdenciária, empregadores, informes para a mídia, entre outros, utilizando linguagem adequada e resguardando as questões éticas
  • Dominar as bases da Saúde Ambiental e suas inter-relações com a saúde dos trabalhadores
  • Recomendar e/ou acompanhar o gerenciamento de riscos para a saúde dos trabalhadores e da comunidade gerados pelos processos de trabalho, considerando a hierarquia das medidas de controle (importância da proteção coletiva versus proteção individual) e o princípio da precaução
  • Dominar o diagnóstico das Doenças do Trabalho: Doenças do Trabalho prevalentes e interfaces com outras especialidades médicas (Dermatologia, Pneumopatia, Hematologia, Otorrinolaringologia, Hepatologia, Neurologia e Neurotoxicologia; Ortopedia e Reumatologia, Câncer Ocupacional)
  • Priorizar as ações de Promoção da Saúde, ética e eficiente, culturalmente adaptados, a partir da avaliação de necessidades e recursos, focados na adoção de estilo de vida saudável, produção de autonomia e com participação dos trabalhadores
  • Dominar a elaboração e análise de laudos técnicos referentes à concessão de adicionais de periculosidade e insalubridade, estabelecimento da relação causal da doença com o trabalho, e provas periciais, obedecendo os preceitos éticos

Como funciona a rotina profissional do médico do trabalho?

A Medicina do Trabalho proporciona uma ótima qualidade de vida aos seus profissionais, principalmente porque, normalmente, eles não têm regime de plantão. Para mais, o nível de estresse é baixo

No seu dia a dia, são responsáveis por elaborar e gerir o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), por exemplo; por atender os trabalhadores, elaborar medidas de prevenção e promoção à saúde e diagnosticar e notificar doenças causadas pelo trabalho, bem como os acidentes laborais. Eles podem trabalhar em empresas ou montar um consultório, para fazer exames admissionais e demissionais, por exemplo. 

Mercado de trabalho e salário

A Medicina do Trabalho é uma área em crescimento, de 2012 a 2022 o número de especialistas foi maior do que 50%, foram registrados em mais de 8.000 médicos. Ela figura entre as 8 especialidades com o maior número de especialistas registrados, são ao total 20.804 profissionais. Mas apesar disso, está entre aquelas com menor número de residentes, embora o número de vagas para a residência médica tenha aumentado.

A área de atuação do médico do trabalho é bastante ampla, ele pode ser consultor, fiscalizar as condições de saúde e segurança do trabalho. Ele pode atuar em ambientes públicos ou particulares, em institutos de pesquisas, como perito judicial e como assessor sindical em saúde do trabalhador.

Vale lembrar que o tamanho da empresa, o grau de risco das atividades laborais e do número de funcionários influenciam diretamente na contratação do médico do trabalho, aumentando o número de vagas de emprego.

Além disso, para aqueles que desejam ser funcionários públicos esta é uma área de escolha. Sobre a remuneração, a média salarial para uma jornada de trabalho de 28 horas semanais é de R$ 9.598,47. O teto salarial pode chegar a mais de 20 mil reais. Esta área médica é majoritariamente masculina, com uma faixa etária acima dos 55 anos. 

Conclusão

Os dois anos de residência médica em Medicina do Trabalho permitem ao residente aprender sobre a legislação trabalhista, aprender a prestar consultoria e a fiscalizar os ambientes de trabalho. Além disso, ele também aprende sobre o manejo das principais doenças laborais, por isso rodam pelos ambulatórios e serviços pré-hospitalares. 

Em relação ao mercado de trabalho, a atuação pode ser em ambientes públicos ou privados, sempre de forma a promover a saúde. 

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