A compreensão dos indicadores de morbidade é fundamental para a avaliação da saúde de uma população e para a tomada de decisões em políticas públicas de saúde. Eles são medidas que quantificam a ocorrência de doenças e agravos à saúde em uma determinada população em um período de tempo.
Esses indicadores permitem identificar as principais doenças e problemas de saúde que afetam a população, bem como suas tendências ao longo do tempo e sua distribuição geográfica e demográfica. A partir dessas informações é possível direcionar esforços para a prevenção e o controle de doenças, além de avaliar a eficácia das intervenções em saúde. Portanto, compreender os indicadores de morbidade é fundamental para garantir a saúde da população e para promover a equidade em saúde.
Morbidade ou Mortalidade?
Os indicadores de morbidade e mortalidade são duas categorias distintas de medidas de saúde. Os indicadores de morbidade são utilizados para descrever a incidência e prevalência de doenças e agravos à saúde em uma população, ou seja, quantificam a quantidade de pessoas que apresentam determinada condição de saúde. Por exemplo, a taxa de incidência de casos de dengue em uma cidade em um determinado período de tempo.
Já os indicadores de mortalidade são utilizados para quantificar o número de óbitos em uma população em um determinado período de tempo, ou seja, a quantidade de pessoas que faleceram por alguma causa específica. Por exemplo, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão em um determinado estado em um ano.
De onde vêm as informações?
No Brasil, existem diversos sistemas de informação em saúde, criados para coletar, processar, armazenar e fornecer informações sobre a saúde da população. São alguns deles:
- Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB): é responsável por coletar e processar informações sobre as atividades realizadas nas unidades de saúde da atenção básica, como consultas, exames, vacinações, entre outros.
- Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM): coleta informações sobre as causas de morte na população brasileira através da Declaração de Óbito.
- Sistema de Internações Hospitalar (SIH): coleta informações sobre as internações hospitalares realizadas pelo SUS, permitindo avaliar o perfil das internações, as causas e os custos.
- Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN): coleta informações sobre as doenças e agravos de notificação obrigatória no país, permitindo a detecção e o controle de epidemias.
- Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA): coleta informações sobre os atendimentos a nível ambulatorial, como a demanda geral e a busca por especialidades.
- Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC): coleta de informações sobre todas as crianças que nasceram vivas a partir da Declaração de Nascidos Vivos.
Incidência X Prevalência
São as duas principais medidas de frequência durante a análise de indicadores de morbidade e mortalidade. A incidência mede a taxa de novos casos da doença em um período de tempo, enquanto a prevalência mede a proporção de indivíduos com a doença em um momento ou período de tempo. Em outras palavras, a incidência leva em consideração apenas os casos novos de uma certa doença, enquanto a prevalência considera os casos novos associados aos casos pré-existentes.
Coeficiente de Prevalência
O coeficiente de prevalência é calculado dividindo-se o número de indivíduos com a condição pelo número total de indivíduos na população. O resultado é geralmente expresso em percentual ou por 1000 habitantes. Geralmente usado para doenças crônicas.
- COEFICIENTE DE PREVALÊNCIA = TOTAL DE CASOS / POPULAÇÃO EXPOSTA
Coeficiente de Incidência
O coeficiente de prevalência é calculado dividindo-se o número de novos indivíduos que desenvolveram a condição pelo número total de indivíduos na população. O resultado é geralmente expresso em percentual ou por 1000 habitantes. Geralmente usado para doenças agudas.
- COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA = NÚMERO DE CASOS NOVOS / POPULAÇÃO EXPOSTA
O que altera esses números?
- Fatores de elevação dos indicadores de morbidade e mortalidade: surgimento de casos novos, imigração de doentes, maior sensibilidade diagnóstica e instalação de sistemas de rastreio.
- Fatores de redução dos indicadores de morbidade e mortalidade: mortes, emigração de doentes e desfecho com cura.
Conclusão
Aqui está uma ilustração didática para um resumir e fixar sua compreensão dos fatores que influencia a prevalência e incidência de uma doença:
Vamos ver uma questão NA PRÁTICA? Abaixo está o link de uma questão explicada pelo Dr. Bruno Kosminsky sobre INDICADORES DE MORBIDADE:
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FONTES:
- Rouquayrol, Maria, Z. e Marcelo Gurgel. Rouquayrol - Epidemiologia e saúde. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th edição). MedBook Editora, 2017.
- Indicadores de Saúde - Morbidade | Cortes de Aulas: Medicina Preventiva