Desde o início da pandemia, inúmeros estudos foram feitos para testar a eficácia da cloroquina e hidroxicloroquina no combate ao coronavírus. No entanto, o que se viu foram resultados mostrando a ineficácia desses medicamentos e efeitos adversos que poderiam levar à morte do paciente. Desse modo, uma meta-análise publicada no último dia 15 de abril, na revista Nature, endossa pesquisas anteriores, afirmando que a hidroxicloroquina aumenta o risco de morte. Além disso, a cloroquina não tem utilidade para o tratamento anti-covídico.
A hidroxicloroquina é uma versão da cloroquina que causa menos efeitos colaterais, sendo a medicação mais utilizada no tratamento de pacientes com malária ou lúpus, por exemplo.
A pesquisa
Sendo o propósito da meta-análise fazer uma avaliação global das mais diversas pesquisas já feitas sobre um determinado objeto de estudo, essa da revista Nature teve como base ensaios clínicos como o Recovery e o Solidarity. Eles estavam entre os 26 estudos para avaliar o uso da hidroxicloroquina (com 10.012 indivíduos) e entre os quatro para avaliar o uso da cloroquina (com 307 indivíduos). Vale salientar que a maioria dos trabalhos (79%) foram realizados em ambiente pré-hospitalar.
Os pesquisadores se concentraram em observar a mortalidade entre os pacientes com Covid-19. Com isso, mostraram que 606 das 4.316 (14%) pessoas tratadas com a hidroxicloroquina foram a óbito. Já entre o grupo controle, a taxa de mortalidade ficou em 16,9% (960 das 5.696 pessoas faleceram).
Diante disso, foi possível perceber que o fármaco pode matar os pacientes com a doença. Dos 160 indivíduos tratados com o outro remédio, 18 (11%) faleceram e, entre o grupo controle, o percentual de óbitos ficou em 8%. Esses dados mostram que a administração da cloroquina não serve para o tratamento contra o coronavírus, ela não diminui o índice de mortalidade.
Para mais, a maioria das pesquisas analisadas excluíram crianças, gestantes e lactantes. E ainda, boa parte delas também excluíram pessoas com comorbidades que elevariam o risco de efeitos adversos ao fazer uso de uma das duas drogas.
Ensaios clínicos já demonstravam a ineficácia da hidroxicloroquina e da cloroquina no combate ao coronavírus
Resultados da pesquisa
A meta-análise publicada na revista Nature avaliou dados do ensaio clínico Recovery, encabeçado pela Universidade de Oxford e divulgado no ano passado, em 22 de maio. Eles concluíram que as pessoas infectadas pelo SARS-COV-2, quando tratadas com a hidroxicloroquina ou a cloroquina tinham mais chances de terem arritmias cardíacas. E mais: a terapêutica com o primeiro medicamento poderia causar a morte dos pacientes.
Além de resultar num período mais longo de internação e de aumentar a probabilidade de evolução para ventilação mecânica invasiva. Um outro ensaio, o Solidarity, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), também indicou que a hidroxicloroquina não era capaz de diminuir os índices de mortalidade da Covid-19. E ainda deixou claro que a sua utilização poderia causar efeitos adversos, a exemplo dos distúrbios cardíacos.
Conclusão
Aqui no Brasil, o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Donizette Giamberardino, afirmou que não recomenda ou aprova nenhum tratamento precoce contra a doença. No entanto, o CFM fez uma autorização fora da bula (‘off label’), pela qual os médicos prescrevem as drogas em certas situações, devendo haver consentimento entre o médico e o paciente.
Ainda assim, Donizette alerta que, se a prescrição for inadequada e trouxer algum prejuízo ao paciente, o médico pode responder legalmente por isso.
FONTES: