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Publicado em
19/7/24

Febre do Oropouche: epidemiologia, sintomas e como tratar

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Febre do Oropouche: epidemiologia, sintomas e como tratar

A Febre do Oropouche é uma arbovirose que tem ganhado destaque em regiões tropicais da América do Sul, especialmente na Amazônia. Embora não seja tão conhecida quanto outras doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue e a zika, a febre do Oropouche representa uma preocupação crescente devido à sua capacidade de causar surtos e a sua ampla distribuição geográfica. Nesse texto iremos abordar as suas principais características.

O que é a febre do oropouche?

A Febre do Oropouche é uma arbovirose causada pelo vírus Oropouche (OROV), pertencente à família Bunyaviridae e ao gênero Orthobunyavirus. O nome da doença deriva do rio Oropouche, localizado no estado do Pará, Brasil, onde foi identificada pela primeira vez em meados da década de 1960.

Epidemiologia da febre do oropouche

A doença é endêmica em várias regiões da América do Sul, incluindo Brasil, Peru, Bolívia, Suriname e Trinidad e Tobago. No Brasil, a maior incidência ocorre na região Amazônica, com casos esporádicos relatados em outros estados. A transmissão da febre do Oropouche geralmente ocorre em áreas rurais e periurbanas, onde as condições ambientais favorecem a reprodução de mosquitos vetores.

A descrição epidemiológica da doença normalmente é a que foi exposta acima, mas a realidade no Brasil mudou desde o início de 2024. Se antes restrita a região Norte, a febre do oropouche está sendo registrada em vários estados do país. Sendo assim, até 16 de julho, nove estados registraram casos, muitos deles jamais haviam registrado a doença anteriormente. No país inteiro, foram registrados 7.688 casos até data mencionada anteriormente.

A Bahia (790), Espírito Santo (374) e Santa Cantarina (135) são as Unidades da Federação que mais registraram casos. Eles são acompanhadas de Minas Gerais (83), Mato Grosso (83), Rio de Janeiro (58), Piauí (19), Pernambuco (9) e Maranhão (3).

Atualmente, existem dois casos suspeitos de transmissão vertical, e, por isso, é recomendado, dentre outras coisas, que as gestantes usem roupas que cubram a maior parte do corpo e usem repelentes nas partes expostas, evitem lugares com muito mosquito e coloquem telas em portas e janelas.

Como é a transmissão?

A transmissão da Febre do Oropouche ocorre principalmente através da picada de mosquitos vetores infectados, sendo o principal vetor o mosquito Culicoides paraensis, também conhecido como mosquito-pólvora. Esse mosquito é conhecido por sua preferência por ambientes úmidos e de vegetação densa, o que contribui para sua presença em áreas florestais e próximas a rios e lagos.

Imagem ilustrativa do Culicoides paraensis, mosquito transmissor da febre do Oropouche
Culicoides paraensis. Fonte: Primeira página 

Existem 2 ciclos de transmissão: No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiças e macacos são os principais hospedeiros do vírus. Já no ciclo urbano os humanos são os principais hospedeiros do vírus.

Sintomas da febre do oropouche

Os sintomas da febre do Oropouche são similares ao de outras arboviroses, como a dengue e a chikungunya, geralmente aparecem entre 4 e 8 dias após a picada do mosquito infectado. A doença é caracterizada por febre aguda, dor de cabeça intensa, artralgia e mialgia, além de outros sintomas como dor retro-ocular, fadiga, náuseas, vômitos e diarreia. Em alguns casos, podem ocorrer manifestações neurológicas, como meningite asséptica, principalmente em pacientes imunodeprimidos.

Alguns pacientes podem apresentar uma recidiva do quadro, com a manifestação de todos os sintomas ou apenas o quadro de febre, cefaleia e mialgia após 1 a 2 semanas do começo do quadro inicial. O quadro possui uma evolução benigna e sem sequelas, com os sintomas durando por volta de 2 a 7 dias.

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Diagnóstico

O diagnóstico é realizado principalmente através de testes laboratoriais, como a detecção do RNA viral por técnicas de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em amostras de sangue ou outros fluidos corporais, além disso o diagnóstico também pode ser realizado por exames sorológicos. A utilização do método PCR é realizado no início da doença, já em quadros mais tardios se dá preferência pela sorologia.

Como tratar a febre do oropouche?

Não existe tratamento específico para a febre do Oropouche, sendo o manejo dos sintomas a principal abordagem terapêutica. Os pacientes são frequentemente orientados a repousar, manter-se hidratados e fazer uso de medicamentos para alívio da febre e das dores, como paracetamol e dipirona. Em casos mais graves, pode ser necessária a hospitalização para monitoramento e suporte clínico adequado.

Prevenção

A prevenção da febre do Oropouche envolve medidas voltadas para o controle de mosquitos vetores e a proteção individual contra picadas. Medidas de controle de vetores incluem a eliminação de criadouros de mosquitos, como recipientes que acumulam água parada, e o uso de inseticidas para reduzir a população de mosquitos adultos. Já a proteção individual pode ser alcançada através do uso de repelentes de mosquitos, roupas de manga comprida e telas em janelas e portas.

Conclusão

A febre do Oropouche é uma doença viral emergente que representa um desafio para a saúde pública em regiões tropicais da América do Sul. Com sua ampla distribuição geográfica e potencial para causar surtos, é fundamental que medidas de vigilância e controle sejam implementadas para prevenir a disseminação da doença.

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FONTES:

  • Ministério da Saúde, 2024.
  • EPIDEMIOLOGIA, diagnóstico e tratamento da febre de Oropouche no Brasil: revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Review, [s. l.], 2021