Estudo
Publicado em
25/3/21

Exame genético pode auxiliar no rastreamento do câncer de mama

Escrito por:
Exame genético pode auxiliar no rastreamento do câncer de mama

Dois grandes estudos publicados no periódico The New England Journal of Medicine, no dia 20 de janeiro, apresentaram novidades sobre mutações genéticas que predispõem ao câncer de mama. As análises mostraram mutações de genes específicos em mulheres sem fator de risco familiar para a doença. Diante disso, as descobertas feitas ajudam a estabelecer uma nova maneira de estimar o risco para o tumor.

Essas pesquisas ampliaram o painel genômico para detecção do câncer de mama. Assim, constataram que 30% das modificações genéticas ocorriam em mulheres com baixo risco para o câncer de mama. No entanto, atualmente, o exame genético é realizado apenas em pessoas que possuem algum histórico familiar, tanto no Brasil, quanto nos EUA.

E ainda, mulheres que foram acometidas por esse tipo de neoplasia ou pelo câncer de ovário, falando exclusivamente do Brasil. Os dois estudos apresentaram mutações ou variantes patogênicas para oito genes (BRCA1, BRCA2, PALB2, BARD1, RAD51C, RAD51D, ATM e CHEK2). Dentre elas, as mais comuns são as modificações relacionadas ao BRCA1 e ao BRCA2.

Com a identificação de outros genes, sobretudo, o ATM e o CHEK2, o rastreamento da doença pode começar a ser feito através da ressonância, já aos 40 anos. Além disso, estratégias como terapias antiestrogênicas (tamoxifeno e raloxifeno) ou inibidores de aromatase, podem ser viáveis para um manejo de risco. Isso porque, esses dois genes são positivos para receptores de estrogênio.

1º estudo:

O estudo foi realizado nos EUA, com 32.247 mulheres diagnosticadas com o tumor de mama (casos) e 32.544 pacientes sem diagnóstico para a doença (grupo controle). Ele foi conduzido pelo consórcio Cancer Risk Estimates Related to Susceptibility (CARRIERS) e analisou dados de 17 estudos epidemiológicos. Desse modo, houve o sequenciamento de variantes patogênicas de 28 genes que predispõem ao câncer de mama.

Diante disso, de maneira geral, a predominância das variantes em 12 genes considerados clinicamente acionáveis foi de 5,03% nas pessoas com o tumor e de 1,63% entre o grupo controle. Esse predomínio também foi observado entre mulheres de origens diferentes nos dois grupos.

Assim, a porcentagem foi semelhante entre as brancas e negras não hispânicas e entre as hispânicas também. Entretanto, a prevalência das variantes patogênicas entre as mulheres com a neoplasia, foi menor entre as que tinham descendência asiática (1,64%).

BRCA2, CHEK2 e BRCA1 foram os genes com as variantes mais comuns quando analisaram o grupo dos casos. Além disso, mulheres com mutação no BRCA1 têm o risco para o tumor de mama aumentado em 7,5 vezes. Já quando falamos na mutação do BRCA2, o risco é um pouco menor, mas ainda assim é significativo, equivalente a mais de cinco vezes. As variantes encontradas nesses genes aumentam as chances de desenvolver a doença ao longo da vida em cerca de 50%.

Ao contrário do que se vê no gene PALB2. As modificações dele aumentam o risco de ter a doença em aproximadamente 32%. No entanto, eles 3, mais os genes ATM e CHEK2, estão associados a um risco absoluto (de mais de 20% até os 85 anos) das brancas não hispânicas terem essa neoplasia ao longo da vida. Ademais, também foi observado que o tipo de câncer de mama varia conforme o gene mutado.

2º estudo:

Esta pesquisa foi liderada pela Dra. Lilian Dorling, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Para análise foram sequenciados 34 genes que aumentam o risco para desenvolver o tumor mamário. A população de estudo aqui foi bem maior, contando, assim, com a participação de 60.466 pacientes com o tumor e 53.461 mulheres sem diagnóstico.

O risco de ter o tumor foi significativo para aquelas pessoas que possuíam cinco genes específicos: ATM, BRCA1, BRCA2, CHEK2 e PALB2, de maneira geral.  Especificamente para os genes BRCA1, BRCA2 e PALB2 o risco foi considerado alto. Já os genes ATM, BARD1, CHEK2, RAD51CC e RAD51D foram colocados na categoria de risco moderado. Assim como na primeira pesquisa, a especificidade do tumor varia de acordo com a mutação genética.

Dessa maneira, alterações no ATM e no CHEK2, foram ligadas a um risco de desenvolvimento de câncer de mama positivo para o receptor de estrogênio. Já as mutações no ARD1, BRCA1, BRCA1, PALB2, RAD51C, e RAD51D estavam ligadas a uma maior chance de desenvolver o câncer de mama negativo para o receptor do hormônio feminino.

Conclusão

Para mais, os pesquisadores dos dois estudos apontam que, análises como essas podem auxiliar não só no rastreamento dessa neoplasia, como também podem ajudar na prevenção reduzindo a necessidade de cirurgia e da utilização de medicamentos. Além do mais, fornecem dados importantes para a avaliação do risco.

FONTES: